terça-feira, 30 de março de 2021

DA PÁSCOA DOS FILHOS DE ISRAEL

 


A celebração da Festa da Páscoa entre os filhos de Israel é o ponto alto de seu calendário litúrgico e também o mais significativo evento de demonstração da fé nacional e pessoal.  É uma cerimônia familiar revestida de uma mistura de lembranças, esperanças, celebração, nostalgias, sensações, ditos, profecias, liturgias sagradas e simbolismos ocultos e revelados.  Normalmente se celebra entre canções, orações, comida, poesia, companhia, fraternidade, aconchego, leituras e recitações de textos e frases sagradas.

Alguns elementos contidos na Páscoa dos filhos de Israel não foram introduzidos nas celebrações cristãs, mas mesmo assim podem trazer lições que fortalecem nossa fé, culto e esperança ainda hoje.

O texto de Êx 12 que narra como o próprio Senhor instituiu a Páscoa naquele momento de saída – passagem – do Egito nos apresenta pelo menos dois destes elementos: quanto ao conteúdo e quanto à forma.

Quanto ao conteúdo: a festa deveria ser comida acompanhada de ervas amargas (Êx 12:8).  Em meio à comida e bebida – símbolos de alegria – as ervas ali presente deveriam manter viva a lembrança dos anos amargos vividos no Egito e que se findaram no êxodo.

Hoje, como um fel em nossa boca, devemos ainda lembrar o tempo em que fomos escravos pelo pecado e como isso nos foi amargo, para que a alegria da libertação oferecida por Cristo Jesus possa sempre ser evidenciada em nossas celebrações e para que nunca mais sequer uma nuvem de saudade pese sobre nossa nova vida cristã.

Já quanto à forma da celebração, a instrução era para que comesse prontos para sair (Êx 12:11): o cajado na mão, o cinto no lombo e comendo com pressa.  Esta forma de comer deveria sempre lembrar aos filhos de Israel que já havia chegado o momento de Deus interferir e agir na história deles e que o povo deveria estar preparado para ir com o Senhor para a terra prometida.

O sentido de pressa também tem que estar presente no modo de viver e celebrar nossa vida e fé.  Agora é o tempo de Deus intervir e agir em nossa história e devemos estar em prontidão e em condição de participar desta ação miraculosa do Senhor.  Ele tem demonstrado que está intervindo em favor do seu povo e devemos celebrá-lo prontos para a jornada.

Que o Senhor nos faça celebrar como os antigos filhos de Israel.

(Publicado originalmente no sitio ibsolnascente.blogspot.com em 14/08/2009)

sexta-feira, 26 de março de 2021

Série Mulheres da Bíblia – DORCAS, A DEDICADA

  


Uma das marcas da igreja primitiva foi seu notável cuidado com os mais necessitados.  A comunidade cristã estava se desenvolvendo entre camadas mais humildes da sociedade e muitos ali além de compartilharem a fé, também compartilhavam cuidados e provisões.

Um dessas cristãs era Dorcas – que é citada no Livro de Atos dos Apóstolos.  Ali, porém, em apenas poucos versículos, muita coisa não é dita.

Só que a citação dela e a reação que provocou na igreja, certamente me chamam a atenção.  Então eu vou tentar ir ao início do cristianismo para procurar conhecê-la melhor.

Aceita vir comigo?

Agora estou em Jope, a cidade portuária onde mora Dorcas.  Aqui uma crescente comunidade cristã floresce e é assistida em suas necessidades básica.

Contudo, um infortúnio atingiu essa comunidade: a prestativa e dedicada Dorcas, que com sua costura se empenhava em suprir os carentes com roupas, depois de um mal súbito, veio a falecer.

O seu corpo então recebeu os preparativos para os ofícios fúnebres.  Mas com a notícia de que o apóstolo Pedro estava em Lida, cidade vizinha (pouco mais de 20 quilômetros), todos estão animados com a possibilidade de que sua vinda possa remediar a situação.

A perda de uma mulher como Dorcas para aquela comunidade é uma falta irreparável!

Com a chegada de Pedro, as viúvas que até então estavam sendo assistidas pela dedicada Dorcas, o cercam e mostram o resultado do trabalho esmerado dela e, chorando, tentam demonstrar o vazio que sua falta fará.

Mais que qualquer discurso ou eloquência, mais que posturas doutrinárias ou eficiência evangelística; o que faz Dorcas se destacar nessa igreja é seu zelo cuidadoso por aqueles que mais precisam.  Assim ela evidencia a sua fé.

Pedro então tira todos do quarto.  Depois eu fico sabendo que com uma oração e uma ordem Dorcas é trazida de volta a vida.  E esse fato já está se espalhando na cidade e muitos já estão se achegando a Cristo por esse testemunho.

Saber que a igreja começou e se fortaleceu desde o primeiro século através da dedicação de mulheres como Dorcas, é o que me faz continuar certo que o amor é o que nos caracteriza.

Que eu possa também aprender com ela.

 

Leia mais sobre as mulheres da Bíblia

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terça-feira, 23 de março de 2021

Jesus Cristo e a Doutrina

  


Embora o ensino de Jesus fosse idêntico ao dos rabinos de sua época, em virtude de elemento formal, o ministério doutrinal de Cristo assumiu, contudo, um caráter absolutamente único. 

Jesus testemunha de si mesmo, donde resulta sua suprema autoridade (Jo 5:31-38), que vai impressionar os seus ouvintes (Mc 1:22).  Quando Jesus ensina, encarna a própria vontade de Deus.  Sua autoridade é superior à dos profetas.  Estes afirmavam: “Assim diz o Senhor”; Jesus, porém, declarava: “Eu vos digo” (Mt 5:22). 

A graça e a verdade vieram por Jesus (Jo 1:17).  “E todos se admiraram, a ponto de perguntarem entre si, dizendo:  Que é isto?  Que nova doutrina é esta?  Pois com autoridade ordena aos espíritos imundos e eles lhe obedecem” (Mc 1:27).

No confronto de Jesus com os judeus e fariseus, temos pelo menos, três textos de vital importância:

1. João 7:16-17 – Cristo revela que sua autoridade procede do Pai, fonte de toda autoridade e elemento aferidor de toda verdadeira doutrina.

2. Mateus 16:12 – Jesus adverte os seus discípulos contra o “fermento dos fariseus e saduceus”.  De início, os discípulos não compreenderam.  Depois, porém, concluíram que deveriam guardar-se “da doutrina dos fariseus”.

3. Mateus 15:1-9 – É o libelo de Jesus contra os escribas e fariseus e o seu tradicionalismo vazio, inútil e pernicioso.  “Pela vossa tradição invalidais o mandamento de Deus” (v. 6) e ensinais “doutrinas que são preceitos humanos” (v. 9).

Se Jesus estava preocupado com esse tema, por que vamos desprezá-lo em nossos dias?

 

Texto escrito pelo Pr. José de Almeida Guimarães na década de 1980

sexta-feira, 19 de março de 2021

Série Mulheres da Bíblia – ABISAGUE, A CUIDADORA

 

No final de sua vida, o texto bíblico relata que o rei Davi precisava de cuidados especiais.  Então seus servos foram buscar alguém que cuidasse do rei em sua velhice.  Seu nome era Abisague.

Mas quem foi essa mulher? 

Talvez o texto só faça referência a ela por ter estado ao lado do grande Davi, ou ter sido vítima do assédio de Adonias.  Porém limitá-la a isso, penso que seria um desrespeito.

Então quero voltar ao palácio real em Jerusalém para acompanhar o movimento dos cortesãos e procurar descobrir algo sobre essa mulher.

Vamos tentar.

Com certeza, sobre a origem de Abisague, é dito apenas: uma jovem de Suném, uma região nas terras de Issacar, no vale de Jezreel.

Olhando aquela garota, ela é linda e Adonias a está cobiçando.  Também buchichos palacianos dão conta de que Salomão vai escrever seus Cantares pensando nela (mas isso são só conversas, nada é comprovado).

Assim, não quero me focar nessa informação, até porque sua aparência física não pode servir nem de pretexto, nem ocasião para ser tratada como troféu – como o quer fazer Adonias.  Ela é uma mulher e com esse valor deve ser tratada.

Abisague então está cuidando do rei.  Ela não é uma acompanhante sexual do velho para lhe atender os seus desejos.  A garota é uma eficiente e prestativa cuidadora de idoso que providencia para ele uma velhice honrada e digna.  Ela é uma companheira de valor inestimável para Davi nesse momento de fragilidade.

No contexto todo, observando Davi aos cuidados de Abisague, o que mais me chama a atenção é todo o ambiente de respeito e dignidade (acho que o termo dignidade é o melhor para descrever o que estou observando).  Sim, dignidade.  Abisague é digna em seu ofício de acompanhar e cuidar do rei e por isso atribui dignidade a um homem também digno (Adonias não merece o mesmo tratamento).

Toda a dedicação e cuidado que aquela jovem sunamita presta ao ser companheira do agora lendário rei Davi, faz dela uma mulher que merece todo o meu reconhecimento.  E eu posso ver além de estereótipos e a perceber como uma mulher de valor próprio.  Valor que é expresso no cuidado de alguém que dela precisa.

Que eu possa também aprender com ela.

 

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terça-feira, 16 de março de 2021

DA VITÓRIA AO FRACASSO – A trajetória de Saul

 

O benjamita Saul está lá história de Israel.  Rei ungido e líder nacional.

Da trajetória de Saul, o que nos chama mais atenção é a mudança no seu espírito.  Ela nos mostra como as atitudes humanas podem nos tornar alvos de bênçãos, ou nos afastar daquilo que Deus tem para nós.

Acompanhe a sequência, como narrada no primeiro livro de Samuel:

 

# 8:6 – O povo pede um rei;

# 9:16 – O Senhor escolhe a Saul para ser rei e o envia ao encontro de Samuel;

# 10:1 – Samuel unge a Saul como primeiro rei de Israel;

# 10:6 – Com a unção, o Espírito do Senhor se apoderou de Saul;

# 11 – Saul conquista várias vitórias militares e tem o seu reinado confirmado;

# 13:13-14 – O profeta Samuel repreende o rei Saul por ele ter oferecido um holocausto indevido ao Senhor;

# 14:24 – Saul faz um juramento tolo e desnecessário;

# 15:8 – Uma ordem direta de Deus não foi obedecida por Saul ao poupar a vida do rei e dos rebanhos amalequitas;

# 15:12 – Saul manda erguer um monumento em sua própria homenagem;

# 15:15 – O rei Saul mente sobre os rebanhos dos amalequitas;

# 15:21 – Ele apresenta uma desculpa tola para não ter cumprido a ordem;

# 15:26 – Deus anuncia a rejeição de Saul;

# 16:14 – O Espírito do Senhor se retira de Saul e enche Davi.

 

Saul foi escolhido por Deus mas deixou que a soberba e a arrogância lhe enchessem o coração.  Isto foi a porta de entrada de outros tantos pecados que acabaram por levá-lo para bem longe dos planos de Deus e por fim a sua completa rejeição (lembre-se de que a morte de Saul veio com um humilhante suicídio – 1Cr 10:1-14).