No final de seu
ministério terreno, Jesus ocupou boa parte de seu tempo instruindo seus
discípulos sobre os acontecimentos do fim (o evangelista Mateus registra nos
capítulos 24 e 25). O Mestre entendeu
que seria importante seus seguidores conhecerem sobre o tema.
Não se tratava de
alarmismo, ou curiosidade aleatória, ou teorias de conspirações, ou terrorismo
de catástrofe, nem nada parecido.
Vamos antes
conhecer o contexto evangélico onde o discurso escatológico aconteceu – isso
ajuda a entender suas palavras:
Jesus estava com
seus discípulos diante da imponência das construções do Templo em Jerusalém e
chamou a atenção para o fato de que nada naquilo era eterno:
— De forma alguma
aqui não será deixada pedra em cima de pedra que não venha a ser demolida (Mt 24:2).
Aquelas palavras
ficaram na mente dos discípulos, e quando, mais tarde, Jesus sentou-se para
conversar com eles, a curiosidade veio à tona:
— Diga-nos,
quando acontecerão essas coisas? E qual
será o sinal da sua vinda e do fim dos tempos? (Mt 24:3).
Aqui começaram as
instruções do Mestre sobre o fim (aquilo que hoje chamamos de Escatologia). Então, por que, para Jesus se ocupou em falar
sobre o fim das coisas? Por que isso
seria importante? Por que conhecer
Escatologia?
As únicas
respostas confiáveis a questões como essas são as que teremos a partir da compreensão
das palavras sagradas e do próprio Cristo.
Em primeiro lugar
é importante conhecer Escatologia e os assuntos do fim porque a eternidade
pertence exclusivamente a Deus (lembro o Sl 90:2). Logo, por mais imponentes e firmes que sejam
nossas construções – inclusive nossas convicções religiosas e intelectuais – o
fim vai acontecer. É certo que céus e
terra terão fim, eles passarão. Apenas
as palavras do Cristo são eternas (considere Mt 24:35).
E, seguindo na
mesma linha, as coisas e ideias do tempo presente podem até parecer estáveis,
mas as aparências enganam. Mesmo alguns
se apresentando e fingindo ser o Messias e ter uma interpretação das palavras
divinas, a advertência é clara: “não deixem que ninguém engane vocês” (em Mt
24:4).
Também é necessário
conhecer Escatologia para não se confundir com as narrativas e sinalizações que
são anunciadas como sendo interpretações fatalistas de profecias – e nem se
assustar com elas (reconheça a palavra profética de Jr 29:11). Sobre essa atitude frente ao fim, a recomendação
do Mestre é consoladora: “não fique aperreado” (em Mt 24:6).
É certo que, especificamente,
Jesus falou sobre tempos de guerras e ameaças, fomes e terremotos, prisão e
perseguição e o esfriamento do amor. A
verdade, porém, a se atentar é que isso ainda não é o fim (some as palavras
explícitas do Mt 24:6 com as do verso 8 logo adiante).
Ainda é essencial
conhecer os temas do fim e da Escatologia a fim de estar preparado para quando
ele chegar. O ponto aqui não é prever
quando tais e quais coisas vão acontecer e nem as suas sequências, afinal sobre
calendários, agendas e cronologias é algo que somente o próprio Deus tem
domínio e conhecimento (nas palavras de Jesus em Mt 24:36 em consonância a Dt 29:29).
A parábola das
dez virgens contada por Jesus nesse mesmo contexto conclui com uma advertência
direta sobre a exigência de estar preparado e vigilante mesmo não sabendo nem o
dia nem hora da volta (a narrativa da parábola está em Mt 25 e o verso em
destaque é o 13 – e também olhe 24:42-44).
O mais
significativo, contudo, em se conhecer sobre os estudos de Escatologia é manter
a confiança de que, qualquer que seja o desfecho dos acontecimentos do fim,
Deus ainda está no controle da história, da igreja e de todas as coisas. Quando da visão do Apocalipse, após ser
anunciado que ELE vem, o próprio Senhor se apresenta como o Todo-Poderoso (em
Ap 1:8). E mais adiante com o livro em
mãos ELE é reconhecido como o único digno de o abrir e fazer a história
acontecer (em Ap 5:1-5).
Sim. Conhecemos Escatologia por que reconhecemos o
Senhorio régio de Cristo e o anunciamos como as suas Boas-novas de amor a todas
as nações – e isso é nossa expectativa de sua chegada (nas palavras do Mestre
em Mt 24:14 e instruído pelo apostolo como marca de nossas celebrações em 1Co
11:26).