Em nossa tradição Batista, o tempo da Quaresma não é guardado com os
rigores rituais, como em outras tradições cristãs. Na verdade, seguimos poucas – quase nenhuma –
anotações litúrgicas em nossas vivências eclesiásticas.
Mas, a saudável convivência com cristãos de outras matizes não nos
permite ficar alheio a esse tempo.
Então, para conversar sobre esse tema, entendendo-o melhor, creio que
preciso voltar um pouco às origens.
No início, os seguidores de Cristo guardaram com atenção a lembrança dos
eventos pascais, mas não deram muita atenção ao calendário. Assim, nos primeiros séculos tal guarda não
era padronizada.
Foi somente no ano 325, em Niceia, que decidiram essa questão. Ficou estabelecido que os cristãos deveriam
celebrar sua Páscoa no domingo que segue a primeira lua cheia da primavera
(estavam no hemisfério norte), sendo precedido das liturgias da Semana Santa –
em especial a Sexta-feira da Paixão.
Assim se ajustou a mais importante data de celebração de todo o
Calendário Cristã: a morte e a ressurreição de Jesus Cristo.
Como um tempo de preparação para a Páscoa, ficou demarcado um período de
40 dias, quando as práticas de orações, jejuns, penitências e outras disciplinas
cristãs deveriam ser praticadas como prioridade: a QUARESMA.
A estipulação do número 40 é significativo porque nas narrativas
bíblicas ele representa um tempo de expectativa, teste e aprovação divina. Por 40 anos o povo peregrinou no deserto (Nm
32:13), 40 dias e noites Moisés ficou no monte para receber as leis (Ex 26:21),
também Elias caminhou até Horebe (1Rs 19:8) e após seu batismo Jesus permaneceu
por 40 dias no deserto sendo tentado (Mc 1:13).
E, abrindo esse tempo espiritual, tudo deve começar com as cinzas da
quarta-feira como símbolo de arrependimento, tristeza pelo pecado e de
consagrado e quebrantamento (entendo que Jó 42:6 relata bem essa vivência).
Assim, depois de rascunhada essa resenha histórico-espiritual devemos
nos achegar a Quaresma como quem busca dar significado à jornada cristã.
Os eventos do Calvário têm de ser o ponto focal de nossa fé. E à medida que nos aproximamos de sua
celebração, nossa agenda e calendário devem apontar nessa direção e nos atrair
a ele.
Independente da marcação litúrgica e dos paramentos que acompanham, o
tempo da Quaresma deve nos levar das cinzas à Paixão, da culpa ao perdão, da
solidão ao abraço, da guerra à paz, do deserto ao jardim, da morte para a vida.
Assim, nesse tempo da Quaresma nos somamos a irmãos e irmãs cristãos –
essa tão grande nuvem de testemunhas – que, ao redor do mundo, agora buscam
deixar o embaraço e o pecado e se voltam olhando unicamente para Jesus, o autor
e consumador de nossa fé (considere o fraseado de Hb 12:1-3).
Data muito especial para a igreja. Tempo de reflexão
ResponderExcluirQue esse tempo nos leva para mais perto da cruz.
ExcluirAbr
Boa essa palavra pastor, como seria uma quarentena nos dias de hj? Penso que o quebrantamento seria o mais adequado.
ResponderExcluirCertamente todo tempo e oportunidade que nos aproximamos do Cristo da cruz nossa vida se molda ao seu projeto. Assim deve ser nossa Quaresma.
ExcluirAbr
Excelente texto pastor. Parabéns pela escrita!
ResponderExcluirObrigado querido.
ExcluirA glória seja a Cristo que se entregou completamente. E que possamos celebrar nesse tempo seu amor infindo.
Abr.
Bênção!!!!
ResponderExcluirAleluia!!!
ExcluirAMÉM!! GLÓRIA A DEUS, que possamos sempre buscar ao Senhor.
ResponderExcluirDeus te abençoe sempre.
Amém, querido.
ExcluirSeja essa a nossa meta e desafio nesse tempo de quaresma.
Abr