terça-feira, 29 de abril de 2014

SÉRIE MÚSICAS NAS IGREJAS

Na última sexta-feira a Orquestra Sinfônica de Sergipe – ORSSE esteve tocando no templo de nossa Igreja aqui em Aracaju.  Foi um privilégio.  A Orquestra tem um projeto – ou algo parecido – que eles chamam de Série Músicas nas Igrejas, quando eles levam a música erudita orquestrada para ser executada nos templos das igrejas.  Desta feita foi no templo da Primeira Igreja Batista de Aracaju.
Que noite excepcional! Diferente.  Foi realmente muito bom ouvir aqueles acordes.  A casa estava repleta.  Havia gente que não estava acostumada a ouvir este tipo de música e gente que dificilmente frequenta templos evangélicos.  Sei que foi bom para ambos.  E a Orquestra Sinfônica de Sergipe esteve brilhante naquela noite, sob a batuta do Maestro Guilherme Mannis.
Não posso aqui deixar de destacar o casamento perfeito na escolha do repertório.  Três alemães de nascimento que fizeram de suas obras músicas magníficas para um Deus grandioso.  E tocá-los juntos numa mesma noite em nossa igreja foi maravilhoso.
Foram apresentada apenas três peças.  Não havia necessidade de mais.  A primeira foi a introdução do oratório "O Messias" de Handel.  Já tive a oportunidade de escrever sobre esta obra (acesse aqui: O Messias e leia mais).  Dispensa maiores apresentações.
A segunda peça da noite foi o "Concerto de Brandemburgo" nº 4 em sol maior de J.S. Bach.  Obra composta no início do século XVIII em três movimentos, com direito a cravo no centro do palco (como eram as apresentações barrocas) e solos de violino e flauta.
O Concerto já começa com um alegro (seguem-se andante e presto) e nem precisava a orquestra estar ali completa – e não foi carência da ORSSE, Bach compôs assim mesmo – a música é completa por si só. 
Mas deixemos as notas técnicas de lado e vamos à música.  Nomear o luterano Bach como genial é ser simplório.  A sua música é sublime, gostosa de ouvir e vai mexer lá na alma.  Ouvi-lo sempre será uma inspiração.  E como foi maravilhoso perceber o santuário cheio dos acordes barrocos de Bach!
Na música, o que se ouve é um diálogo muito interessante entre os protagonista: flautas e violino parecem estar conversando, e mais que isso, estão nos convidando para apenas sentar e ser envolvido pelo estado de arte.
A última peça da noite foi a Sinfonia nº 5 em ré maior de Felix Mendelssohn, também conhecida como a Sinfonia da Reforma.  Esta música foi composta em 1830 para as comemorações dos 300 anos da Confissão de Augsburgo – marco da Reforma Protestante alemã – e não é difícil perceber em seus compassos as referências ao espírito e as ideias que moveram o movimento do século XVI mas também, e principalmente, ouvir Mendelssohn prestando tributo a Bach.
A sinfonia é envolvente e exuberante e quando em meio às notas musicais é possível reconhecer o tema de Ein’ feste Burg ist unser Gott – o nosso já conhecido Castelo Forte, de Lutero – dá até vontade de ficar de pé e cantar junto a melodia, como um ato de louvor e gratidão pela herança da reforma expressa em música.
E então, seguiram-se os aplausos merecidos.

Parabéns, Orquestra Sinfônica de Sergipe, e pessoalmente gostaria de vê-los outras vezes em nossa igreja.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

MULTIFORME SABEDORIA DE DEUS

Há uma expressão bíblica que pode ser lida exclusivamente na Carta aos Efésios: a multiforme sabedoria de Deus (em grego: η πολυποικιλος σοφια του θεου).  No texto o apóstolo destaca que Deus em sua sabedoria, que se apresenta de muitas formas diferentes, resolveu manifestar sua graça nos fazendo participantes da herança de Cristo.
Porém aqui eu quero me dar a liberdade de usar a expressão de forma completamente diferente da usada no texto do Novo Testamento.  Sem ofender, em hipótese alguma, a riqueza do fraseado que diz de maneira explícita que Deus manifesta para nós sua sabedoria sempre de maneira múltipla.
Então, sem muita cerimônia, proponho o desafio de listar como posso observar a multiforme sabedoria de Deus.  Veja algumas listas.
Goiaba, caju, acerola, carambola, pitomba, manjelão, tangerina, manga, sapoti, jambo, mangaba, pitanga, cajá, fruta-pão, maracujá, abacaxi, coco
Papagaio, maracanã, periquito, calopsita, arara, jandaia, cacatua, tuim
Pau-darco, acácia, nogueira, maçaranduba, ipê, jacarandá, mogno, jatobá, escurial, pau-brasil, peroba, beribá, andiroba
Cidreira, capim-santo, mastruz, boldo, erva mate, camomila
Rosa, lírio, crisântemo, orquídea, girassol, margarida, jasmim, violeta, amor-perfeito, azaleia, alecrim, dália
Manjericão, hortelã, cebolinha, coentro, alface, espinafre, acelga, alcachofra, brócolis, couve, aipo
Galo, pato, pavão, ganso, peru, cocá, marreco
Quer acrescentar algo?

E que me desculpem os biólogos, teólogos, ecólogos (que trem é isso?), mas entendo que assim se manifesta a multiforme sabedoria de Deus entre nós e o louvamos por cada uma delas.

terça-feira, 22 de abril de 2014

CASSIANE E A HARPA CRISTÃ

Andei procurando material sobre a Harpa Cristã – HC, tradicional hinário da Assembleia de Deus: partituras, gravações, arranjos ou outras coisas interessantes.  Conversei com alguns livreiros aqui de Aracaju.  Consultei outros irmãos de fé.  Mexi na internet.  Cheguei então a Cassiane e a sua gravação da Harpa.  E o que vi e ouvi merece a citação.
Mas acho que antes cabe uma apresentação dupla e rápida.  (1) A Harpa Cristã é o hinário oficial da CGADB, porém usado também em diversas igrejas de linha pentecostal, existe desde o ano de 1922 e na versão mais atualizada consta de 636 composições, entre brasileiras e traduzidas.  (2) Sobre Cassiane, penso ser bastante apenas apresentá-la como uma cantora brasileira da Igreja Assembleia de Deus.
Também devo dizer que gosto de boa música (mas, vá lá, sei que este conceito é naturalmente bastante discutível!).  E como tem boa música na HC! Algumas ela compartilha com outros hinários também tradicionais entre as igrejas evangélicas brasileiras, até por fazerem parte de nossa herança comum.  Mas há alguns outros que eu só conheço na Harpa. 
Bem, sei que alguns também já gravaram a Harpa.  Merece citação a interpretação de Feliciano Amaral.  Para mim um clássico que ainda guardo entre as que ouço com devoção.  Agora imagine esta riqueza espiritual e musical na voz de Cassiane, e com o jeito próprio de uma celebração da 'bleia'?
Esta é a gravação que Cassiane fez em 2010 (em CD e DVD).  Em linhas gerais, o trabalho consta de doze hinos, entre eles alguns daqueles que eu chamei há pouco de herança comum, como Alvo mais que a neve (nº 39 do HC ou 123 do CC), A mensagem da cruz (nº 291 da HC, ou 132 do HCC), e Sossegai (nº 478 da HC ou 328 do CC).  E outros hinos que me remetem bem à Harpa Cristã: Uma flor gloriosa (nº 196 da HC) e Solta o cabo da nau (nº 467 da HC – este cantam na minha igreja, mas acho que alguns nem sabem que é da Harpa).
Mas, para mim, o ponto alto é a interpretação do Canto do pescador (nº 149 da HC).  São seis estrofes e mais um refrão – fiel ao hinário.  Só que é canção tão boa – tem letra significativa, melodia gostosa e ritmo seguro – que dá vontade de ouvir, ouvir, e ouvir de novo.  E o melhor, contagia a cantar junto.  Isso é música.  Isso é adoração.  Isso é arte.  Isso é experiência cristã.
Que Deus lhe abençoe, irmã em Cristo Cassiane.  E que o Senhor da pescaria me conceda poder também cantar, ao final da jornada: Acabando de pescar, e deitado a pensar, tenho gozo pelo tempo que gastei; pois terei um galardão pela pesca, em Sião, pelas almas que no mundo eu ganhei.

terça-feira, 15 de abril de 2014

TOTALMENTE RECRIADOS EM CRISTO – Mensagem da Páscoa de 2014

Este é o dia no qual os discípulos, apavorados e escondidos atrás das portas, se uniram na comunhão da infelicidade.  No luto, compartilharam a solidariedade da perda; na tristeza profunda, suas mentes estavam machucadas pelo desapontamento.
Jesus, o Senhor deles, fora crucificado.  Morto, ele fora sepultado.  Os discípulos que haviam deixado suas casas e trabalhos para segui-lo ficaram abandonados ao relento de uma perda indescritível.  A tristeza deles desafia palavras; o luto deles não pode ser colocado no papel.  O que deveriam eles fazer – um grupo de seguidores desapontados – senão amaldiçoar o destino e calcular o que lhes custou o erro de seguir a Jesus?
Mas era domingo! Em pouco tempo o pessimismo deles desapareceria.  A dor que os consumia cederia lugar a um final glorioso.  Uma alegria enorme destruiria essa dor penetrante porque aquele domingo, quando os discípulos, confusos, se reuniram, era o primeiro Domingo da Páscoa.
Hoje é o Domingo da Páscoa! Igrejas no oriente e no ocidente, no norte e no sul – Católicos, Ortodoxos e Evangélicos – celebram com grande vigor e entusiasmo as boas novas da ressurreição de nosso Senhor Jesus.
Cristo liquidou o inimigo chamado morte.  Ele conquistou seus inimigos, fazendo jorrar, na escuridão do túmulo, uma fulgurante esperança! Morrendo, ele garantiu a nossa salvação.  Ressurgindo, ele selou a nossa libertação.
A sua ressurreição confirma o fato de que podemos sorrir no transcurso da noite mais escura.  Podemos regozijar-nos quando leões ferozes nos espreitam.  Podemos encontrar razão para celebrar mesmo quando, amaldiçoando nossa sorte, nos sentimos retidos na cova do desespero.
Hoje é o Domingo da Páscoa, e eis o que sabemos: embora atravessando a noite escura da tristeza, a aurora vai romper.  A luz brilha para dissipar a escuridão; a esperança surge novamente ao recebermos de nosso Senhor a dádiva da vida abundante.
Tendo vencido as dificuldades da vida e a escuridão da morte, Jesus injeta uma nova vida nas mentes brutalizadas pela descrença, manchadas pelo cinismo ou paralisados pelo medo.
Ressurreto com um corpo espiritual, Jesus renova e revitaliza corpos marcados pela luta, machucados pela desobediência ou desfigurados pelo erro.
Hoje é o Domingo da Páscoa! Jesus sopra em nós a esperança fulgurante que destrói o pessimismo que nos cerca.
Cada domingo é um novo Domingo da Páscoa.  Durante a semana, quando nossa vida se assemelha a uma montanha russa de experiências desencontradas, descobrimos, através do ciclo da morte e da ressurreição, o mistério da renovação da fé, e, pela Graça de Deus, somos transformados pela esperança.
Regozije-se! Hoje é o Domingo da Ressurreição! Batizados na morte do nosso Senhor e vivificados por meio da sua ressurreição, somos, de fato, recriados totalmente!

Dr.  Neville Callam – Secretário-Geral
Baptist World Alliance®
© April 11, 2014
Fonte: http://www.bwanet.org

sexta-feira, 11 de abril de 2014

MANTOS E PALMAS

No calendário litúrgico cristão o domingo que antecede a Páscoa é considerado como o Domingo de Ramos.  O motivo da celebração é que num dia como este Jesus entrou em Jerusalém montado em um jumento e foi saudado pela multidão que estendia seus mantos e colocava ramos de oliveiras para que ele passasse.
Considerando o evento, e relembrando a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, vejamos o que o gesto da multidão pode nos dizer.  Pela Bíblia sabemos que o ato de Cristo foi cheio de simbolismos e significados.  Também supomos que a multidão naquele dia talvez nem tivesse consciência de todos eles.  Mas os evangelistas tinham aprendido algumas lições, e são elas que vamos procurar (as citações estão nos quatro evangelhos: Mt 21:1-11 / Mc 11:1-11 / Lc 19:28-40 / Jo 12:12-19).
Jesus vinha de Betânia – cerca de 3 km de Jerusalém – e ordenou que lhe providenciassem uma montaria para entrar na cidade.  Montado num jumentinho, Jesus cumpriu mais uma profecia e foi aclamado como rei em Jerusalém (veja em Zc 9:9).  O primeiro destaque dos evangelista é a aclamação.  Jesus veio inaugurar o Reino de Deus (leia Mt 12:28 e Jo 18:36-37), e com esta atitude ele estava requerendo para si o reino.  Os evangelistas sabiam disso e nos ensinam que devemos reconhecer a Cristo como o verdadeiro soberano: a ele se deve respeito, reverência e obediência.
Como desdobramento deste reconhecimento real, os evangelistas nos contam que a multidão estendeu seus mantos e forrou o chão com ramos e palmas de oliveiras para a procissão real.  Esta é uma atitude que revela submissão.  Com isto estão nos ensinando que como súditos do reino eterno precisamos colocar tudo a disposição do Rei e de sua vontade.  Se Cristo é Rei – e assim também professamos – então que prevaleça a sua vontade (além da citação de Mt 6:36 na qual Jesus instrui neste sentido, a palavra de Maria em Jo 2:5 ilustra esta atitude).
Contudo, o que mais chama a atenção na narrativa é a alegria e o louvor da multidão.  Não importa se havia uma compreensão histórica exata daquele momento; a verdade é que o povo usou as palavras do Sl 118:26 para saudar o novo rei que adentrava na fortaleza de Jerusalém (isso lembra Davi em 2Sm 5:7).  A presença do Rei dos reis, e sua entronização em glória no meio do seu povo, tem que ser motivo de júbilo e cânticos de adoração (veja a poesia do Sl 24:7-10).
Mesmo sabendo que poucos dias depois ele passaria pelo suplício, mas a atitude de quem tem certeza de que nosso Deus é um Rei vitorioso é atitude de louvor (reconheça e cante ao rei como o salmista no Sl 47:7).
Que este Domingo de Ramos seja mais que uma data em nosso calendário litúrgico; seja uma ocasião de estendermos nossos mantos e palmas em reconhecimento ao Rei Jesus, em alegria e adoração pelo seu Reino entronizado em nós.

(Publicado originalmente na véspera da Samana Santa de 2009 no sítio ibsolnascente.blogspot.com.  Aqui com pequenas correções e adequações.  A imagem lá em cima eu achei na página karolpoerner.blogspot.com.br)

terça-feira, 8 de abril de 2014

Cinco conselhos bíblicos sobre a REPUTAÇÃO



O que é dito explicitamente sobre Abel em Hb 11:4 creio que pode ser estendido a toda a lista de herois da fé: embora esteja morto, por meio da fé ainda fala.
São exemplos como estes de servas e servos de Deus que galgaram obter uma reputação digna de se tornar referência a todo cristão.  São homens e mulheres que, independentemente de terem deixado fortunas como herança, mantiveram o bom nome e ainda hoje nos trazem lições que devem ser aplicadas em nossa vida.
a) Considere como maior privilégio e maior honra ter um nome a ser zelado.  Isso com certeza vale mais que qualquer bem material que você possa acumular em sua vida (se possível decore Pv 22:1 e aplique diariamente).
b) Tenha paciência quanto a querer ser reconhecido.  Deixe que o Senhor cuidará de sua reputação se você se portar com humildade diante dele e da sociedade (são inegáveis as palavras de 1Pe 5:6).
c) Mantenha uma auto-imagem correta e ajustada e, se ainda não apresenta o Fruto do Espírito que é o domínio próprio, peça que Deus o fará brotar em sua vida (veja Pv 16:32 comparando-o com Gl 5:23).
d) É sempre melhor e mais recomendável que apenas outros façam elogios a você.  E quando os receber, mantenha sempre uma atitude humilde pois isso preservará seu bom nome (lembre que o Senhor detesta olhos altivos – em Pv 6:16-17).
e) E para coroar esta boa reputação, aplique para você os conselhos dados a Timóteo: seja um exemplo para os fieis na palavra, no procedimento, no amor, na fé e na pureza (1Tm 4:12).

sexta-feira, 4 de abril de 2014

O AMOR-DOAÇÃO DE CRISTO

Ao celebrarmos a Ceia do Senhor com a Igreja de Cristo, celebramos em primeiríssimo lugar a paixão de Cristo, o amor imenso que levou o nosso Senhor à cruz do Calvário em nosso lugar.  Assim, a Ceia é a celebração da auto-entrega de Jesus por nós.  Na cerimônia da Ceia está o respeito, a devoção e a gratidão e exultação pelo amor doado por Cristo.
A dimensão deste amor-doação deve ser entendida começando a ouvir as palavras de Cristo: Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos (Jo 15:13).  Nestas palavras reconhecemos que o amor de Cristo pelos seus está no ápice de qualquer escala de valoração de amor – se é que possa existir alguma!  No Cristo crucificado está reunido todo o amor que o universo já viu e desfrutou: e tal amor foi para nós – os seus amigos: ... vos chamo amigos (verso 15).
O texto bíblico traz ainda outras implicações deste amor.  Paulo nos lembra que a prova do amor de Deus por nós é que Cristo morreu sendo nós ainda pecadores (Rm 5:8).  Deus nos amor como nós somos, com todos os pecados e falhas que trazemos; com nossos traumas e recalques; com nossas doenças e feridas.  Cristo nos aceitou e se dispôs a morrer por cada um de nós, mesmo nos conhecendo. 
A Tito também é dito que o objetivo do amor de Deus, que se fez dádiva e dom gratuito em Jesus Cristo, foi para nos remir de toda a iniquidade, e purificar para si um povo todo seu, zeloso de boas obras (Tt 2:14).  No amor de Deus que nos aceitou como somos está também a maravilhosa graça poderosa que nos faz nova criatura.  Cristo não só nos valorizou em nos aceitar, como também nos deu valor em nos transformar.
Diante destes elementos da Ceia do Senhor, quando trazemos em memorial tudo o que ele fez por nós, celebremo-lo o amor-doação que, em Cristo, Deus deu um valor que equivale ao seu precioso sangue.

terça-feira, 1 de abril de 2014

O MESSIAS, DE HANDEL

Uma das alegrias que tenho em meu currículo é ter cantado O Messias, de Handel – sim, foi numa versão quase completa.  Também deixe-me dizer logo que isso pouco acrescenta à minha carreira profissional.  Como pastor e escrevinhador, uma peça musical não faz muita diferença!
Tendo feito tais colocações, volto ao início do texto.
Uma das alegrias que tenho em meu currículo é ter cantado O Messias, de Handel.  Já se vão quase trinta anos, mas poucas experiências são tão inigualáveis e inesquecíveis quanto cantar o Oratório, mesmo que apenas sendo mais um no coral.  A obra é por si só grandiosa e tem um poder incalculável de atingir a alma. 
Deixe-me dizer alguma coisa sobre O Messias:
A obra inteira contém 51 movimentos em três partes e deve durar mais de duas horas a sua apresentação total.  Foi composta a partir de um argumento de Charles Jennens e teve sua estreia na Páscoa de 1742 – mas é uma obra eterna.  Ela apresenta a vida de Jesus, desde seu anúncio profético, nascimento, vida e ministério; culminando na segunda parte, que relata sua paixão, com o famoso Aleluia – este, um capítulo à parte.  A terceira parte da obra descreve a redenção do ser humano a partir da obra do Messias.
Mas, por que é uma obra tão especial?
Penso que uma das razões é a história de seu autor e de como a obra foi composta.  G.F. Handel, alemão de nascimento, mudou-se para a Inglaterra antes dos trinta anos, onde conheceu sucesso, fama e dinheiro, porém desleixou da herança cristã que recebeu em casa. 
Aos 58 anos de idade, falido e angustiado, Handel clamou por ajuda divina.  E ela veio através de uma encomenda do Duque de Devonshire, um lorde responsável por algumas casas de caridade na Irlanda.
Na mesma época o compositor recebeu um pacote de Jennens com a seguinte inscrição "O Senhor me encarregou de entregar-te" – era uma seleção de textos bíblicos separados para um oratório a ser escrito.  Handel entendeu que era a resposta de Deus às suas orações e se pôs a escrever.
Por 24 dias Handel esteve trancado, jejuando, compondo e cantando.  E é o próprio compositor quem afirma que neste período acredita ter visto Deus.  Então, como resultado apresentou-nos O Messias
E eu tive o privilégio de cantá-lo.  Sou grato a Deus por isso.  A vida do Messias é inspiradora e apresentada com a majestade da música de Handel fica sublime.  Não somente tem a capacidade de nos convidar à reflexão, mas também de encaminhar a alma ao Senhor de toda a obra.
Ora, não há outra maneira de terminar estas linhas a não ser citando as palavras do Aleluia:
For the lord God omnipotent reigneth
Pois o Senhor Deus onipotente reina
And He shall reign forever end ever
E seu reino será para sempre e sempre
King of kings forever and ever.  And Lord of lords
Rei dos reis para sempre.  E Senhor dos senhores.

E os ALELUIAS precisam ser intermináveis.