No
calendário litúrgico cristão o domingo que antecede a Páscoa é considerado como
o Domingo de Ramos. O motivo da celebração é que num dia como
este Jesus entrou em Jerusalém montado em um jumento e foi saudado pela
multidão que estendia seus mantos e colocava ramos de oliveiras para que ele
passasse.
Considerando
o evento, e relembrando a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, vejamos o que
o gesto da multidão pode nos dizer. Pela
Bíblia sabemos que o ato de Cristo foi cheio de simbolismos e significados. Também supomos que a multidão naquele dia
talvez nem tivesse consciência de todos eles. Mas os evangelistas tinham aprendido algumas
lições, e são elas que vamos procurar (as citações estão nos quatro evangelhos:
Mt 21:1-11 / Mc 11:1-11 / Lc 19:28-40 / Jo 12:12-19).
Jesus
vinha de Betânia – cerca de 3 km de Jerusalém – e ordenou que lhe
providenciassem uma montaria para entrar na cidade. Montado num jumentinho, Jesus cumpriu mais uma
profecia e foi aclamado como rei em Jerusalém (veja em Zc 9:9). O primeiro destaque dos evangelista é a
aclamação. Jesus veio inaugurar o Reino
de Deus (leia Mt 12:28 e Jo 18:36-37), e com esta atitude ele estava requerendo
para si o reino. Os evangelistas sabiam
disso e nos ensinam que devemos reconhecer a Cristo como o verdadeiro soberano:
a ele se deve respeito, reverência e obediência.
Como
desdobramento deste reconhecimento real, os evangelistas nos contam que a
multidão estendeu seus mantos e forrou o chão com ramos e palmas de oliveiras
para a procissão real. Esta é uma
atitude que revela submissão. Com isto
estão nos ensinando que como súditos do reino eterno precisamos colocar tudo a
disposição do Rei e de sua vontade. Se
Cristo é Rei – e assim também professamos – então que prevaleça a sua vontade
(além da citação de Mt 6:36 na qual Jesus instrui neste sentido, a palavra de
Maria em Jo 2:5 ilustra esta atitude).
Contudo,
o que mais chama a atenção na narrativa é a alegria e o louvor da multidão. Não importa se havia uma compreensão histórica
exata daquele momento; a verdade é que o povo usou as palavras do Sl 118:26
para saudar o novo rei que adentrava na fortaleza de Jerusalém (isso lembra
Davi em 2Sm 5:7). A presença do Rei dos
reis, e sua entronização em glória no meio do seu povo, tem que ser motivo de
júbilo e cânticos de adoração (veja a poesia do Sl 24:7-10).
Mesmo
sabendo que poucos dias depois ele passaria pelo suplício, mas a atitude de
quem tem certeza de que nosso Deus é um Rei vitorioso é atitude de louvor
(reconheça e cante ao rei como o salmista no Sl 47:7).
Que
este Domingo de Ramos seja mais que uma data em nosso calendário litúrgico;
seja uma ocasião de estendermos nossos mantos e palmas em reconhecimento ao Rei
Jesus, em alegria e adoração pelo seu Reino entronizado em nós.
(Publicado originalmente na véspera da Samana
Santa de 2009 no sítio ibsolnascente.blogspot.com. Aqui com pequenas correções e adequações. A imagem lá em cima eu achei na página karolpoerner.blogspot.com.br)
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