terça-feira, 12 de março de 2024

AS VISÕES DE DANIEL – a 4ª visão



Mais uma vez Daniel esteve chorando diante do Senhor e, no terceiro ano de Ciro, uma nova visão lhe chegou (10.1-4). Desta vez, às margens do rio Tigre, o profeta viu “um homem vestido de linho e com um cinto de ouro fino” (v. 5).

Da mesma forma que nas visões anteriores, Daniel ficou assustado (10.8), porém, dessa vez também, ele foi tocado e confortado (v. 10). E, ainda mais uma vez, ele soube que suas orações tinham sido ouvidas desde o primeiro dia em que aplicou o coração a compreender e a se humilhar diante de Deus (v. 12).

Nesta visão ele soube que, mesmo que embates espirituais tenham acontecido por algum momento, o suporte sempre foi certo (10.13). Então, fortalecido na confiança, Daniel foi instruído sobre o seu significado e que ela se referia a “dias ainda distantes” (v. 14).

Daniel, contudo, continuou com o rosto em terra, porém ainda o ser que parecia um homem voltou a o reanimar: “Não temas, homem muito amado! Paz seja contigo! Sê forte e tem bom ânimo” (10.19).

(Da revista “COMPROMISSO” – Convicção Editora – Ano CXVII – nº 468)




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terça-feira, 5 de março de 2024

AS VISÕES DE DANIEL – a 3ª visão



Iniciando o reinado de Dario, o profeta Daniel foi buscar nos livros o registro daquilo que o Senhor já tinha falado aos profetas sobre as desolações de Jerusalém (9.2).

Tendo entendido a situação do povo, segundo a leitura, Daniel logo se voltou para o Senhor com orações, jejuns e quebrantamento (9.3).

Quando o homem de Deus conhece as palavras contidas na Lei e nos Profetas e percebe a situação do seu povo, sua oração é correta e sincera. Assim, Daniel, na sua oração: a. Começou reconhecendo a grandeza, fidelidade e misericórdia de Deus (9.4); b. Confessou seus pecados e os do povo (v. 5,6); c. Continuou insistindo na súplica por restauração, baseada nas ações do próprio Deus (v. 7-18); e d). Clamou por perdão (v. 19).

Por crer que “ao Senhor, nosso Deus, pertencem a misericórdia e o perdão” (9.9) Daniel foi capaz de entregar sua súplica diante da face do Senhor confiando que Deus atenderia e agiria sem tardar (v. 18).

 E a resposta veio, junto com toque de Gabriel – o homem da visão anterior (9.21). A sua instrução seria para “dar sabedoria e entendimento” a Daniel (v. 22). E ainda uma palavra de conforto com a afirmação de ser ele, o profeta, muito amado e que suas súplicas já teriam sido ouvidas desde o princípio (v. 23).

Este foi o entendimento da visão. Se os anos de desolação, conforme predito pelo profeta Jeremias, “durariam setenta anos” (9.2), então assim, no entendimento do simbolismo numérico, setenta semanas estariam decretadas sobre o povo (v. 24).

Nesse meio tempo, porém, enquanto as semanas estiverem acontecendo, rebeliões e desgraças contra o povo ungido ainda haveriam de ocorrer (9.26). Pois, mesmo Jerusalém sendo reedificada, esses seriam “tempos difíceis” (v. 25).

Daniel, contudo, deveria entender que a finalidade das setenta semanas decretadas não seria trazer apenas desgraças, mas “para fazer cessar a transgressão, para dar fim aos pecados e para expiar a iniquidade e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o santíssimo” (9.24).

Esse foi exatamente o teor da súplica do profeta Daniel ao ler as Escrituras e comparar com a situação do seu povo: que o Senhor trouxesse restauração.

(Da revista “COMPROMISSO” – Convicção Editora – Ano CXVII – nº 468)

 


(Da revista “COMPROMISSO” – Convicção Editora – Ano CXVII – nº 468)

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terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

AS VISÕES DE DANIEL – a 2ª visão

 


No terceiro ano de Belsazar, Daniel teve uma segunda visão (8.1). Nesta visão, o profeta estava à margem do rio Ulai e viu um carneiro com dois chifres que dava cabeçadas e “fazia o que desejava” (v. 4).

Depois Daniel viu um bode com um chifre proeminente que enfrentou o primeiro carneiro e “o jogou por terra e o pisoteou” (8.7). E no seu crescente poder, ele confrontou até o príncipe dos exércitos do céu, jogando por terra o santuário e seu holocausto (v. 11). O que seria verdadeiramente uma “transgressão assoladora” (v. 13).

O profeta ainda ouviu dois seres santos que conversavam questionando sobre até quando duraria aquela visão e obtendo como resposta a afirmação de que duraria apenas um período para então o santuário ser purificado (8.14).

Daniel continuou com a visão e procurou entendê-la quando Gabriel foi instruído a fazer com que ele a entendesse (8.15,16).

Antes, porém, com o profeta amedrontado e caído com o rosto em terra, o ânimo lhe foi dado por um toque de Gabriel que o pôs de pé e confirmou serem aqueles acontecimentos vistos referentes a eventos que pertenceriam “ao tempo determinado do fim” (v. 19) e que o carneiro inicial seria os reis da Média e da Pérsia e o bode o rei da Grécia (v. 20,21).

Porém, como a visão apontava “a dias muito distantes” (8.26) em relação ao tempo de Daniel e por isso “ninguém podia entendê-la” (v. 27), o profeta foi instruído a apenas selar a visão. O que ele fez, indo depois tratar dos negócios do rei.


(Da revista “COMPROMISSO” – Convicção Editora – Ano CXVII – nº 468)

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terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

AS VISÕES DE DANIEL – a 1ª visão


Os capítulos iniciais do livro de Daniel apresentam a sua chegada ainda jovem como exilado na Babilônia. Nos seus últimos capítulos, o livro faz o registro das visões que o próprio Daniel teve e as suas interpretações.

Com um estilo apocalíptico de escrever, as visões que o profeta teve nos últimos anos de sua vida são descritas a partir de simbolismos e interpretações figuradas. Elas procuram apontar lições e trazer conforto para o povo fiel em meio as tribulações, as quais eles estavam vivendo; bem como fundamentar a esperança quanto ao futuro.

 

A primeira das visões Daniel aconteceu no primeiro ano de reinado de Belsazar (7.1). Nela Daniel viu quatro ventos que agitavam o mar Grande e quatro animais diferentes que subiam do mar (v. 2,3).

A descrição dos animais os mostra de um modo “terrível e assustador” (7.7), com sua força, dentes de ferro e vários chifres. Ainda continuando a visão, ele viu tronos e um ancião de vestes brancas que se assentou para julgar (v. 9,10).

Uma visão assim agitou e perturbou o espírito de Daniel (7.15) que procurou logo alguém que fosse capaz de lhe dar a interpretação das coisas (v. 16). Pela interpretação dada, os animais seriam “reis que se levantarão da terra” (v. 17) e os chifres indicavam a arrogância de tais reis.

Mas, embora parecesse ameaçadora a visão, e a perspectiva de que um quarto rei, mais forte que os três primeiros, faria guerra contra os santos e prevaleceria contra eles (7.21), esse não seria o fim da visão e da história pois chegaria o tempo em que o ancião haveria de executar seu juízo em favor dos “santos do Altíssimo” (v. 22).

E continuou a interpretação. A ousadia do quarto animal – o reino que tentará dominar com arrogância toda a terra – poderá até falar palavras contra o Altíssimo, oprimir os santos ou procurar mudar os tempos e as leis, mas certamente seu aparente poder não vai durar para sempre (7.25) pois o tribunal lhe tirará o domínio para o aniquilar por completo (v. 26).

O certo que a visão mostrou a Daniel foi que no fim todos os santos do Altíssimo reinarão e “seu reino será um reino eterno, e todos os domínios o servirão e lhe obedecerão” (7.27). Essa é verdadeira esperança dos santos.

Terminada a primeira visão, Daniel guardou essas coisas em seu coração (7.28).


(Da revista “COMPROMISSO” – Convicção Editora – Ano CXVII – nº 468)

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quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

ALÉM DA LETRA


Leitores apaixonados por Deus "devoram" a Sua Palavra.
Lécio Dornas

 

Aproveitei um restinho de tempo no feriado para ler o livro Além da Letra, do Pr. Lécio Dornas. Como o texto é curto (a obra tem ao todo 96 páginas), deu para ler numa sentada só.

 

Vai aí um pouco da minha percepção:

 

Terminada a leitura, a primeira impressão que ficou foi: vale a recomendação da leitura – vou repetir isso no final dessas linhas.

 

Observei logo que o subtítulo é uma boa indicação do que vinha por aí: "Guia fácil para interpretar a Bíblia".  E assim, sem muito arrodeio o texto cumpre seu script.

 

De linguagem direta e estilo coloquial, o livrinho (não me julgue pejorativo por me referir a ele assim!) é um bom manual – e eu diria mais: excelente – para quem está querendo começar a se aventurar na leitura, aprendizagem e compreensão sérias do texto sagrado.

 

Além da Letra é um convite ao encontro comprometido e apaixonado com a Bíblia, indo além da superfície do texto e dando indicações de ferramentas e referências para quem quer começar essa jornada.

 

Lécio Dornas começa afirmando que é preciso inicialmente se conhecer (e se apaixonar) pelo autor que se revela na Bíblia para "sorvermos o máximo da revelação de Deus".

 

Depois continua apontando os níveis de relacionamento com a Bíblia, a necessidade e requisitos básicos para a sua interpretação (além de erros comuns nesse processo).  E indicando boas técnicas e ferramentas para essa tarefa.

 

Do ponto de vista do trabalho hermenêutico, os princípios e critérios são bem apresentados e os recursos citados de forma didática.

 

(Inclui uma boa bibliografia de referência)

 

Volto à primeira impressão para ser direto: tanto para novos estudantes e exegetas iniciantes como para quem quer ousar se aprofundar no estudo bíblico sério e relevante, recomendo a leitura.


0 livro Além da Letra pode ser achado no site da editora AD Santos - link

terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

SEGUNDO O CORAÇÃO DE DEUS


Andaram me perguntando sobre o porquê de Davi ser chamado de “um homem segundo o coração de Deus!”.

Veja aí um pouco sobre o argumento:

 

Sobre Davi ser um homem segundo o coração de Deus, esse é um dos pontos dos quais a Bíblia não nos dá muito detalhes ou explicações.

 

Veja algumas citações:

> No Primeiro Livro de Samuel, quando é narrada a rejeição de Saul, é dito que Deus haveria de escolher para reinar sobre a nação um homem segundo o coração dele (1Sm 13:14),

> No Salmo 89 – um Salmo didático escrito por Etã – o salmista da voz ao próprio Deus que diz: encontrei meu servo Davi e o ungi com meu santo óleo (Sl 89:20),

> Já no NT, o apóstolo Paulo traz a citação antiga: Davi, filho de Jessé, é um homem segundo o meu coração (At 13:22).

 

Pelo visto, o texto sagrado apenas afirma que o critério para designação de Davi e seu alinhamento como o coração de Deus foi feito explicitamente pelo próprio Senhor.  Ou seja, foi Deus mesmo identificou em Davi ser ele segundo o coração divino.

 

É importante lembrar o que Deus disse a Samuel, quando foi a casa de Jessé para ungir Davi: O Senhor não vê as coisas como o ser humano as vê.  As pessoas julgam pela aparência exterior, mas o Senhor olha para o coração (1Sm 16:7).

 

Do ponto de vista humano, eu poderia citar a intenção de construção do templo; o espírito quebrantado e arrependido quando confrontado pelo profeta; a submissão à vontade divina por ocasião da morte do filho; ou o desejo de habitar no santuário; ou ainda os diversos salmos de adoração; entre outros temas. 

Mas nenhum seria conclusivo – seriam critérios humanos.  Talvez a soma deles todos (!?)

 

A verdade é que Deus, em seus desígnios eternos, encontrou – ele mesmo – em Davi um homem segundo o seu coração.  Nem o patriarca Abraão, nem o libertador Moisés, nem o profeta Samuel.  Apenas Davi foi assim chamado pelo Senhor.

 

 

Aproveitando: Eu escrevi em 2019 uma reflexão sobre a unção de Davi na CASA DE JESSÉ – momento relacionado ao tema.  Leia no link a postagem.

 

terça-feira, 30 de janeiro de 2024

JUDAS – INTENÇÃO E TRAIÇÃO

 


A reposta sobre Judas pode ter uma resposta simples.  Mas, a partir dela, pode indicar outras direções de reflexão.

A leitura direta e objetiva do texto bíblico – isso é o que importa de verdade – não traz uma resposta simples para essa questão.  Não há sim ou não inquestionável no texto sobre a predestinação de Judas!

Na verdade, esse é um tema que o texto sagrado nunca trata como central em sua teologia.

 

Mas vamos olhar um pouco sobre o que os Evangelhos nos dizem sobre o Judas:

# Ele foi escolhido diretamente por Jesus para o ministério apostólico (Jo 3:16-19 / Lc 6:13-16);

# Junto a Simão Pedro, Judas é o apóstolo que mais vezes é citado pelo nome nos Evangelhos (cerca de 20 vezes);

# João cita que Judas fez objeção à oferta do perfume derramado para Jesus – sugerindo uma oferta para os pobres (Jo 12:4-5);

# João ainda lembra que era a responsabilidade de Judas tomar conta da bolsa – finanças e numerários – do grupo dos discípulos (Jo 13:29);

# Marcos, ao narrar a iniciativa da traição, diz apenas que Judas Iscariotes, um dos Doze, dirigiu-se aos chefes dos sacerdotes a fim de lhes entregar Jesus e que a proposta interessou os líderes religiosos (Mc 14:10-11);

# E Mateus acrescenta o valor – trinta moedas – e que Judas, a partir daí, passou a buscar uma oportunidade de entregar Jesus (Mt 26:16);

# Também Mateus fala do remorso de Judas após a traição, tendo devolvido as moedas e manifestado intenção de suicidar-se (Mt 27:3-10);

# Finalmente, o livro dos Atos – por ocasião da escolha de Matias como sucessor apostólico – observa que Judas abandonou este ministério indo para o lugar que lhe era devido (At 1:25).

 

Então chegamos ao ponto da traição: sua motivação, intenção e impulso.  Novamente vamos ler o texto sagrado:

Ao narrar o episódio da última ceia celebrada entre Jesus e seus discípulos, o evangelista João afirma que o diabo induziu Judas a trair Jesus (Jo 13:2) e que tão logo Judas comeu o pão, Satanás entrou nele (Jo 13:27).  Ou seja, a influência e intenção satânica só se apossou do apóstolo Iscariotes após a celebração pascoal, embora já o tivesse induzido a isso antes.

 

Uma digressão importante:  Tiago, em sua epístola, é enfático em afirmar que cada um, porém, é tentado pela própria cobiça, sendo por esta arrastado e seduzido.  E o texto segue: então a cobiça, tendo engravidado, dá à luz o pecado; e o pecado, após consumado, gera a morte (Tg 1:14-15 – o destaque é meu).

 

— Judas vendeu Jesus pelo livre arbítrio ou estava predestinado a tal?

 

Como disse: a resposta não é explicita sobre se Judas estava “amarrado” histórica e situacionalmente ao destino da traição, embora fale da indução diabólica para tal vilania.

Também no texto – e isso é o importante – o que sobressai é a responsabilização do ser humano pelas consequências de suas próprias intenções e ações.

 

A oração que fica é que o próprio Senhor nos livre de trair àquele que nos chamou e confiou o ministério e que nos ama até o fim – apesar do que somos (Jo 13:1).

 

 

†† Aproveito para sugerir alguns outros textos que escrevi – e publiquei aqui no Escrevinhando – sobre os temas da Predestinação e do Livre Arbítrio

# TUDO ME É PERMITIDO – estudo dos textos de 1Co 6:12 e 10:23 – link

# EU SOU LIVRE – relato da experiência do Coral da Cristolândia cantando em Aracaju – link

# A SOBERANIA DE DEUS – uma análise do Rm 9:20-24 – link

# BATISTAS,CALVINISTAS e a SOBERANIA DE DEUS – estudo sobre a relação entre os princípios batistas e as doutrinas calvinistas – link