sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

A ALEGRIA É O REINO DE DEUS

Talvez o título desta reflexão não soe bem ao afirmar que o Reino de Deus (aquilo que Jesus veio implantar como é dito em Mt 4:17) corresponda à alegria pura e simples.  É que lendo Paulo devo entender exatamente assim:
Pois o Reino de Deus não é comida nem bebida,
mas justiça, paz, e alegria no Espírito Santo.
(em Rm 14:17 – com o devido destaque).
Entendo ainda que nesta época de alergias e festividades de Carnaval, anunciadas e cantadas, seria até temerário associar uma coisa à outra.  Contudo, é este o ponto a se enfatizar.  Alegria não é isso que se festeja no reinado de Momo, mas o que só se encontra vivendo sob a soberania de Deus.  Ou seja, será comparando uma com outra que quero fazer sobressair a alegria da cidade do grande Rei (a expressão poética é a do Sl 48:1-2).
A primeira afirmação a ser feita é que a alegria do Reino de Deus é gerada em nós pelo próprio Espírito Santo.  Paulo, ao listar os frutos do Espírito que devem ser produzidos e encontrados pelos que nele vivem, coloca de início a alegria (veja Gl 5:22).  Com isto o apóstolo está demonstrando que a vida do cristão tem que ser uma vida alegre por sua natureza, assim como é da natureza da mangueira produzir manga e do coqueiro produzir coco.
Entendo nesta implicação pelo menos duas outras que devo destacar aqui.  A alegria do Reino de Deus é completa em si mesma e, ao contrário da carnavalesca, não depende de estímulos externos para acontecer e nos inundar (leia Jo 17:13).  Embora possa até ser sazonal, mas é sempre resultado de sua maneira própria de ser e existir – é fruto. 
O livro de Atos nos conta que os convertidos de Antioquia ao se encherem do Espírito se encheram da verdadeira alegria (e continuaram cheios como é o que diz At 13:52).  E penso que a instrução paulina para nos enchermos do Espírito deve de imediato também nos fazer transbordar completamente de alegria (note bem que em especial no verso de Ef 5:18 a plenitude do Espírito está em oposição à alegria imperfeita e precária do vinho).
Outra implicação da alegria do Espírito que é marca do Reino de Deus é que ninguém pode nos tirar.  Jesus garantiu que embora nossa tristeza pudesse ser real, ela seria eventual e transitória, mas a alegria que ele nos prometeu, esta sim, seria eterna (confirme em Jo 16:22).  Ao contrário da alegria deste mundo, a nossa não é circunstancial, então nenhum fator externo pode alterá-la em nada.
Volto a Paulo para citá-lo quando disse aos cristãos de Corinto que mesmo em tribulações ele podia experimentar o transbordamento de sua alegria (leia em 2Co 7:4).  É claro que nesta afirmação deve está implícita uma dose – e grande – de fé e esperança (pelo menos é isso que aponta Rm 8:18).  Ou seja, se a alegria deste tempo explode no Carnaval ela vai acabar em cinzas.  A nossa, contudo, pode até ser provada pelo fogo momentâneo das tribulações, mas redundará numa alegria eterna.
Sim, a alegria é o Reino de Deus, não a alegria efêmera e aparente destes dias, mas a verdadeira, profunda e eterna que só o Espírito nos confere.  Que assim ele nos faça.

(Do sítio ibsolnascente.blogspot.com em 12/02/2010)

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

A ORAÇÃO DO PAI NOSSO – uma conclusão sobre a doxologia final

O texto do Novo Testamento nos diz que Jesus orou e ensinou os seus discípulos a orar.  Seguindo os ensinamentos do Mestre, a igreja primitiva orou santificando o Pai, suplicando pelo Reino e pelo pão cotidiano, pedindo perdão por pecados e ansiando por livramento do mal.  Em suas liturgias e devoções, os primeiros cristãos se voltaram a Deus-Pai e daí tiraram a inspiração para sua religiosidade e praxes.
Quanto à exaltação triunfante da doxologia final da Oração do Pai-Nosso ensinada por Jesus, tudo leva a crer que o próprio Jesus, naquele contexto, não proferiu aquelas palavras; isto é o que indica a sua ausência no texto paralelo (Lc 11) e a omissão em alguns documentos significativos que testemunham a tradição evangélica.  Mas o fato de estar presente em outros escritos já desde o segundo século, leva-nos a compreender que os próprios cristãos, provavelmente ainda misturados nas sinagogas e por ela influenciados, justapuseram as palavras que hoje podem ser encontradas em algumas versões de Mt 6:13. 
A constatação de que certamente o Jesus histórico não ensinou a orar com a doxologia não prova que em outro contexto os discípulos não tenham ouvido da boca do próprio Cristo tais palavras – suposição sem qualquer referência histórica e que nada diz sobre o uso na Igreja.  Parece-nos certo contudo que, assim como hoje, o cristianismo primitivo se afeiçoou mais da versão de Mateus do que da de Lucas, a usou com mais frequência, e viu nela o contexto ideal para a exaltação doxológica que hoje encerra a Oração.
Talvez tomando como exemplo textos como 1Cr 29:11 e toda tradição judaica, os cristãos se deram a liberdade – com a aquiescência do redator evangélico ou não – de orar exaltando o Pai e reconhecendo que dele é o reino, o poder e a glória para sempre.  Pareceu a eles, como parece a nós hoje, que assim a Oração ficaria “composta”.
Diante disto, e tomando como base a tradição cristã à qual nos referimos acima, parece-nos adequado continuar orando para que venha sobre nós o Reino que pertence ao próprio Pai, para que possamos ser livres do mal no poder de Deus e para que ele seja santificado em glória.  Ensinado pelo próprio Jesus histórico ou não, a doxologia já faz parte de nossa tradição evangélica e, neste caso, uma feliz e acertada tradição, que convém ser respeitada e mantida, mesmo porque não fere em nada as intenções explicitadas pelo Mestre que ensinou a orar.

... por que dele é
o reino,
o poder
e a glória,
para sempre.
Amém!




Você pode ler um ensaio completo sobre esse tema no livro
ENSAIOS TEOLÓGICOS

Disponível no:

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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

A CRÔNICA DO "AGÁ"

Para aqueles que julgam que para o Criador de todas as coisas há diferença entre homem e homem, e para aqueles que se julgam superiores ou inferiores a outros, prestem bem atenção nesta linhas que seguem.
Enquanto para uns no alfabeto existem letras mais importantes, existem outros que além disto fazem discriminação entre as letras.  Acham estes que um "A" ou "E", ou ainda um "C" ou um "M" ou "S" têm mais importância pois é difícil ou quase impossível se escrever um belo texto sem usá-los.
Há, contudo, letras que são ditas até desnecessárias pois quase  não as usamos, como um "X".  E o que dizer do "H"?
O "H" (que se escreve sem "h" – agá) é de uma importância incrível, por estranho que pareça.  Veja: como saberíamos a hora certa se, ao tirarmos o "H" do relógio, a gramática do tempo se transformasse em uma exclamação – ora!?
E o que dizer da pobre velha que ao roubar-lhe o "H" estaríamos pondo-a em perigo de se queimar com a parafina que provavelmente deverá escorrer da vela!
E o "H-mudo" que muitas vezes faz a diferença importante para o criador de cavalos, que ao selecionar os animais não quer que se tire o "H" de seu haras para que não tenha que pegar na enxada para arar a terra.
Há ainda palavras que precisam deste "H-mudo" para lhe dar a devida dignidade e herança histórica.  Que seria do homem, do hino, e do hebreu, entre outros, se lhe tirassem este começo, teríamos de chamá-los de 'omem', 'ino' e ' ebreu'.  Seria 'orrível'.
E o "A", quanta coisa podemos fazer juntando-lhe um simples "H".  O qual não se pronuncia.  Sem o "H" seria apenas uma preposição ou artigo.  Colocando-se depois, temos um susto, que exclamação: ah!  E antes, como as coisas existiriam se não houvesse o ?
Juntando-o com outras consoantes mudamos o sentido de certas palavras.  Temos certeza que se dormiria mais tranquilamente sem o perigo do fogo se tirássemos o "H" da chama e a transformássemos numa cama.  E aproveitando o "H" no sono para podermos ter um belo sonho.
Quem iria errar se o "H" da falha fosse calado com a voz de uma fala hábil apenas no conhecimento.
E o que diríamos de se colocar uma mala dentro de uma malha?  Seria mais fácil trocarmos o lugar do "H" e botar a malha dentro da mala.  Então exclame com um bom "H": oh!
Bem, você que acha que não tem utilidade do Reino do Mestre, lembre-se de que mais inútil é o "H", pois você é obra-prima de Deus e o "H" é apenas a oitava letra de um alfabeto criado pelo homem.
Trabalhe.  Mesmo que seja como um simples agá – ou hagá – pois para Deus até isso tem muita importância.

*** Escrevi este texto ainda adolescente – lá pelos anos 1980. 
Para publicá-lo aqui, foi preciso apenas digitá-lo,
pois o tinha guardado em versão ainda datilografada,
e fazer pequenas correções gramaticais. 
No mais, conservei as ideias e fraseado originais,
como testemunha da época.


        Você encontra textos como esse no livro PARÁBOLA DAS COISAS

        


Disponível no:
Clube de autores
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terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Os Filhos de Jacó

Jacó foi o terceiro dos grande patriarcas bíblicos.  Seu nome foi mudado para Israel e dos seus filhos descendem as doze tribos israelitas.  Veja neste quadro uma relação dos filhos de Jacó e um pouco mais sobre seus nomes, filiação e a bênção que lhes foi dirigida por seu pai: