terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

DOS TESOUROS




Vamos continuar seguindo as lições na sequência apresentada por Mateus.  Depois de apresentar os ensinos de Jesus Cristo sobre a intimidade do discípulo com o Mestre na oração e no jejum, o Senhor passa a abordar o tema do tesouro a ser buscado e preservado pelo discípulo (Mt 6:19-21).
Jesus fala que há tesouros na terra (v. 19) e tesouros nos céus (v. 20) e que eles são completamente diferentes um do outro – embora um dispute a primazia com o outro.   Como entender isto que o próprio Mestre ensina?  Os tesouros da terra são perecíveis, transitórios e podem ser roubados.  Os tesouros dos céus são duradouros e ninguém podem tirá-los do quem os possua.
Pois onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração (v. 21).  Esta é a chave para compreender as reais implicações do que Cristo quis dizer.  (1) O meu tesouro consiste naquilo que é realmente importante e pelo qual estou disposto a gastar a minha vida.  (2) O meu tesouro é o que merece e precisa ser juntado e guardado e pelo qual eu abdico de tudo o mais.  (3) O meu tesouro é o que eu avalio como importante para deixar à posteridade e por isto nele coloco minha esperança – nele está meu coração, o centro de minhas prioridades, emoções e existência.  Por isto é fundamental colocar o coração em tesouros que sejam perenes.
Como discípulos do Mestre Jesus, sou desafiado a colocar o meu coração em tesouros e valores que o próprio Cristo guarda e preserva nos céus para sua glória.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Salmo 90 – NOSSO REFÚGIO


Senhor, tu és o nosso refúgio, sempre, de geração em geração.  Antes de nascessem os montes e de criares a terra e o mundo, de eternidade a eternidade tu és Deus” (Sl 90:1-2).
O Salmo Noventa – que em nossas Bíblias é intitulado com Oração de Moisés – é um dos mais belos e conhecidos salmos de todo o Saltério.  E não é sem razão, pois em sua antiguidade ele apresenta a confiança em um Deus supremo.
Começando pelo verso primeiro, o Salmo se dirige ao Senhor reconhecendo nele o refúgio necessário para a vida.  Só precisa de refúgio exterior quem já saiu do lugar abrigado, e assim é a minha vida!  Viver neste tempo presente há muito deixou de ser um transitar seguro para a existência humana.  Estou constantemente rodeado por perigos de toda sorte que me ameaçam de todos os lados.  Mas é no meio deste turbilhão que o salmista afirma com convicção: Tu tens sido o nosso refúgio.
Mas a confiança do salmista não é tirada do acaso; ele sabe que o Senhor já tem se mostrado refúgio e fortaleza de geração em geração.  É a certeza da eternidade de Deus e o conhecimento de suas obras poderosas aos pais, no passado, que faz com que eu tenha convicção absoluta de que posso confiar em Deus.  Em cada geração Deus tem mostrado o seu poder e o seu cuidado em refugiar o seu povo, por isso eu descanso nos seus braços, mesmo no meio da mais terrível aflição.
Ora, se o Senhor tem demonstrado ao longo das gerações aquilo que ele pode fazer pelos seus, então será baseado nesta confiança inabalável que me sentirei seguro debaixo da compaixão divina.  É por isso que eu posso orar com convicção com o fez o salmista: consolida, para nós, a obra de nossas mãos, consolida a obra de nossas mãos (Sl 90:17).
Sei que os Salmos são as nossas canções e orações no texto sagrado.  Que eu faça, pois, destas palavras a minha certeza nesta vida!

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

DO JEJUM




Dando continuidade a interpretação de Jesus sobre a oração como atitude espiritual do discípulo, ele apresenta o tema do jejum: tendo buscado – e encontrado – a Deus através da oração, a disciplina cristã natural e seguinte e se desenvolver é o jejum.  “Quando jejuarem...” (Mt 6:16-18), esta constatação do Mestre vai apontar a algumas implicações sobre esta prática religiosa.
A primeira observação é sobre o fato de não haver uma ordem sobre a prática ou não do jejum: o Mestre não manda jejuar, mas constata que isto deve ser prática usual.  Ou seja, para Jesus o jejum é uma renúncia voluntária daquilo que me é importante e necessário.  Não sendo obrigado, com o jejum eu me predisponho voluntariamente a renunciar direitos e regalias em prol do discipulado.
Jesus também faz uma relação óbvia e direta entre o jejum e a piedade pessoal.  Para o Senhor o jejum é uma atitude individual e tem que ser tratada na mesma intimidade da oração – dentro do quarto – pois é lá que ele produz os seus efeitos: “arrume o cabelo e lave o rosto”, ou seja, não deixe nem por descuido que os outros percebam que você está jejuando.
Ainda é importante destacar que o jejum proposto por Jesus Cristo não tem por objetivo mudar ou mover Deus dos seus propósitos.  No jejum bíblico quem é tocado, influenciado e mudado é o discípulo.  Deus sempre permanece o mesmo, o discípulo fiel é que se fortalece na prática piedosa do jejum cristão.
O Mestre indica e ordena aos seus discípulos que é necessário haver intimidade com Deus, junto com a oração no quarto fechado, e o jejum estimula e produz tal intimidade.  Que eu viva esta bênção que o Senhor me oferece para sua exclusiva glória.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

UM COPO DE SUCO DE UVA


A noite estava particularmente quente, nada que fosse muito diferente do que já estamos acostumados por aqui.  Uma noite como esta com dificuldade traz um sono tranquilizador.  Levantei procurando algum refrigério.  O calor pegajoso aliado ao sono irregular sempre sugere uma busca na cozinha.
Por outro lado, abandonar a cama no meio da madrugada nunca foi a opção mais atrativa, mas aquela situação se impunha diante do comodismo da noite.  Sem muita inspiração para incursões alimentares e com a mente ainda dividida entre o sono e o calor, abri a geladeira e deixei os olhos vaguearem aleatoriamente.
Neste ponto da narrativa, aparece o copo de suco de uva.
Bem no canto do interior da geladeira estava ele: vermelho, fascinante, convidativo.  Sabia que não se tratava de suco da própria fruta in natura – comum e inigualável – nem vinho: apenas um resto de suco de uva de garrafa, daqueles que podem ser encontrados em qualquer supermercado, recolhido num copo para que ocupasse menos espaço.
Recolhi-o com cuidado e entendi que nada melhor havia naquele contexto.  Sem pressa bebi quase que transformando a experiência em liturgia.  Apesar de aquele copo não me fornecer qualquer sensação olfativa e o silêncio da noite insistir em zumbir aos meus ouvidos, um copo de suco de uva na madrugada quente foi-me uma verdadeira bênção.
Não sei se pelo gosto levemente adocicado ou pela simples sensação do líquido gelado descendo garganta abaixo, mas aqueles momentos se configuraram como fragmentos de eternidade!
Voltei para a cama glorificando a Deus pela alegria de um copo de suco de uva.  E o sono me foi oferecido finalmente.


terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

EU SOU LIVRE!


Neste último mês de janeiro, recebemos aqui em Aracaju nossos irmãos batistas brasileiros reunidos em sua 93ª Assembléia Anual e nos diversos encontros que acompanham tais eventos.  Foi grandioso agregar mais de cinco mil homens e mulheres vindos de todos os cantos do país (e até de fora) unidos pela mesma fé.
É inevitável citar a trabalheira que dá recepcionar todo este povo e providenciar tudo e cada detalhe para que nada impedisse o bom desenrolar dos acontecimentos e ninguém deixasse de se sentir bem acomodado.  Mas, vá lá... no geral, acho que nos saímos razoavelmente bem nestas empreitadas...
Nas reuniões plenárias, várias decisões importantes foram tomadas (incluindo a eleição do Pr. Luiz Silvado do Paraná para presidir a CBB no próximo biênio) e fomos enriquecidos por palestras, mensagens, estudos e desafios que nos impulsionaram a fé e fortaleceram a caminhada (bem, falo das que pude ouvir, pois trabalhando nos bastidores, não foi fácil participar de tudo).
Como sempre, nas assembléias convencionais, a oportunidade de ver e rever velhos e novos amigos e irmãos caríssimos nos corredores configura-se como o tempo e o lugar mais aguardado.  E nestes dias de janeiro não foi diferente.  Valeu todo o esforço e trabalho.
Tudo foi bom e maravilhoso.  Mas não foi isso que me moveu a escrever tal texto.  Estou convencido de que o ponto alto foi a programação do domingo, no final da tarde entrando para a noite.  Mais que um show gospel (só a expressão já me revolve o estômago!) ou uma cruzada com estádio cheio, naquela tarde presenciamos a cerimônia de servos e servas de Cristo que foram às águas do batismo para testemunharem que agora já não estão sob o domínio de drogas pois são nova criatura.
Se uma vida vale mais que o mundo inteiro, imagine uma centena delas!  Valem o sangue de Cristo!
Depois, já entrando pela noite, a cena de ver o Coral da Cristolândia festejando em pleno Estádio Lourival Batista de Aracaju, pulando, abraçando e cantando foi tão marcante que, este sim, merece o destaque do texto.
Que me perdoem a sociologia e a política; que me desculpem a psicologia e a medicina; que me liberem a própria teologia e apologética: reconheço que tudo tem seu valor, mas nada além do sangue de Jesus para gerar um momento como aquele!
E vendo-os de perto (imagine o privilégio!), preciso confessar: fui tocado.  Não os ouvi discursando (nem era necessário) e das suas histórias conheci apenas migalhas, mas a veracidade de sua canção saltava aos olhos e transpirava a pele.
Sei que naqueles dias tivemos corais maiores e mais harmoniosos, mensagens mais profundas e cultos mais solenes.  Mas não há como comparar com aquelas vidas bradando a plenos pulmões: EU SOU LIVRE!