Esse é um tema bastante interessante e abrangente,
principalmente para nós batistas que cuidamos do batismo como algo relevante em
nossa compreensão cristã.
Antes de chegar ao texto aos Coríntios que você
citou, penso que é interessante entender o que citamos como batismo.
O dicionário define o termo batismo como “ritual
de purificação ou iniciação em que se mergulha em água a pessoa a ser batizada”
ou ainda “ato ou efeito de ser admitido num grupo, partido, religião” (infopedia).
Sobre como nós batistas compreendemos o ritual e a
importância do batismo, sugiro a leitura dos artigos escritos pelo Pr. Isaltino
Gomes Coelho Filho: “O Batismo Consciente de Crentes”
(link) e “Batismo e Ceia como Ordenanças e não como Sacramentos” (link).
Ainda como sugestão, uma resposta minha sobre esse tema pode ajudar na
reflexão: “Sobre a Autoridade no Batismo” (link).
Outra informação para enriquecer: no grego do NT os termos relativos são:
+ Βαπτισμός – substantivo que traduz literalmente imersão;
descreve o ato de mergulhar. Em Cl 2:9
Paulo usa essa palavra para se referir ao símbolo do sepultamento contido no
ritual do batismo.
+ Βάπτισμα – esse substantivo indica a pessoa
que mergulha. Lucas (em 3:3), usa
esse termo para indicar o batismo de João como resultado do arrependimento.
+ Βαπτίζω – o verbo batizar, mergulhar,
imergir é usado cerca de 90 vezes no NT.
É esse verbo que Paulo usa no texto de Coríntios.
+ No AT não encontramos nenhuma palavra ou
expressão que indique algo assim. Talvez
os regulamentos sobre as lavagens rituais de purificação em Levítico (veja por
exemplo Lv 15:27 ou 17:16), mas, com certeza, o contexto e as implicações são diversos.
Também: no
conceito que temos como batistas – a partir da leitura bíblica – não houve
batismo no AT. Tal prática começou no período
entre os Testamentos, era praticado por diversos grupos contemporâneos, foi
adotado a partir de João, ordenado por Jesus a partir de sua própria interpretação
e se tornou padrão na igreja primitiva (sugiro ainda a leitura do artigo: “A Didaqué e o Culto" – link).
Assim, vamos ao texto citado.
A partir do capítulo 10, o apóstolo Paulo está
argumentando que não se deve tentar a Deus, duvidando dele e nem desconsiderando
suas manifestações. E para isso ele usa
dos exemplos históricos dos israelitas.
Aqui a figura do batismo serve de exemplo. Os filhos de Israel estiveram cobertos pelas manifestações
divina – como nos casos da passagem do mar ou da nuvem que os cobriu
(mergulhados nas águas divinas!), bem como comeram do pão espiritual e beberam
da água da pedra.
Ora, apesar de todas essas sinalizações, os
israelitas provocaram o desagrado de Deus com suas murmurações e, por isso,
foram prostrados no deserto.
E tudo
isso, na argumentação apostólica, deveria servir como exemplo e aviso para nós
cristãos que, mesmo tendo sido batizados em Cristo, não devemos tentar o Senhor
com nossas murmurações e incredulidade.
Ao que Paulo conclui:
“Quem pensa que
está firme em pé, fique atento para não cair”
(1Co 10:12)