terça-feira, 29 de novembro de 2016

UNS AOS OUTROS

Dediquem-se uns aos outros com amor fraternal. 
Prefiram dar honra aos outros mais do que a si próprios.
(Rm 12:10)

A expressão uns aos outros (em grego: ἀλλήλων – 'allelon') é um pronome recíproco plural que, no NT grego, aparece 24 vezes somente nas cartas paulinas.  Para ajudar na compreensão do significado e da força do termo original, veja aí um resumo das instruções apostólicas:

Interdições:
# Julgar – Rm 14:13
# Devorar – Gl 5:15
# Invejar – Gl 5:26
# Mentir – Cl 3:9
Instruções:
# Amar – Rm 12:10 / 1Ts 4:9
# Receber – Rm 15:7
# Servir – Gl 5:13
# Suportar – Ef 4:2 / Ef 5:21 / Cl 3:13
# Perdoar – Ef 4:32 / Cl 3:13
# Consolar – 1Ts 4:18
# Admoestar – Rm 15:14 / Cl 3:16 / 1Ts 5:11
# Saudar com ósculo – Rm 16:16 / 1Co 16:20 / 2Co 13:12

* E só pela curiosidade.  A palavra em português paralelo – igual em espanhol: paralelo; em italiano: parallelo; em francês: parallèle; e até em inglês, holandês e alemão: parallel – todas derivam desta expressão grega: παρά + ἀλλήλων, cuja tradução livre seria: um ao lado do outro.  Ah! Sim! Antes que me esqueça, em grego moderno a expressão é παράλληλο.


sexta-feira, 25 de novembro de 2016

CONHECE-TE A TI MESMO

Ao abordar o tema da Ceia do Senhor, sua doutrina e prática, o apóstolo Paulo incluiu a seguinte instrução: Examine-se cada um a si mesmo (a instrução completa está em 1Co 11:17-34 e especificamente o verso 28).
Ao trazer este tema para o contexto da celebração cristã, Paulo estava dizendo compreender que embora a Ceia seja um momento essencialmente gregário, daí ser comunhão e requerer comunidade, ela, como toda a celebração, adoração e culto público pressupõe que antes deve haver a experiência do quarto fechado (é como se dissesse que o convite do Sl 34:3 só acontecerá depois de cumprido Mt 6:6).  Assim, hoje, quando trago os elementos para a Mesa do Senhor na comunhão da igreja devo primeiramente já ter comungado como Pai que vê em secreto.  E o que isso quer me dizer?
Inicialmente que toda relação com Deus é individualizada em sua origem.  Embora o próprio Jesus tenha pregado às multidões e tenha reunido uma igreja, seu convite ao relacionamento é unitário (nos evangelhos sinóticos temos o desafio da cruz individual – Mt 16:24; Mc 8:34 e Lc 9:23).
Posso acrescentar a ilustração do novo nascimento dita a Nicodemos (em Jo 3:3) como algo extremamente individual; bem como a argumentação profética sobre a responsabilidade pessoal (em Ez 18).
Na Ceia do Senhor sou confrontado individualmente com o crucificado e meu relacionamento com ele é profundamente avaliado.  Como Deus fez com Adão (lembre Gn 3:8-9); minha história, meus compromissos e prioridades, minha fé, tudo o que tenho e sou deve ser pesado diante da cruz para que então, e só então, eu possa comer dignamente da Ceia.
Mas é aqui que detecto o problema: assim como Paulo confessou aos Romanos, embora conheça e deseje fazer o bem, o mal insiste em me rodear (leia Rm 7:18-25).  Na Ceia reconheço-me miserável pecador e por isso mesmo suplicante e carente da graça que vem de Jesus e que me livra do corpo sujeito à morte.
Assim, diante do que percebo após o auto-exame, só me resta uma única alternativa: fazer minha a oração do salmista:
Sonda-me, ó Deus;
e conhece o meu coração;
prova-me, e conhece as minhas inquietações.
Vê se em minha conduta algo te ofende,
e dirige-me pelo caminho eterno.
(Sl 139:23-24)
Comamos e bebamos na Mesa do Senhor com esta oração no coração e uma canção nos lábios, para sua glória.

(Publicado inicialmente em 13 de novembro de 2009 no sítio ibsolnascente.blogspot.com)

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Os Grandes Princípios Batistas – BATISMO E CEIA COMO ORDENANÇAS E NÃO COMO SACRAMENTOS

Sacramento é o ato religioso que santifica ou confere graça a quem o recebe.  Ordenança é o reconhecimento de quem uma determinada ordem foi atribuída a alguém.  Há uma diferença muito grande entre os dois.  A idéia do batismo e da ceia do Senhor como sacramentos data do quarto século.  E veio um desdobramento: por serem ritos mágicos, eles necessitam de uma classe especial de pessoas.  Por isso, com o sacramento veio logo o surgimento de um clero.  Para a Igreja Católica, os sacramentos são sete: batismo, confirmação, eucaristia, penitência, extrema-unção, ordem e matrimônio.  São elementos que conferem graças.
Os batistas entendem que Jesus deixou duas celebrações que as igrejas devem observar: o batismo e a ceia.  Não transmitem graça, mas são atos de celebração da fé.  O batismo celebra e testemunha nossa conversão a Cristo e proclama a disposição de uma vida com ele.  A ceia celebra a morte vicária de Cristo e anuncia sua volta.  Alguns outros pequenos grupos batistas adotam, ainda o lava-pés.  Mas são poucos.
Já falei um pouco sobre batismo.  Abordamo-lo aqui apenas pelo ângulo de não ser um sacramento.  Falo, então, da ceia.  A postura católica é a da transubstanciação: o pão e o vinho se transformam no corpo e no sangue de Cristo.  Isso se dá quando do ofertório, na missa, quando o padre oferece os elementos a Deus.  Eles são transformados.  Por isso, não chame o momento de dízimos e ofertas de “ofertório”.  A menos que haja lá algum padre que esteja transformando os elementos no corpo e sangue de Cristo.  Os batistas não têm “ofertório”.  Têm “devolução dos dízimos”.  “Devolução” porque dízimo não se paga nem se dá.  Devolve-se.  Não é nosso, é de Deus e veio à nossa mão por algum momento.
Lutero adotou a consubstanciação: o pão e o vinho não se transformam no corpo e sangue de Cristo, mas Cristo está com a substância.  Zuínglio defendia a presença espiritual de Cristo quando da celebração da ceia.  Os batistas não aceitam nenhuma destas posições.  Entendem ser um memorial.  Baseam-se nas palavras de Jesus: “fazei isto em memória de mim”.  Batismo e ceia não conferem graças, mas testemunham de nossa fé.  Por isso que não chamamos a ceia de “santa ceia”.  Não chamamos o batismo de “santo batismo”.  O valor da cerimônia não está na sua possível santidade, mas no seu sentido.
É preciso reafirmar nossa posição anti-sacramentalista, porque vemos hoje o regresso desta prática, metamorfoseada pelo neopentecostalismo, no meio das igrejas evangélicas.  O cenário evangélico atual apresenta um cenário com elementos mágicos e sagrados presentes.  Há igrejas distribuindo sal do mar Morto para “abrir caminho”, azeite que teria vindo do monte das Oliveiras sendo usado para ungir as pessoas (há alguma usina de beneficiamento de azeitonas lá?) e até crucifixos feitos da cruz de Jesus (pastores evangélicos, sim!).  Generaliza-se a prática de beber água de um copo devidamente benzido pela oração do pastor, tão supersticiosa como a água benta do padre.  Uma pessoa alegou que se sentiu bem depois de beber daquela água.  É a figura sacramental: o sentimentalismo e a sensação ocupam o lugar da Bíblia.  Há um fetichismo em nosso meio: terra santa, areia santa, água santa, sal santo, folha de oliveira santa, etc.  No cristianismo as pessoas são santas, e não as coisas.  No cristianismo não há lugares e objetos santos.
Considerar objetos como sagrados leva a santificá-los.  Aí surgem duas irmãs gêmeas: a idolatria e a superstição.  Por isso reafirmemos: não temos sacramentos e repudiamos a espiritualização de símbolos e de gestos.  O transmissor de graça é o Espírito Santo.  Ele habita em nós, se somos convertidos.  Se alguém não é, pode se afogar nas águas do Jordão, ficar com barriga d’água de tanto beber água ungida pela oração do pastor, que isso não adiantará nada.  A fé deve ser posta em Deus e não em coisas nem em gestos nem em ritos.  Um batista que preze sua identidade não se envolverá com o fetichismo neo-sacramentalismo pentecostal.

Extraído de uma palestra preparada pelo Pr.  Isaltino Gomes Coelho Filho (1948-2013) para um congresso doutrinário em Altamira, Pará, novembro de 2009.

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

CULTUANDO COM TRAJES SANTOS

Quando convocares as tropas,
o teu povo se apresentará voluntariamente.
Trajando vestes santos, desde o romper da alvorada
os teus jovens virão como o orvalho.
(Sl 110:3)
O Sl 29:2 em nossa versão mais tradicional nos instrui: "Tributai ao Senhor a glória devida ao seu nome; adorai o Senhor vestidos de trajes santos".  Sem entrar nas questões teológicas ligadas a estes trajes santos, gostaríamos de comparar com o que Jesus disse: "Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus" (Mt 5:16).  Assim observamos que em ambos os textos o que pode nos chamar a atenção é o fato de que o tributo de adoração ao Senhor tem que ser revestido de caráter de santidade que aponte para a glória de Deus.  Ou seja: Todo o nosso comportamento – inclusive a roupa que colocamos para vir adorar – deve fazer de nós verdadeiros adoradores e levar as pessoas que conosco estão a se voltarem ao próprio Cristo em glorificação.
Mas devemos também partir para uma visão mais abrangente das colocações feitas pelo Mestre.  O que eu faço – as obras – durante as celebrações devem visar exclusivamente a glória de Deus, assim todo o estrelismo tem que ser descartado; toda carnalidade extirpada; todo mundanismo abolido.  Vale acrescentar que a tecnologia pode ser um aliado interessante na adoração, contudo: nem pode tomar o lugar do adorador, nem pode ser um fim em si mesma, nem deve servir para distrair a atenção de quem busca a Deus.
Em trajes e atitudes santos compareçamos diante de Deus para adorá-lo.

(do livro "No Baú da Adoração" publicado em 2004)

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

A VARA E A DISCIPLINA

Novamente recebido nas redes sociais:

Compartilho a resposta:

Oi querida, a paz.

Li seu questionamento sobre a vara o seu uso na disciplina e me ocupei um pouco pensando nele.  Sei que já se passaram alguns dias, mas creio que ainda podemos refletir sobre ele – a Palavra de Deus é sempre atual e relevante.
E é exatamente deste ponto de partida que quero começar: atual e relevante.
Muito se tem falado e discutido sobre o tema da vara e da disciplina.  Alguns ignoram o texto sagrado, enquanto outros citam a Bíblia de maneira simplista e literal – o que penso não ajudar em nada.  Mas ela – a Bíblia – é necessariamente nossa única regra de fé e prática.  E como Palavra Revelada continua "atual e relevante".
Vamos às considerações:
Você citou os textos de Pv 13:14 (acho que deveria ser o verso 24); 22:15 e 23:13-14.  Eles não são os únicos que tratam do tema, mas vamos trabalhá-los um pouco.
A palavra que costumeiramente traduzimos como vara nestes textos é o hebraico שבט (sebet), que o dicionário traduz como: vara, cajado, bordão, bastão ou ainda cetro.  O objeto em questão pode indicar tanto o cajado que um pastor usa no seu trabalho de pastoreio (e aqui teremos diversas aplicações – voltarei a elas) como o símbolo régio (acho que não é o caso aqui).
Ainda sobre a palavra em si: ela é a mesma que encontramos no Sl 23:4 – a tua vara e teu cajado me consolam.
Volto depois a caminhar com o Salmo 23.
Por ora, vamos considerar o ato de disciplina corretiva necessária, conforme indicado no contexto bíblico. 
A primeira verdade a enfatizar é que, sempre no texto bíblico, Deus e suas atitudes são o nosso padrão.  E o que lemos em Hb 12:6 é que o Senhor corrige quem ama e traz açoite a quem recebe por filho.
Eu sei que o contexto sócio-histórico era outro e por isso não adianta buscar palavras literais na intenção de encontrar uma compreensão adequada para o texto.
Olhando para o texto aos Hebreus, a argumentação é sobre a relação entre filiação humana e paternidade divina.  O exemplo é do próprio Cristo que pelo gozo que lhe estava proposto suportou a cruz.  Este é o nosso modelo.  Então a ênfase do texto não está na punição, mas em suportar a correção – já que herdamos a filiação – para que finalmente alcancemos um fruto pacífico de justiça (recomendo a leitura de todo o texto: Hb 12:1-11).
Sei que o tema é complexo e talvez tenha que me alongar mais um pouco, vamos lá:
Tem ainda a citação de Pv 19:18 que traz uma instrução categórica sobre corrigir com castigo o filho, mas nunca a ponto de feri-lo.  À isto acrescente a recomendação paulina de Ef 6:4 de não provocar a ira dos filhos.  Este é um caminho de exegese.
Entendo que já dá para perceber que o contexto geral da Palavra de Deus é sobre corrigir, inclusive com ações físicas, se necessárias, mas que todas estas ações sejam motivadas pelo amor paternal – como é o exemplo divino – e que sempre se mantenham um limite.
Sobre a prática da punição, aproveito uma citação do John Piper, que, se não for conclusiva, pelo menos é bastante elucidativa:

“Bater é uma aplicação controlada de um ato não danoso de dor branda que faz a criança ver a seriedade do que ela fez”. Além do mais, é importantíssimo ressaltar que a base da educação de filhos cristã não está na disciplina corretiva (vara), mas formativa (ensino e diálogo):
“Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR.  Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força. Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te.” (Dt 6:4-7).

Mas, e a vara em si?  Aqui quero chegar no que jugo ser o principal na compreensão do tema.  E para isso volto ao Salmo 23.
A vara com a qual o meu Pastor Sublime me conduz (acho que tange seria apropriado!) é a demonstração palpável de seu cuidado.  É o pastoreio que me toca, indica o caminho das águas tranquilas, serve de referência enquanto ando pelo vale da sombra da morte e, quando indispensável, ela é usada para me trazer de volta, ainda que para isso tenha que me puxar com força!
Ora se o objetivo primário motivado pelo amor pastoral é trazer a ovelha para o redil, então trazer dor física, moral ou espiritual e deixar sequelas está completamente fora de questão – seria um contra-senso!
Ou seja, a vara é indispensável na formação de nossas crianças, mas que ela seja como a do Pastor Eterno.
Sugiro aqui considerar novamente Hb 12:6 e mais ainda Pv 3:12.

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

INTIMIDADE

Intimidade e privacidade são conceitos que a pós-modernidade banalizou a tal ponto que parecem não trazer mais significado ou importância alguma.  Por dinheiro, por exibicionismo ou por pura curiosidade muitos hoje em dia rompem as barreiras do público e do privado fazendo com que ambos os mundos percam seus valores.
Quando olho para este tema porém à luz da Bíblia meus olhos são levados a instrução de Cristo: entra no teu quarto ... (veja o verso todo de Mt 6:6).  É a experiência do quarto fechado, como costumo chamar, que me dá toda a relevância do conceito de intimidade no âmbito de minha vivência cristã.
A princípio e só para enfatizar, Jesus deixa claro que tudo começa lá no quarto fechado.  Só quem passou por ele e que sabe o que é privar da intimidade com o Senhor que saberá quão significativa é a sua fé, sua comunhão com Deus e sua adoração.
Mas, com base no texto, vamos implicar alguns pontos: O que é preciso para a intimidade do quarto fechado?  Qual a sua abrangência?  Quais os resultados?
Jesus começa tratando do assunto com a seguinte indicação: ... feche.  É preciso ter atitude e disposição para ir ao encontro da intimidade com Deus, fechando a porta exterior e se deixando ser levado pela companhia sagrada.
Na história bíblica muitos assim fizeram.  Abraão ofereceu seu filho; Moisés subiu ao monte; Elias caminhou quarenta dias; Paulo esteve no deserto por três anos; além do próprio Cristo que por várias vezes trocou o sono da noite por horas na intimidade com o Pai.
O texto também chama a atenção que é no quarto fechado que o nosso Pai nos vê em secreto.  É lá onde todas as máscaras são tiradas e ficamos completamente expostos diante do amado.  Não há segredos na intimidade com Deus e ainda assim somos aceitos e queridos nesta presença.
Davi no Salmo 139 descreve tal desnudamento na presença divina como só quem já desfrutou de tal intimidade pode falar: Senhor, tu me sondas e me conheces.
E Jesus conclui: seu Pai o recompensará.  O resultado da intimidade com o Pai no quarto fechado é a certeza de que estamos bem onde o Senhor nos quer, e isto é satisfação garantida; é alegria eterna; é sentido na vida; é o Pai nos cobrindo com sua recompensa.
Quando desfruto de tão bendita intimidade, então – e só então – sei que meu trabalho não é vão no Senhor e que minha adoração sobe em cheiro suave ao trono da graça.
Que o Senhor nos leve a esta intimidade, pois lá é nosso lugar.

(Em 25/09/2009 este texto veio a tona pela primeira vez no sítio: ibsolnascente.blogspot.com)

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Os Grandes Princípios Batistas – A SEGURANÇA ETERNA DOS SALVOS

Esta é outra herança teológica preciosa dos batistas.  A Declaração Doutrinária afirma: “O preço da redenção eterna do crente foi pago de uma vez por Jesus Cristo, pelo derramamento do seu sangue na cruz”.  Chamo a sua atenção para as expressões “redenção eterna”, “pago de uma vez” e “pelo derramamento de seu sangue na cruz”.  A salvação é eterna.  Não é temporária nem parcial.  O assunto foi resolvido de uma vez por todas na cruz.  Cristo não deu uma entrada e deixou as prestações para pagarmos.  Pagou tudo, de uma vez.  Seu sacrifício foi suficiente, único, irrepetível e perfeito.  E o preço pago por ele foi seu próprio sangue.  No processo da salvação, não somos o agente, mas Jesus Cristo o é.  E sua obra é perfeita.  A salvação não depende de nós, mas dele.  Ele não rejeita o pecador que vem a ele, nem se arrepende de nos ter salvado.
“Mas conheci muita gente que esteve na igreja e hoje está excluída!”, dirá alguém.  A antiga Confissão de Fé, substituída pela Declaração Doutrinária, trazia o item XI, “Da Perseverança dos Santos”.  Nele se diz: “Cremos que só são crentes verdadeiros aqueles que perseveram até o fim; que a sua ligação perseverante com Cristo é o grande sinal que os distingue dos que professam superficialmente”.  Um verdadeiro salvo persevera na fé: “Saíram dentre nós, mas não eram dos nossos; porque, se fossem dos nossos, teriam permanecido conosco; mas todos eles saíram para que se manifestasse que não são dos nossos” (1Jo 2.19).
A salvação é obra exclusiva de Jesus Cristo.  Nós não a produzimos.  Nós a aceitamos.  A salvação está relacionada com o caráter do nosso Salvador.  Ela não depende de nossos esforços.  Quando se pensa na possibilidade da perda da salvação, assume-se que há esforços humanos que podem derrubar o que Cristo fez.  E coloca-se a salvação como algo que podemos ter ou deixar de ter com base no que fizemos ou deixamos de fazer.  Ela deixa de ser obra da graça.  Esta concepção batista torna a igreja uma instituição que, espiritualmente, está segura para sempre, pela sua fé em Cristo.  Ela não é clube onde a pessoa entra e sai.  Ela é face visível do reino invisível, a ponta do iceberg.  Envolver-se com a igreja local, sendo-se regenerado, é estar na Igreja Militante, a Universal.
Há coerência batista quando se analisa esta doutrina junto com a do batismo apenas para regenerados.  Não há como alguém realmente batizado vir a se desviar.  Se a pessoa foi regenerada pelo poder do Espírito Santo e foi batizada, então está segura.  Isto nos recorda que o batismo não é para simpatizantes do evangelho, mas para regenerados pelo evangelho.  Temos batizado muitos simpatizantes do evangelho, que, um dia, não sendo convertidos, irão embora.  Quando o batizado é um regenerado, permanecerá na fé.  Se a pessoa morreu para vida anterior, como voltará a viver nela? E é também, para nós, a garantia de que a verdadeira igreja estará preservada, pois será sempre de regenerados.  Ao mesmo tempo, é uma advertência para quem se chega a uma igreja batista: está assumindo um compromisso para sempre.  Ser membro de uma igreja batista é um sinal, uma declaração, de conversão a Jesus Cristo e a expressão do desejo de se unir ao seu povo.  Ao mesmo tempo é uma declaração de que se está assumindo um compromisso com Cristo e o seu evangelho para sempre.  A identidade de um batista é forte, aqui: ele é um salvo para sempre e por completo.

Extraído de uma palestra preparada pelo Pr.  Isaltino Gomes Coelho Filho (1948-2013) para um congresso doutrinário em Altamira, Pará, novembro de 2009.

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Amor em grego

Quando estudamos o tema do amor, geralmente no deparamos com a multiplicidade de palavras em língua grega para expressar as suas variadas formas.  Aqui apresento uma lista delas:

Aproveitando o tema do amor; a sua relação com o coração (do latim cor, cordis) remota aos primórdios da civilização humana, povos como os egípcios, os chineses e os gregos já faziam esta relação. 
Quanto à sua representação gráfica – – não se tem uma definição de consenso.  Entre os estudiosos existem três hipóteses:  a) que representaria a folha de hera, que na antiguidade simbolizava poder e imortalidade; b) que seria o desenho da semente do Silphium radula, tida como afrodisíaca – esta bem mais aceita pelos estudantes do assunto e c) que indicava o beijo dos cisnes, animais símbolos do romantismo.