terça-feira, 31 de maio de 2022

VOCÊ E SUA CASA – sobre Atos 16:31

 

 

A primeira observação é sobre a literalidade do texto bíblico.  Eu tenho por princípio de interpretação que toda leitura literal da Bíblia traz mais problema que solução.  E a compreensão fica prejudicada.

 

Quanto ao texto de At 16:31.

Vamos entender primeiro o contexto:  Paulo e Silas estavam presos por terem libertado uma garota da exploração religiosa.  Mas isso não foi motivo de queixa.  O texto diz que eles oravam e cantavam naquela situação.

Na sequência, um terremoto quebrou os grilhões dos presos – o que possibilitaria as fugas deles.

Observe que pelo direito romano, se um carcereiro deixasse escapar um prisioneiro ele, e sua família, assumiria a pena do condenado.  Então naquela noite o carcereiro sabia que a fuga implicaria na prisão e possível morte, sua e de toda a sua família.

Aqui chegamos ao versículo em questão:

 

Veja rapidamente os verbos gregos usados no verso:

Πίστευσον (de πιστεύω) – tenha fé.  Aqui no imperativo aoristo, indicando uma ordem direta para ser cumprida de maneira completa e definitiva.  Detalhe: está na 2ª pessoa do singular.

Σωθήσῃ (de σῴζω) – você será salvo / poupado.  Aqui no futuro simples do indicativo, indicando a previsão de um acontecimento.  Detalhe: também está na 2ª pessoa do singular.

 

Então eu traduziria assim a expressão apostólica:

 

“Tenha fé no Senhor Jesus, e você será poupado – e sua casa.”

 

Continuando a leitura do texto de Atos, depois (somente depois!) o evangelho foi apresentado e o carcereiro creu em Deus.  Completando-se o improvável milagre (frase redundante, pois todo milagre é improvável!): o medo da sentença romana deu lugar a alegria por Deus ter poupado a família do carcereiro.

 

A compreensão do texto, para que ele faça sentido, não aponta para uma promessa ampla de salvação espiritual e eterna estendida para minha família por eu ter pessoalmente crido em Jesus – esse conceito é estranho às doutrinas no NT.

O carcereiro foi poupado da lei romana porque, quando creu no Jesus que Paulo e Silas louvavam, ficou demonstrado que Cristo é maior e mais potente que o poderoso Império Romano.

E quando ele – e cada um de sua família – creu no evangelho pregado, ele teve acesso a graça eterna.

 

Mais leitura bíblica.  Sobre a salvação pessoal: acrescente textos como Ez 18 e Jo 1:11-13.

 

sexta-feira, 27 de maio de 2022

JESUS ERA RICO?

 


– Jesus era rico?

 

Eis aí uma questão interessante que já me levantaram várias vezes. 

E nesses tempos de pregação de prosperidade e polarização entre capital e trabalho a questão se mostra bem pertinente.

 

Do ponto de vista bíblico-teológico, como Deus, Jesus é dono de toda prata e ouro (leia Ag 2:8).  Também dele é a terra e a sua plenitude (leia Sl 24:1).

 

Mas quanto ao Jesus histórico?  O homem de Nazaré?  Era rico?

Vou tentar pensar um pouco.  Apenas apresentar algumas considerações e pensar, sem chegar necessariamente a alguma conclusão.

 

A questão da riqueza e pobreza no contexto social em que Jesus viveu é bem diferente do mundo em que vivemos – e por isso mesmo bem mais complexa.

Hoje vivemos num mundo capitalista.  Essa é a lógica do príncipe desse mundo que impera (penso em 2Co 4:3-4).  Essa lógica é estranha e desconhecida dos tempos bíblicos.  Então fazer uma análise da situação colocando parâmetros de comparação com o mundo moderno de aquisição, uso, acumulação e desfrute de bens é impossível.

Olhando, então para a questão no contexto em que ela aconteceu, vemos a Galileia e Judeia como províncias romanas extremamente exploradas e empobrecidas e que a grande maioria da população era carente de tudo.  Foi com esse povo que Jesus se identificou e levou a cabo seu ministério.

 

Outros pontos que geralmente acompanham essa questão:

(1) Os tesouros ofertados pelos magos (citados em Mt 2:11) não se constituíram um fundo inicial de capital para Jesus e seu ministério.  Isso é bíblica e historicamente estapafúrdio! É forçar demais a compreensão.

(2) Todos os principais estudantes do contexto da Palestina do século primeiro reconhecem que a profissão de carpinteiro (literalmente no grego de Mc 6:3 – τέκτων – um artesão ou mestre de obras) era uma ocupação desprestigiada e que quem a exercia se situava bem em baixo na pirâmide social.  Bem como a profissão de pescador de alguns de seus discípulos.

Além de que o conceito de classe média é inexistente no mundo antigo.  Ou você era da elite político-militar e religiosa, ou pobre explorado.  O conceito de classe média é uma inovação da modernidade.

(3) Dizer que Jesus dispunha de bens para usufruto porque “tinha credibilidade social” é no mínimo ignorância do modus vivendi de então.  Naquele contexto, muitos outros profetas e mestres perambulavam por ali e eram supridos pela população que os via como emissários de Deus e esperavam que eles subvertessem o domínio romano – é o que ficou conhecido como expectativa messiânica de Israel.  Então Jesus também foi visto, a princípio, como mais um candidato a mestre-messias, e assim foi suprido.

A diferença de Jesus sobre os outros mestres seus contemporâneos foi sua vitória final sobre a morte, o que deu impulso aos seus discípulos para levarem adiante sua proposta de fé e vida.

Quanto as mulheres citadas por Lucas (em Lc 8:1-3), elas colocavam a disposição de Jesus e de seu ministério recursos necessários.  Mas, embora o evangelista reconheça que pelo menos Joana era parte da elite de Jerusalém, o que caracteriza aquelas mulheres e as atrai para o grupo de Jesus não são as suas posses, mas o fato de terem sido curadas de espíritos malignos (verso 2).

No âmbito no Evangelho de Lucas, essa citação amplia a compreensão de que Jesus veio alcançar os desfavorecidos – incluindo as mulheres que tinham um papel em seu ministério.  Para aquele contexto social, faz muita diferença.

Realmente Jesus conviveu com toda sorte de pessoas: ricos e pobres, maus e bons, pecadores e convertidos.  A todos ele acolheu da mesma maneira (e foi criticado por isso).

 

É verdade que ele tinha também um administrador da bolsa no grupo (ladrão, por sinal – Jo 12:6).  Mas isso não indicava mentalidade de acumulação de capital.

É bom considerar também que o próprio Jesus fez a seguinte consideração: ... mas o Filho do Homem não tem onde encostar a cabeça (Lc 9:58).

Sobre a Teologia da Prosperidade: Tenho dificuldade em enxergar um pensamento assim em homens como João Batista, Estêvão, Pedro, João e outros dos quais o mundo não era digno (cito Hb 11:38 – nesse sentido, vale ler a galeria dos heróis da fé na perspectiva narrada a partir do verso 32 desse capítulo 11).

 

Deus abençoe sempre.

 

terça-feira, 24 de maio de 2022

OS GREGOS E A RELIGIÃO

 

Para conhecer um pouco da religião grega antiga e do sistema religioso que o envolvia – inclusive sua mitologia – é inevitável comparar com a nossa compreensão de fé e crenças.

 

Primeiro ponto: As fontes.  Na religiosidade grega antiga, eles não tinham um livro sagrado, ou compêndio (como os cristãos têm a Bíblia, ou o Islã tem o Alcorão).  Em geral as suas crenças estavam baseadas nas narrativas e nos mitos contados desde os antigos.

As principais fontes eram as obras de épicas de Homero: Ilíada e Odisseia, e de Hesíodo: Teogonia e Os Trabalhos e os Dias.

Mas, por volta do século II de nossa era, um autor que ficou conhecido como Pseudo-Apolodoro se propôs reunir as distintas narrativas em um único volume – ou sumário – que levou o título de Biblioteca (em grego: Βιβλιοθήκη).

 

Assim, quero convidar para uma breve observação (bastante breve!) sobre a religiosidade grega a partir das algumas palavras.

 

Religião θρησκεία (no NT grego aparece somente em At 26:5; Cl 2:18 e Tg 1:26-27).  O termo é usado desde os antigos para se referir à religião enquanto sistema de culto, ritual ou liturgia; a forma exterior da manifestação religiosa. 

Deusθεός e suas derivações: θεοί (plural) e θεά (feminino).  Deferentemente da ideia cristã de um Deus, os gregos criam em diversos e distintos deuses que abarcavam os vários aspectos da vida pessoal, social e política – eles eram politeístas.
A noção grega tratava como deuses tanto os seres que são relacionados a coisas não físicas – sentimentos, sensações – como a coisas físicas – céu, terra, oceano – e que influenciavam na vida, nas ações e no pensamento humano.
Basicamente, os seus deuses seriam as forças naturais, em forma e com hábitos, virtudes e defeitos humanizados, porém superiores ao ser humano, dotados de personalidade, vida e imortalidade.
Os relacionamentos, porém, entre os diversos deuses – e consequentemente os seus cultos – por vezes eram conflitantes e por vezes cooperavam entre si.

Panteão – literalmente: πάν + θεός = todo + Deus.  Assim, um lugar físico ou religioso onde se concentravam e se referiam a todos os deuses.   
A primeira referência no mundo grego a um panteão apareceu na cidade de Pérgamo onde construíram um templo para abrigar todos os deuses cultuados.

Mitoμυθός (essa palavra aprece no NT grego em texto como 1Tm 4:7, por exemplo).  O mito seria uma narrativa tradicional que tinha a função de explicar, ou justificar, a realidade que circundava a vida humana e lhe dar sentido e orientação.
Os gregos levavam a sério seus mitos e as interpretações desses.  Não pensavam como uma narrativa fantasiosa que contava uma história inverídica e improvável.
Nesse sentido o mito para os gregos seria tanto a base de sua religiosidade e culto, como o ponto de coesão da própria sociedade.

Oráculoμαντείος (nessa forma é ausente no NT grego).  Na antiguidade, se referia às fórmulas pelas quais os sacerdotes, adivinhos ou outros agentes de cultos respondiam às questões formuladas pelos fiéis. 
Daí, os santuários onde tais diálogos entre divindades e seres humanos eram facilitados.
As mais famosas portadoras de oráculos entre elas eram as pitonisas: sacerdotisas do templo de Apolo no Monte Parnaso.

Santoἅγιος (bastante citado no NT grego.  Por exemplo: 1Pe 1:16).  O significado que os gregos atribuíam a essa palavra se referia ao distinto, próprio, separado, diferente.  Daí os lugares que, em meio a outras edificações, eram designados aos deuses e as pessoas consagradas exclusivamente a eles.

Sagradoιερός (esse adjetivo é citado no NT grego em 1Co 9:13 e em 2Tm 3:15).  A origem do termo grego deve estar ligada ao conceito daquilo que é a própria natureza das coisas em sua essência e que “não se pode tocar” – daí o transcendente; que depois será atribuído às divindades.
Esse termo estaria ligado a uma ideia mais geral e dispersa do espírito e sentimento que move o ser humano ao contato com o sobrenatural e a reverência.

Consagradoὅσιος (no NT grego apenas em Hb 7:26 e Ap 15:4 / 16:5).  Em geral implicando naquele – ou naquilo – que era indicado ou sancionado por e para os deuses.  Seria o aspecto mais palpável da religiosidade, aquilo que o ser humano faz de concreto e objetivo e que lhe torna aceitável para os ritos sagrados.
Assim, essa palavra está em contiguidade ao conceito de ética, moralidade e conduta social.

Piedadeσέβεια.  Para os gregos seria aquilo que era feito na intenção das divindades.  Daí: εὐσέβεια – as boas ações ou piedade – e ἀσέβεια – as más ações ou impiedade.
Nesse conceito também o verbo venerar – σέβομαι – que seria o ato de adoração ou serviço de culto propriamente dito.

 

⋇ Na imagem lá em cima: um frame da Ilíada – Livro VIII, linhas 245-53, manuscrito grego, final do século V e começo do VI (fonte: wikipedia.org).

 

⋇ Aproveitando.  Eu já publiquei aqui no Escrevinhando alguns posts sobre a Grécia, sua cultura e religião.  Veja uma relação aí:

 

A Palavra de Deus – Logos ou Rhema?link

Amor em gregolink

As religiões de mistério na Grécia antiga link

O alfabeto helênico link

O Credo Apostólico – versão em língua gregalink

O culto cristão e a religiosidade grega link 1ª parte / link 2ª parte

O mundo no Novo Testamento link

Os deuses do Olimpo grego link

Palavras para culto link

Religião no Novo Testamento link

Situando o Apocalipse – O final do 1º século cristão link


sexta-feira, 20 de maio de 2022

ENNEA, A OVELHA

 


ENNEA, A OVELHA – o pior cenário

 

O Mestre Jesus era contador de histórias.  Numa delas, um homem que tem cem ovelhas percebe a falta de uma delas.  Na parábola, tal homem parte em busca da perdida...

 

Vou me dar aqui a liberdade para distender a parábola em fábula.  Libere sua imaginação comigo.

 

De tardezinha, durante a checagem das ovelhas, uma a uma elas foram se apresentando.  Mas hoje faltou a ovelha Ennea – de novo!

Conferido e reconferido.  Um suspiro quase com resignação.  E o Pastor sabe que precisa ir recuperar a desgarrada.

 

Enquanto esperam a volta do Pastor, a conversa segue no rebanho:

― Mulher! Você viu o que aconteceu com a Ennea?

― Tinha que ser a Ennea de novo! Aquela ali não se emenda!

― Eita ovelha que dá trabalho.

― Com aquelas ideias dela, não me admira que tenha se perdido.

― Essa Ennea não se emenda mesmo.

― E ainda esse Pastor que perde seu tempo indo catar aquela Ennea fujona.

― Você acha certo o investimento desperdiçado? 

 

Na conversa, há aquelas que parecem demonstrar interesse no rebanho:

― Agora, a gente fica aqui sem o olho do Pastor, enquanto ele está se desbandeirando atrás daquela tal.

― Se ela não quer compromisso e vive se perdendo, é melhor que nem volte para não contaminar o resto do rebanho.

 

Tem ainda aquelas ovelhas que se esmeram na legitimação do discurso.

― Saiu de nós por não era das nossas! Misericórdia!

 

Então, quando finalmente o Pastor volta trazendo Ennea estropiada, ela é recebida com desdém.

― Até que enfim apareceu.

― E ainda fica aí chorando, esperando que a gente sinta pena dela.

― Vamos ver o que ela apronta agora.

 

E enquanto o Pastor celebra a volta de Ennea ao rebanho, ela fica ali no canto, olhando as estrelas sozinha, tentando calcular onde a morte é mais dolorida: ou sozinha no deserto ou esquecida num canto do aprisco!?

 

Mas sempre há um cenário melhor...

 

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ENNEA, A OVELHA – o melhor cenário

 

O Mestre Jesus era contador de histórias.  Numa delas, um homem que tem cem ovelhas percebe a falta de uma delas.  Na parábola, tal homem parte em busca da perdida...

 

Vou me dar aqui a liberdade para distender a parábola em fábula.  Libere sua imaginação comigo.

 

De tardezinha, durante a checagem das ovelhas, uma a uma elas foram se apresentando.  Mas hoje faltou a ovelha Ennea – de novo!

Conferido e reconferido.  Um suspiro quase com resignação.  E o Pastor sabe que precisa ir recuperar a desgarrada.

 

Enquanto esperam a volta do Pastor, a conversa segue no rebanho:

― Mulher! Você viu o que aconteceu com a Ennea?

― A Ennea de novo! A gente precisa prestar mais atenção naquela menina.

― Ela estava aqui com a gente o dia todo.  É gente nossa.

― Ela às vezes é muito distraída.  Mas sua alegria é contagiante.

― Com aquelas ideias dela, tem sempre uma conversa boa.  E faz a gente pensar.

― Essa Ennea faz falta mesmo.

― E ainda bem que o Pastor foi catar aquela Ennea.

― Espero que ache logo.

 

Na conversa, há aquelas que parecem demonstrar interesse no rebanho:

― Agora, a gente precisa se cuidar enquanto o Pastor está ocupado dando atenção a Ennea.

― Se ela precisa mais agora, devemos todas preparar para que ela se sinta parte do rebanho de novo.

 

Tem ainda aquelas ovelhas que se esmeram na legitimação do discurso.

― Mesmo no vale da sombra da morte, o Pastor está conosco.  Aleluia!

 

Então, quando finalmente o Pastor volta trazendo Ennea estropiada, ela é recebida com alegria.

― Ainda bem que apareceu.

― E ainda está machucada, vamos ajudar a cuidar dela.

 

E enquanto o Pastor celebra a volta de Ennea ao aprisco, ela fica abraçada pelas irmãs, olhando as estrelas e tendo certeza que, mesmo se perdendo de vez em quando, o seu lugar é ali no rebanho.

 

― Vê lá: em que cenário você se enquadra!?

 

(Na imagem, um rascunho da Ennea,
feita num guardanapo pelo excelente desenhista Lucas Thomas,
enquanto conversávamos numa lanchonete aqui em Aracaju
)

 

terça-feira, 17 de maio de 2022

OS HUMANOS E O MUNDO ALÉM

  

– A vida se acaba nessa existência?

– Tudo o que existe está ao alcance do conhecimento e dos sentidos?

 

Sem respostas objetivas para tais dilemas – tendo apenas a fé, e as suas narrativas mitológicas – as mais diversas culturas humanas lidaram com essas questões ao longo da história.

Quero aqui, então, mexer um pouco com esse conceito.  Entendo que é interessante conhecer um pouco no que criam algumas das antigas civilizações.

Veja aí três exemplos que colhi entre os povos vizinhos do mundo bíblico:

 

MESOPOTÂMIA –

O principal texto da mitologia da Mesopotâmia foi o Enuma Elish, cujo personagem principal era o lendário rei Gilgamesh.  Na narrativa, o herói humano, revoltado com a morte do seu amigo Enquidu, resolve ir à procura de respostas entre os deuses e lá descobrir que seu destino estaria definido pelas divindades.  Nestas palavras:

A vida que procuras, não a encontrarás.
Quando os deuses criaram a humanidade,
deram-lhe a morte como destino;
a vida, eles a guardaram em suas mãos.
(...)
Esse é o destino da humanidade.

 

EGITO –

A crença na vida após a morte era um aspecto fundamental na religião e cultura egípcia.  Isso explicava, inclusive a preocupação dos egípcios com a conservação dos corpos.  Eles afirmavam que continuidade da vida estava condicionada a sua preservação na terra.  Desse ponto de vista, era necessário que os corpos fossem cuidados, por isso os egípcios mumificavam seus mortos.

No panteão egípcio o seu principal deus era Osiris.  Ele tinha a incumbência de conduzir os mortos pelos portais do além-vida e fazia isso na Sala das Duas Verdades, onde se procedia à pesagem do coração.

Os ritos funerários eram regidos pelo Livro dos Mortos, uma coletânea de hinos, encantamentos, orações e fórmulas mágicas que eram copiados em rolos de papiros e colocados junto às múmias dos mortos, em seus túmulos.

 

GRÉCIA –

Pelas crenças gregas, as almas dos heróis, após a morte, seriam encaminhadas aos Campos Elíseos para repousarem com dignidade.  Mas aos inimigos do Olimpo era destinado o Tártaro, um lugar na parte inferior do mundo dos mortos onde se sofria tormentos e castigos eternos.

O deus responsável pelo mundo inferior era Hades, um dos filhos originais dos Titãs Cronos e Reia.  A seu serviço estava Caronte, o barqueiro que tinha o trabalho de conduzir as almas dos mortos ao mundo inferior – o reino de Hades.

Curiosidade – a versão grega do Antigo Testamento e o Novo Testamento citam a palavra grega Hades (gr. ἅδης) como uma referência ao lugar/estado de destino dos humanos após a vida aqui.

 

Mas, em face da morte, o apóstolo Paulo declara sem rodeios:

A morte foi engolida na vitória.
(1Co 15:54)