A noite
estava particularmente quente, nada que fosse muito diferente do que já estamos
acostumados por aqui. Uma noite como
esta com dificuldade traz um sono tranquilizador. Levantei procurando algum refrigério. O calor pegajoso aliado ao sono irregular
sempre sugere uma busca na cozinha.
Por
outro lado, abandonar a cama no meio da madrugada nunca foi a opção mais
atrativa, mas aquela situação se impunha diante do comodismo da noite. Sem muita inspiração para incursões alimentares
e com a mente ainda dividida entre o sono e o calor, abri a geladeira e deixei
os olhos vaguearem aleatoriamente.
Neste
ponto da narrativa, aparece o copo de suco de uva.
Bem no
canto do interior da geladeira estava ele: vermelho, fascinante, convidativo. Sabia que não se tratava de suco da própria fruta in natura – comum e inigualável – nem vinho: apenas um resto de
suco de uva de garrafa, daqueles que podem ser encontrados em qualquer
supermercado, recolhido num copo para que ocupasse menos espaço.
Recolhi-o
com cuidado e entendi que nada melhor havia naquele contexto. Sem pressa bebi quase que transformando a
experiência em liturgia. Apesar de
aquele copo não me fornecer qualquer sensação olfativa e o silêncio da noite
insistir em zumbir aos meus ouvidos, um copo de suco de uva na madrugada quente
foi-me uma verdadeira bênção.
Não sei
se pelo gosto levemente adocicado ou pela simples sensação do líquido gelado
descendo garganta abaixo, mas aqueles momentos se configuraram como fragmentos
de eternidade!
Voltei
para a cama glorificando a Deus pela alegria de um copo de suco de uva. E o sono me foi oferecido finalmente.
Muito boa.
ResponderExcluirA glória seja a Cristo que nos dá a uva e seu suco.
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