terça-feira, 31 de agosto de 2021

QUANTO AO TEMPO APOCALÍPTICO


Em Teologia, a parte do estudo referente às últimas coisas é chamado de Escatologia.  Em geral a análise do Apocalipse está incluída entre os postulados da pesquisa escatológica cristã. 

O termo se origina do grego ἔσχατος eschatos que, segundo o Léxico, pode ser traduzido como último ou fim, num sentido que pode indicar apenas sucessão de posição, de lugar ou de tempo.  Ele está presente no texto de Apocalipse apenas como adjetivo sem qualquer conotação técnico-teológica de fim-dos-tempos (em versículos como Ap 2:19 ou 15:1 por exemplo).

Uma referência dentro do texto de Apocalipse, contudo precisa ser destacada.  Na auto-apresentação final daquele que é o centro da Revelação e que vem sem demora ele se declara como sendo o primeiro e o último. 

Essa é percepção do tempo apocalíptico:  um tempo onde a história humana se desenrola e que deve ser compreendido entre o início que se dá em Cristo e um destino que necessariamente deverá concluir nele mesmo. 

Na mesma linha de compreensão, o apóstolo Paulo aplica esta mesma compreensão à descrição de Cristo como centro da história da salvação chamando-o de o último Adão (conforme 1Co 15:45-49).

Outros termos na língua grega ajudam na compreensão do conceito de tempo no contexto cultural em que o texto de Apocalipse foi escrito e também podem conduzir à compreensão mais adequada do conceito na Revelação bíblica.

 —> ΧρόνοςChronos.  Na mitologia grega era o mais jovem dos titãs.  Ele, em geral, implica num tempo cronológico – o tempo do relógio e do calendário.  Este é o termo que Paulo usa aos Gálatas para se referir ao tempo como cumprimento da agenda divina no envio de seu Filho (em Gl 4:4). 

Apocalipse usa a mesma expressão para se referir ao tempo em que os mártires ainda precisam aguardar o mesmo cumprimento da agenda (em Ap 6:11), demonstrando que o próprio Deus é quem tem o controle dos acontecimentos.

 —> Καιρόςkairós.  Ao contrário do termo anterior, essa compreensão do tempo implica num momentum, ocasião ou circunstância específica. 

Este termo aprece no Apocalipse indicando a proximidade do desfecho das coisas ali narradas (em Ap 22:10).

 —> Αἰώνaion.  No uso da língua grega, o significado aponta para uma ideia mais geral que indica um período histórico, uma idade ou era. 

Em Apocalipse aparece com frequência para compor a expressão que literalmente pode ser traduzido por “pelos séculos dos séculos” ou, simplificando, “para todo o sempre” (como em Ap 1:18 e 22:5).

Então este tempo apocalíptico é compreendido como o prenúncio de um novo momentum de Deus, onde o novo irrompe para substituir o antigo (conforme indicação de Ap 21:1) que delineia o texto: a expectativa do Reino de Deus.   

Em Apocalipse se cumpre a promessa de Jesus de estar com os discípulos até a consumação dos séculos (conforme Mt 28:20).  Em Apocalipse o tempo desemboca na eternidade e lá, para todo o sempre, será manifesta a glória de Deus (conforme Ap 1:6).

 

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sexta-feira, 27 de agosto de 2021

O PERSONAGEM PRINCIPAL DO APOCALIPSE

  


O Livro de Apocalipse transparece, mesmo diante do leitor mais desatento, como um relato escrito das visões que João teve na Ilha de Patmos no dia do Senhor. 

Um detalhe, porém, chama a atenção: na maioria das visões, a descrição é resumida e feita de maneira apressada, pois omite, deliberadamente ou não, inúmeros detalhes do que foi visto e descrito.

Mas na visão inaugural (descrita já no primeiro capítulo) João se ocupa em apresentar detalhes.  Ali será apresentado o personagem principal do Apocalipse.

 

— Quem é esse Personagem Principal do Apocalipse?

 

A apresentação é direta: “um semelhante a filho de homem” (Ap 1:13).  Ele é o personagem central do Apocalipse e ao redor dele toda a sequência de eventos vai se desenrolar.

Então o próprio Personagem Principal se identifica: “Não tenha medo.  Eu sou o Primeiro e o Último.  Sou Aquele que Vive.  Estive morto, mas agora estou vivo para todo o sempre!  E tenho as chaves da morte e do Hades” (Ap 1:18).

E a Revelação prossegue o identificando como o Cordeiro que foi morto para comprar gente de toda tribo, língua, povo e nação (conforme Ap 5:9). 

 

Da mesma forma que João, o Batista já o tinha feito ao apresentar Jesus na ocasião do seu batismo como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (conforme Jo 1:29).

 

Será esse Cordeiro imolado que dominará a cena da Revelação e a sua glorificação estará no centro da narrativa.

 

Antes de prosseguir, contudo, deixe-me fazer uma citação de como ele se apresenta como autor nas cartas às igrejas do Apocalipse:

# A Éfeso como o “que tem as sete estrelas em sua mão” (Ap 2:1). 

# A Esmirna como o “que o Primeiro e o Último” (Ap 1:8).

# A Pérgamo como o “que tem a espada afiada de dois gumes” (Ap 2:12). 

# A Tiatira como aquele “cujos olhos são como chama de fogo” (Ap 2:18). 

# A Sardes como o “que tem os sete espíritos de Deus e as sete estrelas” (Ap 3:1).

# A Filadélfia como o “santo e verdadeiro, que tem a chave de Davi” (Ap. 3:7). 

# E a Laodiceia como o “Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o soberano da criação de Deus” (Ap 3:14).

 

Mas o importante sobre o Cordeiro, como personagem central do Apocalipse é a percepção de que ele – e somente ele – é Digno de toda a adoração. 

Esse será o tom que será executado como refrão por todo o conjunto da criação e dos remidos “assim pequenos como grandes” (Ap 19:5).

 

E ainda neste reconhecimento da dignidade do Cordeiro, a visão dos selos e sua respectiva abertura encaminha a certeza marcante no Apocalipse: Ele, o Cordeiro, é quem tem o controle e domínio da história humana e da consecução do Reino de Deus (comparar Ap 5:9-10 – o cântico – com abertura de cada selo a partir de Ap 6:1).

 

Então, seguindo Apocalipse, que possamos reconhecer o Cordeiro como o Personagem Principal de nossa história e a ele exclusivamente vamos entregar nosso louvor e adoração.

 

 

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terça-feira, 24 de agosto de 2021

APOCALIPSE – Cartas de alerta e consolo

  


A partir da leitura das cartas dos capítulos dois e três de Apocalipse, um paralelo deve ser feito para ao mesmo tempo nos alertar e consolar.  Como sempre o faz todo o texto de profecia.  E ela pode ser lida na relação entre o virei e o ao vencedor que se repete em cada carta.  Vejamos seguindo a ordem das cartas:

Para quem se esquece do primeiro amor, caso não haja arrependimento virei e removerei o candeeiro – sem arrependimento não pode haver o brilho do evangelho.  Mas ao vencedor será dado alimentar-se da árvore da vida – o que foi perdido pelo pecado será restaurado (Éfeso).

Aos que são fieis até a morte, virei e darei a coroa da vida.  E igualmente ao vencedor, este não sofrerá os danos da segunda morte – promessas de triunfo e glória (Esmirna).

Àqueles ainda que não se arrependem, fica o alerta: virei sem demora e pelejarei contra eles com a espada da minha boca.  Contudo ao vencedor será dado do maná escondido, uma pedra branca e um novo nome (Pérgamo).

Para os que não se dobram às seduções satânicas, não colocarei outra carga – as lutas da vida já lhe são bastante pesadas – e, na certeza de que virei, conservem o que já tendes.  E ao vencedor, o que guarda até o fim as obras santas, eis que lhe será dado autoridade sobre as nações (Tiatira).

Em todo o caso, fica o alerta de que virei como um ladrão, sem aviso – Apocalipse sempre anuncia a brevidade do tempo.  Ao vencedor fica a promessa de receber vestiduras brancas, não ter o nome apagado do Livro da Vida, mas ouvi-lo confessado diante do Pai (Sardes).

Permanece o alerta: virei sem demora, por isso é fundamental conservar a coroa para que ninguém a roube.  Restando a promessa ao vencedor que será estabelecido como coluna no santuário de Deus, além de receber um novo nome (Filadélfia).

E para a igreja que deixa Cristo do lado de fora é importante observar que virei e chamarei da porta, na esperança de alguns fieis ouvirem e abrirem me permitindo entrar e cear com eles.  A este, ao vencedor, desfrutará de se sentar no trono (Laodiceia).

(Extraído do livro TU ÉS DIGNO - Uma leitura de Apocalipse)

 

 

 

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