Como livro recheado de figuras e referências – muitas das quais já não se dispõe dos apontes originais – o livro de Apocalipse sempre se apresentou como um desafio enorme a qualquer intérprete e exegeta do texto sagrado. Na tentativa de compreendê-lo, ao longo da história cristã, diversos estudiosos propuseram modelos exegéticos que intentaram dar respostas conclusivas quanto a um quadro “completo” que oferecesse uma chave para o texto.
Em geral, tais métodos de interpretação são tão diversos e abrangentes – alguns até confusos – que a própria catalogação deles não é uniforme. Beasley-Murray classifica os modelos exegéticos de Apocalipse em quatro grupos: Preteristas – os eventos apocalípticos se esgotaram no passado; Historicistas – os eventos se iniciaram no passado, mas ainda estão em curso; Futuristas – todos os eventos ainda estão por ocorrer; e Poéticos – o texto é apenas uma visão poética do triunfo de Deus, sem qualquer ligação com eventos apocalíticos e históricos.
George Ladd apresenta um quadro similar, apontando também o método Preterista, o Histórico, o Poético, que ele chama de Idealista, e o Futurista.
Na já clássica obra de Ray Summers, em seu segundo capítulo, ele apresenta uma relação de métodos de interpretação do Livro de Apocalipse em cinco classificações. Futurista – o livro descreve eventos que terão lugar no porvir. Continuidade-Histórica – prenúncio da história da igreja por meio de símbolos. Filosofia da História – uma discussão das forças que subjazem aos acontecimentos. Preterista – todo o livro já se cumpriu nos dias do Império Romano. Formação Histórica – o autor escreveu primeiramente visando edificar os cristãos dos seus próprios dias.
Há ainda outras maneiras de abordagem do texto que podem ser citadas, como por exemplo o adotado por Onesimus Ngundu no Comentário Bíblico Africano que propõe entender a narrativa do Livro de Apocalipse a partir da concepção de um drama, e justifica:
Abordar o livro como um drama organizado em atos e cenas ajudará o leitor a decifrar e compreender esse texto difícil. O esboço sugerido divide a obra em sete atos ou visões, cada um com sete cenas. Alguns atos apresentam interlúdios e mudanças cenográficas. Em vez de ler o livro de uma vez só, pode ser mais proveitoso considerá-lo ato por ato.
Contudo, seja qual for o modelo que se adote para a exegese do Apocalipse, para que ele seja coerente com o lugar e papel do texto dentro da literatura e cultura cristã, é indispensável que se considere a observação de Fee e Stuart: “O Livro está no cânon; logo, para nós é Palavra de Deus, inspirada pelo Espírito Santo”. Esta deve ser a primeira e mais básica constatação na busca de compreensão e análise do texto de Apocalipse.
Nesta perspectiva, não é possível – ou, pelo menos, não é válido nem honesto – apresentar uma proposta exegética, ou hermenêutica, sem que se o considere como parte integrante do Cânon cristão e, sendo assim, tendo que tratá-lo em sua relação intrínseca com os demais textos sagrados. Ou seja, Apocalipse só se entende colocando-o dentro da Bíblia.
Ainda nas palavras de Fee e Stuart: embora não se deva esquecer dos aspectos ocasionais do Apocalipse, pois ele foi escrito primeiramente tendo em vista as “necessidades das igrejas específicas às quais é endereçada”, contudo, é indispensável que na exegese oferecida à igreja contemporânea se considere principalmente
O Apocalipse é a Palavra de Deus de consolo e encorajamento aos cristãos que sofrem, seja na Rússia, na China Vermelha, no Camboja, em Uganda ou qualquer outro lugar. Deus está no controle. Viu a labuta do seu Filho e ficará satisfeito.
Leia também o livro TU ÉS DIGNO - Uma leitura de Apocalipse. Texto comovente, onde eu coloco meu coração e vida à serviço do Reino de Deus. Você vai se apaixonar por este belíssimo texto, onde a fidelidade a Palavra de Deus é uma marca registrada.
Disponível na:
AD Santos Editora
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