terça-feira, 17 de agosto de 2021

APOCALIPSE – modelos exegéticos


Como livro recheado de figuras e referências – muitas das quais já não se dispõe dos apontes originais – o livro de Apocalipse sempre se apresentou como um desafio enorme a qualquer intérprete e exegeta do texto sagrado.  Na tentativa de compreendê-lo, ao longo da história cristã, diversos estudiosos propuseram modelos exegéticos que intentaram dar respostas conclusivas quanto a um quadro “completo” que oferecesse uma chave para o texto.

Em geral, tais métodos de interpretação são tão diversos e abrangentes – alguns até confusos – que a própria catalogação deles não é uniforme.  Beasley-Murray classifica os modelos exegéticos de Apocalipse em quatro grupos: Preteristas – os eventos apocalípticos se esgotaram no passado; Historicistas – os eventos se iniciaram no passado, mas ainda estão em curso; Futuristas – todos os eventos ainda estão por ocorrer; e Poéticos – o texto é apenas uma visão poética do triunfo de Deus, sem qualquer ligação com eventos apocalíticos e históricos.

George Ladd apresenta um quadro similar, apontando também o método Preterista, o Histórico, o Poético, que ele chama de Idealista, e o Futurista. 

Na já clássica obra de Ray Summers, em seu segundo capítulo, ele apresenta uma relação de métodos de interpretação do Livro de Apocalipse em cinco classificações.  Futurista – o livro descreve eventos que terão lugar no porvir.  Continuidade-Histórica – prenúncio da história da igreja por meio de símbolos.  Filosofia da História – uma discussão das forças que subjazem aos acontecimentos.  Preterista – todo o livro já se cumpriu nos dias do Império Romano.  Formação Histórica – o autor escreveu primeiramente visando edificar os cristãos dos seus próprios dias.

Há ainda outras maneiras de abordagem do texto que podem ser citadas, como por exemplo o adotado por Onesimus Ngundu no Comentário Bíblico Africano que propõe entender a narrativa do Livro de Apocalipse a partir da concepção de um drama, e justifica:

Abordar o livro como um drama organizado em atos e cenas ajudará o leitor a decifrar e compreender esse texto difícil.  O esboço sugerido divide a obra em sete atos ou visões, cada um com sete cenas.  Alguns atos apresentam interlúdios e mudanças cenográficas.  Em vez de ler o livro de uma vez só, pode ser mais proveitoso considerá-lo ato por ato.

Contudo, seja qual for o modelo que se adote para a exegese do Apocalipse, para que ele seja coerente com o lugar e papel do texto dentro da literatura e cultura cristã, é indispensável que se considere a observação de Fee e Stuart: “O Livro está no cânon; logo, para nós é Palavra de Deus, inspirada pelo Espírito Santo”.  Esta deve ser a primeira e mais básica constatação na busca de compreensão e análise do texto de Apocalipse. 

Nesta perspectiva, não é possível – ou, pelo menos, não é válido nem honesto – apresentar uma proposta exegética, ou hermenêutica, sem que se o considere como parte integrante do Cânon cristão e, sendo assim, tendo que tratá-lo em sua relação intrínseca com os demais textos sagrados.  Ou seja, Apocalipse só se entende colocando-o dentro da Bíblia.

Ainda nas palavras de Fee e Stuart: embora não se deva esquecer dos aspectos ocasionais do Apocalipse, pois ele foi escrito primeiramente tendo em vista as “necessidades das igrejas específicas às quais é endereçada”, contudo, é indispensável que na exegese oferecida à igreja contemporânea se considere principalmente

O Apocalipse é a Palavra de Deus de consolo e encorajamento aos cristãos que sofrem, seja na Rússia, na China Vermelha, no Camboja, em Uganda ou qualquer outro lugar.  Deus está no controle.  Viu a labuta do seu Filho e ficará satisfeito.

 

Leia também o livro TU ÉS DIGNO - Uma leitura de Apocalipse.  Texto comovente, onde eu coloco meu coração e vida à serviço do Reino de Deus. Você vai se apaixonar por este belíssimo texto, onde a fidelidade a Palavra de Deus é uma marca registrada.


Disponível na:
AD Santos Editora

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