terça-feira, 15 de abril de 2025

A CRUZ ESQUECIDA



Dia desses, mexendo num quarto de depósito em casa, eu me deparei com uma velha cruz de madeira, empoeirada e esquecida em meio a outras tantas coisas empilhadas.

Estava procurando algo que depois nem foi mais importante e vi uma ponta da madeira.  A princípio nem percebi do que se tratava, mas, depois, tirando outros itens amontoados de cima, pude vê-la ali.

(A foto está aí para registrar o achado)

Foi fácil então lembrar sua história: aquela cruz de madeira me serviu para uma decoração por ocasião da Páscoa há alguns anos.

Mas o tempo passou e a cruz foi para o depósito. E ali ficou esquecida...

 

Obviamente as engrenagens teológicas de minha mente começaram a se mover!  E enquanto se moviam, quase que por intuição, comecei a cantarolar uma velha canção (é tremendo o poder das antigas melodias):

 

Sim, eu amo a mensagem da cruz
Até morrer eu a vou proclamar
Levarei eu também minha cruz
Até por uma coroa trocar.

 

Uma cruz esquecida! Um paradigma da vida cristã!  Pode ser!

 

Que a cruz é símbolo cristão, hoje não restam dúvidas. E por falar nisso, em 2016 eu escrevi uma reflexão sobre o sinal da cruz na qual eu enfatizei:

 

"A cruz nos identificou, demarcou nossos espaços sagrados, deu-nos sentido histórico e esperança escatológica.  A cruz nos fez o que somos: cristãos."

(Esse texto está no meu livro "Parábola das Coisas".)

 

As engrenagens teológicas continuaram girando...

 

Talvez no começo de nossa caminhada cristã, ou quando algo reacendeu o pavio espiritual, tenhamos atentado para o madeiro do Calvário com significativo olhar de gratidão por ser ele o lugar onde minha maldição foi cravada, minha vergonha exposta e meu pecado perdoado (considere Gl 3:13; Hb 13:13; 1Pe 2:24).

Mas a agenda cheia – inclusive e principalmente eclesiástica –; as prioridades e urgências acumuladas; e talvez o pior de tudo, o desgaste do memorial transformado em rito pelo rito (leio com perplexidade a reprimenda à Igreja de Éfeso em Ap 2:4-5); tudo isso tenha levado a cruz para um depósito empoeirado de minha vida e existência cristã.

Eu sabia que ela estava lá, fui eu mesmo que a pus ali.  Só que, de verdade, eu nem mais pensava nela.  Ela estava esquecida, guardada, entulhada.

E assim tem sido o Cristianismo da cruz esquecida.  A cruz sempre estará lá – mas no depósito do fundo.  Ela teve seu papel e momento na história – mas foi deixada sob outras quinquilharias religiosas.  A cruz já não é nossa referência – ficou guardada.

Negar-se a si mesmo e tornar a cruz teve de ceder a primazia a outras agendas.

 

É aqui que o apóstolo Paulo nos desafia insistentemente:

 

"Para mim, porém, que nada me venha a ser motivo de orgulho, somente a cruz do Nosso Senhor Jesus Cristo; pois foi nessa cruz que o mundo foi crucificado para mim, e eu para ele" (Gl 6:14).

 

E quanto à cruz esquecida no meu depósito?  Esse ano pretendo tirá-la de lá e trazê-la de volta para a porta de entrada de minha sala principal.

 

Antes de finalizar: algumas sugestões de leituras pascais:

 

Sobre a vergonha da cruz – O VITUPÉRIO DE CRISTO link

Sobre a preparação – TEMPO DE QUARESMAlink

Sobre minha relação com a cruz – EU MATEI JESUSlink

 Sobre o Getsêmani – NO JARDIM DO GETSÊMANI – link

 

No YouTube, para ouvir mensagens sobre a Páscoa e a vitória sobre a morte:

 

QUANDO TERMINOU OSÁBADOlink

JESUS DESEJOU COMERlink

 HÁ UM MOMENTO PARA ESTAR SÓ – link

 

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