terça-feira, 29 de setembro de 2015

Campanha Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos

No último sábado tive a oportunidade de participar de uma celebração ecumênica em referência ao Dia Nacional do Doador de Órgãos comemorado no dia 27 de setembro.  Em atenção a esta data, reproduzo aqui um panfleto que foi distribuído na ocasião e esclarece alguns pontos importantes sobre a doação de órgãos.

1. Como posso ser doador?
No Brasil, para ser doador de órgãos e tecidos, não é necessário deixar nada por escrito.  Basta avisar sua família, dizendo: "Quero ser doador de órgãos".  A doação de órgãos e tecidos só acontece após a autorização familiar documentada.  Quando a pessoa não avisa, a família fica na dúvida.

2. Doador vivo:
É qualquer pessoa saudável que concorde com a doação de rim ou medula óssea e, ocasionalmente, com o transplante de parte do fígado ou do pulmão, para um de seus familiares.  Para doadores não parentes, há necessidade de autorização judicial.

3. Doador falecido:
É um paciente internado em unidade de terapia intensiva (UTI) com morte encefálica, em geral depois de traumatismo craniano (TCE) ou derrame cerebral (AVC).  A retirada dos órgãos e tecidos é realizada no centro cirúrgico do hospital e segue toda a rotina das grandes cirurgias.  A retirada de córnea pode ser realizada até 6 horas após a parada cardíaca.

4. Quais órgãos podem ser doados por um doador falecido?
Rins, coração, pulmões, fígado, pâncreas e também tecidos, como córneas, pele e ossos, sempre após a autorização dos familiares.

5. Como posso ter certeza do diagnóstico de morte encefálica?
O diagnóstico de morte encefálica faz parte da legislação nacional do Conselho Federal de Medicina.  Dois médicos de diferentes áreas examinam o paciente e fazem o diagnóstico clínico de morte encefálica.  Um exame gráfico, como ultrassom com Doppler ou arteriografia e eletroencefalograma (EEG), é realizado para comprovar que o encéfalo já não funciona.

6. Para quem vão os órgãos  e tecidos?
Os órgãos e tecidos são transplantados para os primeiros paciente compatíveis que estão aguardando em lista única da central de transplantes da Secretaria de Saúde de cada Estado.  Esse processo, além de justo, é controlado pelo Sistema Nacional de Transplantes e supervisionado pelo Ministério Público.

7. Após a doação de órgãos, como fica o corpo?
A retirada dos órgãos e tecidos segue todas as normas da cirurgia moderna.  Todo doador pode ser velado de caixão aberto, normalmente, sem apresentar deformidades.

Informações sobre doação de órgãos e tecidos:
Disque Saúde: 0800 61 1997
Central Nacional de Transplantes: 0800 6646 445
ABTO: (11) 3283-1753 / 3262-3353

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

TENDO PARTIDO O PÃO

Hoje quando celebramos a Ceia do Senhor em nossa igreja, trazemos à memória os eventos que culminaram com a morte a ressurreição de Jesus Cristo.  Em nossa celebração procuramos repetir os gestos do Senhor com seus discípulos.
Os três evangelhos sinóticos narram que na última ceia entre eles, Jesus tomou o pão com as mãos e o repartiu com os apóstolos (Mt 26:26 / Mc 14:22 / Lc 22:19) e é este simbolismo do pão presente na mesa do Senhor que trazemos a nossa reflexão.  Mas é no Evangelho de João que encontramos algumas lições importantes.
Eu sou o pão da vida” isto é o que João registra literalmente (Jo 6:48).  Ao incluir o pão na celebração, Jesus esta fazendo uma referência a si mesmo.  Naquele alimento simples que compunha a ceia, o Mestre queria nos dizer que com a mesma simplicidade poderíamos dispor de sua presença prometida e segura entre aqueles que celebravam juntos.  E assim fazemos ainda hoje: no pão comemoramos a certeza de que aquele que foi enviado pelo Pai continua vivo e atuante no meio da comunidade de fé (Mt 28:20).
Na celebração com os discípulos, Jesus partiu o pão.  Em João ainda lemos que Jesus identificou o pão com a sua carne dada ao mundo (Jo 6:51).  O pão repartido e distribuído na Ceia é o memorial de que o corpo de Cristo foi moído por nós (Is 53:5) e dado em favor de muitos (Mt 20:28).
E finalmente, sabemos que uma promessa nos foi feita: “têm vida eterna” (Jo 6:54).  Quando comemos o pão repartido na celebração da Ceia do Senhor estamos desde já celebrando a certeza de que quem come dele nunca mais terá fome (Jo 6:35).  Desde agora o corpo de Cristo doado na cruz nos garante a saciedade da alma, a cura do corpo e, principalmente, a convicção de que nada, nem ninguém, poderá tirar nossa salvação eterna (Jo 10:28 e Rm 8:38-39).
Celebramos isto no pão.  Repetimos o gesto na Ceia.  Louvamos ao Senhor pelo pão vivo que desceu dos céus. Assim somos discípulos; assim nos fazemos igreja; assim cremos, comemoramos e compartilhamos a presença real do Amado em nosso meio. A ele a glória.

(Publicado originalmente em 13 de março de 2009 no sítio ibsolnascente.blogspot.com)

terça-feira, 22 de setembro de 2015

TANACH – A Bíblia Hebraica

A Bíblia Hebraica é conhecida como TANACH (em letras hebraicas: תנך).  O termo é um acrônimo utilizado dentro do judaísmo para denominar seu conjunto principal de livros sagrados – seria o equivalente ao Antigo Testamento nas Bíblias cristãs.  A palavra é formada pela primeira letras das subdivisões nas quais o texto se encontra distribuído: Lei (Torahת), Profetas (Neviimנ) e Escritos (Chetubimכ).  Os livros seguem uma sequência própria, conforme listado a seguir:

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

UM POVO QUE VEM PARA ADORAR

Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.  Antes vocês nem sequer eram povo, mas agora são povo de Deus; não haviam recebido misericórdia, mas agora a receberam.
(1Pe 2:9-10)
O Deus Santo e Todo Poderoso, amoroso e compassivo é o Deus que é reverenciado na adoração cristã.  Ele criou os céus e se encarnou em Jesus Cristo.  Assim, por estes atributos não é adorado por qualquer ser humano.  Logo, podemos questionar: Quem são as mulheres e homens que comparecem diante de Deus para o adorar?  Como identificar o povo que em verdade presta culto ao Senhor?
O Sl 24 nos dá a primeira indicação.  Depois de levantar o mesmo questionamento que fizemos acima, o salmista responde: "Aquele que tem as mãos limpas e o coração puro, que não se volta para a mentira nem jura falsamente" (Sl 24:4).  O povo que comparece no lugar santo para cultuar a Deus é aquele que já foi limpo pelo próprio Senhor e traz na alma o espírito de humildade perante a face sagrada do Rei a quem louva.  Para cultuar a Deus, cada um no meio do povo precisa ter a sua vida lavada pelo sangue do Cordeiro.
Outra indicação nos vem das palavras de Jesus que nos diz que no meio de dois ou três que se reúnam em nome dele, ali ele se faria presente (Mt 18:20).  A gente que se reúne e faz desta reunião um verdadeiro culto ao Senhor, é aquela que o faz no nome de Jesus.  Toda reunião só será culto e adoração – mesmo de crentes! – se esta for feita em nome de Cristo Jesus.  Se assim não for, será apenas um punhado de pessoas: qualquer coisa, menos culto e louvor a Jesus.
Que Deus nos conceda estar limpos e humildes na presença de Jesus e em nome dele reunidos a cada semana para podermos verdadeiramente cultuar e adorar ao nosso Deus.

(do livro "No Baú da Adoração" publicado em 2004)

terça-feira, 15 de setembro de 2015

O contexto eclesiástico das epístolas joaninas – 2ª parte

Continuando a examinar o contexto eclesiástico das epístolas joaninas (reveja a primeira parte aqui).

A HISTÓRIA PRÉ-EPISTOLAR DA COMUNIDADE –
A história da comunidade joanina pode ser dividida em três fases (sugestão de R.E. Brown): 1ª fase – antes do Evangelho; 2ª fase – enquanto o Evangelho foi escrito; e 3ª fase – quando foram escritas as epístolas.  Vindo depois a dissolução da comunidade.
A comunidade surgiu como fruto do trabalho e do carisma do Discípulo Amado, anônimo e descrito no Evangelho como aquele que mais compreendeu a Jesus Cristo e que esteve presente em momentos dos mais importantes do seu ministério – por isso Jesus o amava – e este era o orgulho da comunidade dele derivada.
Tendo adotado uma cristologia bem mais elevada que o restante dos igrejas oriundas dos outros apóstolos, não é de se admirar que cedo encontrou inimizade com os judeus, o que fez logo a comunidade os identificar com o mundo (grego: κόσμος).  Mas como conseqüência natural da inimizade com os judeus, se viu forçada a abrir as suas portas para os gentios.  Assim se vê que no momento em que foi escrito o Evangelho, as relações de João com os estranhos à sua comunidade foram decisivas para a comunidade se entender e delinear suas posições frente aos não-cristãos e aos outros grupos de cristãos.
OS FILHOS DA SENHORA ELEITA –
Passadas estas duas primeiras fases em que a coesão interna e a luta contra os inimigos externos serviram de alicerces para a expansão e solidificação da comunidade joanina, a Igreja atingiu um nível que já começava a fugir do controle da liderança.  Outro fator significativo para a falta de controle e o surgimento de problemas é que a sua estrutura até então tinha-se constituído de uma forma extremamente simples.  Com as reuniões acontecendo nas casas dos membros da comunidade e portanto não permitindo a formação de grandes igrejas-núcleo mas sim uma confederação (ou convenção) das diversas pequenas igrejas-núcleo numa determinada região ou cidade, sem que entre elas houvesse necessariamente uma relação de interdependência ou de compromisso mútuo.
Outra característica da estrutura simples que tinham tais comunidades é a falta de uma hierarquia clerical organizada e funcionando.  Já que as comunidades eram basicamente constituídas de igrejas-núcleo composta de poucas pessoas e entre as igrejas não havia uma relação necessária, o clero não só era desnecessário como realmente inexistia.  Ao que parece, a introdução das estrutura de bispado já comum nas outras igrejas apostólicas nas igrejas joaninas foi um dos fatores que causou a sua dissolução na década seguinte.
O certo é que  os unicos elos entre estas igrejas-núcleo nascentes eram terem um herói comum – o Discípulo Amado – e a leitura e aceitação do Evangelho.  Mas como esta leitura foi feita indistintamente das diversas comunidades, o resultado foi o surgimento de pontos de divergência na interpretação do texto, e foi isso que levou o autor joanino a escrever as epístolas: uma tentativa de manter a comunidade unida à única interpretação que julgava correta do Evangelho.

Continua...

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

JESUS E A AÇÃO SOCIAL

O Espírito do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar boas novas aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos, e restauração da visita aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e para proclamar o ano aceitável do Senhor.  Assim Jesus se apresentou aos seus em Nazaré.  Citando o texto de Isaías, Jesus compreendeu a sua missão como sendo portador de novidades aos pobres, o anunciador de que os presos já podem se sentir livres, os cegos podem ver, os oprimidos têm chances de se sentirem aliviados e, principalmente, chegou o momento do grande dia do Senhor.
Muito mais que redimir da destruição eterna as almas humanas, Jesus na sua missão preocupou-se com o ser humano na sua vida quotidiana, nos seus problemas, carências e dificuldades, nas suas opressões, escravidões e esperanças.  Foi com estes homens e mulheres que Deus se identificou, foi no meio deles que veio viver e se misturar, foi por eles que Deus esteve em Jesus no mundo.
Aos pobres é anunciado boa nova: Todos os recursos mínimos para uma sobrevivência digna que lhes foram tirados pelas tiranias deste mundo que jaz no maligno agora sabemos que estão sob o domínio de Deus: Do Senhor é a Terra...  O próprio Deus haverá de subverter a ordem econômica atual para que os pobres possam viver com dignidade.  A injustiça da pobreza terá um fim.
Nas grades já começa a soar o anúncio da liberdade que Jesus oferece: Se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.  Deus julgará os povos com o seu juízo e trará liberdade a todos os seus.
Os cegos já não estão mais condenados à escuridão pois disse Jesus: Eu sou a luz do mundo.  A poesia da luz agora pode brilhar nos olhos de todos.  Não há porque sermos cegos, podemos olhar para frente e ver, vislumbrar, contemplar o amanhã de Deus, ter esperança.  Deus em Cristo Jesus faz-nos ver.
Aos opressos, sobrecarregados, injustiçados, sem-terra, àqueles que lhes foi roubada a justiça, que estão pisados pelos pés dos poderosos deste mundo, Jesus os põe em liberdade: Vinde a mim e eu vos aliviarei.  Desfez-se toda a desesperança diante das opressões deste mundo atual, Cristo veio para dar liberdade.  O império do mal que governa este mundo não prevalecerá, os governantes e poderosos não subjugarão para sempre os humildes.  Jesus já garantiu a liberdade.
Afinal, este é o momento aceitável do Senhor.  Em Cristo inaugura-se o Reino de Deus com seus valores de justiça, amor, paz e esperança.  Jesus nos anuncia: É chegado o Reino de Deus.
E assim como Jesus foi enviado ao mundo, também ele nos enviou.  Já é hora de a igreja começar a compreender que o Espírito está sobre ela e por isto tem a missão de contar a novidade aos pobres, anunciar que Cristo liberta.  Já chegou o momento de a igreja fazer ver e trazer libertação aos oprimidos deste mundo.  Chegou o anos aceitável do Senhor.

Escrevi este texto lá pelos anos de 1990.  Lembro que ele foi publicado em O Jornal Batista na época, mas não tenho guardado uma cópia, nem sei exatamente a data.  Como encontrei o rascunho original em meio a umas papeladas antigas, resolvi digitar e publicar aqui.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

ESTE É O MEU BRASIL

Desde os tempos de colegial eu aprendi que o Brasil é um pais de dimensões continentais: são mais de oito milhões de quilômetros quadrados – é muito chão.  Desde aquele tempo, claro, os números da população vêm crescendo.  Quando eu nasci, estávamos em torno dos noventa milhões de brasileiros, hoje já ultrapassamos os cento e noventa – e, embora sejamos de origem, cores e traços distintos, todos são brasileiros.
O Brasil é um país rico.  Dizem que o nosso PIB chega a R$ 5,521 trilhões e uma renda per capita de pouco mais de mil reais.  O IDH nacional é de 0,699.
— Mas isso são números! Consegue imaginá-los?  A verdade é que o Brasil continua surpreendente.  Veja só:
§ Falta água no sudeste e jorra no sudoeste piauiense.  Tenho foto de infância na fonte de água em Cristino Castro.
§ São Paulo é o quarto município com maior população indígena no Brasil e Manaus abriga um dos mais modernos parques industriais da América Latina, reunindo indústrias de ponta.
§ Em pleno inverno no Rio Grande do Sul a temperatura pode chegar a 30° e no sertão da Bahia e agreste pernambucano com facilidade há registros de 10° nas madrugadas de verão.  Garanhuns é uma delícia.
§ Ainda o Rio Grande.  Ali a concentração de população de origem africana é a segunda maior do Brasil (perto de 20%), mesmo percentual de origem européia na Bahia.
§ Salvador já é o terceiro município mais populoso do país e a cidade do Rio de Janeiro possui a maior floresta urbana do mundo.  Além de que, Manaus supera Curitiba em número de habitantes (Aracaju está em 33º lugar em população).
Há ainda outros números:
+ O maior município é Altamira no Pará com quase 160 mil km², mas ali só moram pouco mais de 105 mil pessoas (a área é bem maior que Sergipe com apenas cerca de 22 mil km² e mais de dois milhões de habitantes), e o município menor é Santa Cruz de Minas que não chega a 2.900 km².
+ Mais de 84 % da população mora em cidades.  Haja comida para alimentar tanta gente!
+ Cerca de quatro quintos dos brasileiros se declara cristão e apenas menos de um décimo não tem religião.  E sei que fé no coração nem sempre se registra em estatísticas.
+ Ainda restam quase um milhão de indígenas no Brasil e mais de dois milhões de brasileiros reconhecem sua origem asiática.
+ O produto mais exportado pelo Brasil é o minério de ferro com quase 40 milhões de ton/mês, mas também exportamos de carne e soja a aviões, talheres de mesa e sapatos.
Já chega de dados.  Cansei. 
Bem, à princípio queria escrever alguma coisa sobre a independência do Brasil – aproveitando ensejo do sete de setembro – mas o texto se encheu de números e o que eu queria dizer se perdeu.  Vou ficar devendo.
Até o título já mudei.  Também comecei colocando as fontes de onde tirei cada um destes dados, mas aí já estava chato demais.  Então apaguei tudo.  Se quiser saber, faça como eu, vá fuçar a internet.
Terminemos.  Esse é o meu Brasil.  Que o Senhor Jesus nos faça uma grande nação para sua glória.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

A BÍBLIA, O CULTO E O DATASHOW

Participo de vários grupos de discussão nas redes sociais.  Na maioria das vezes se perde muito tempo discutindo inutilidades.  Em um deles, surgiu o tema do uso de tecnologias em nossos cultos, em especial o datashow e a transcrição de textos bíblicos.
Sei que o assunto não é novo e que também não se esgotará por enquanto, mas resolvi acrescentar alguma contribuição para a conversa.  O que disse lá, compartilho aqui.  E se quiser também trazer sua contribuição à discussão será bem vindo.


A questão de tecnologia em nossa vida eclesiástica me parece muito simples.
É preciso deixar bem claro logo duas coisas. Primeiro que quem louva e adora é o servo ao seu Senhor.  Equipamentos são instrumentos, e apenas isso! O microfone pode ser útil, mas quem fala é o ministro de Deus.  Piano ou violão podem acompanhar, mas quem canta é o crente.  Da mesma forma que o computador pode armazenar e transmitir dados, mas quem escreve é o homem/mulher.  Creio então que quanto ao uso do datashow o pensamento deve ser o mesmo: é apenas mais um equipamento ou instrumento e pode ser usado, mas tudo vai depender de quem estiver no controle do mesmo – já pensaram nas implicações espirituais desta última frase!
Segundo: a Bíblia é a Palavra de Deus (um princípio básico), isto é, o conteúdo divinamente inspirado, mas nada tem a ver com a forma em que ela é disponibilizada.  Os antigos usaram papiros e pergaminhos escritos a mão. Graças a Deus a tecnologia evoluiu e chegou-se ao texto impresso – o que permitiu uma certa dose de confiabilidade às versões e principalmente permitiu maior distribuição do conteúdo bíblico.  Se os novos recursos de informática e telecomunicações/mídia também estiverem disponíveis para a divulgação cada vez maior da Palavra eterna, por que não?
E tem mais: a nossa nova geração está cada vez mais influenciada por tais tecnologias (sei que não estou dizendo nenhuma novidade!) e se a igreja se omitir desta seara, talvez torne incompleta sua missão.  Eu penso que o apóstolo Paulo concordaria comigo – é só vê o que ele diz em 1Co 9:22.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

A Bíblia no Brasil

A história da Bíblia no Brasil pode ser contada a partir de algumas versões e traduções que se tornaram referência para os estudantes do texto bíblico.  Aqui temos uma pequena relação dos versões mais significativas.
Antes, veja uma lista das principais versões em língua portuguesa anteriores ao séc. XIX:

Traduções parciais –

> Gênesis cap 1-20 – por ordem de D. Diniz (1279-1325), rei de Portugal.
> NT (sem Ap) – por ordem de D. João I (1385-1433), traduzido a partir da Vulgata.
> Harmonia dos Evangelhos – pelo jurista Gonçalo Garcia de Santa Maria em 1495.
> Atos e Epístolas Gerais – por ordem da rainha Leonora em 1505.
> Os quatro Evangelhos – pelo padre jesuíta Luiz Brandão, publicado no início do séc. XIX.

Traduções completas –

> Tradução por João Ferreira de Almeida – utilizou-se do Textus Receptus; traduziu e editou o NT publicado em 1681, em Amsterdã, Holanda.  Ele trabalho na tradução do AT até sua morte chegando ao livro de Ezequiel.  Com base nesta tradução foram lançadas a Revista e Atualizada, A Edição Revista e Atualizada e a Versão Revisada de acordo com os melhores textos em Hebraico e Grego.
> A Bíblia de Rahmeyer – manuscrito do comerciante hamburguês Pedro Rahmeyer, que residiu em Lisboa, e traduziu em meados do século XVIII.  Este manuscrito se encontra na Biblioteca do Senado de Hamburgo, Alemanha. 
> Tradução de Antônio Pereira de Figueiredo – tomou como base a Vulgata Latina.  Publicou o NT entre 1778 e 1781 e o AT entre 1782 e 1790.

NO BRASIL –

 

Traduções parciais –
> Novo Testamento – feita pelo frei Joaquim de Nossa Senhora de Nazaré, traduzida da Vulgata, publicada em São Luiz do Maranhão.  Trazia em seu prefácio a acusação de que as “bíblias protestantes” estariam “falsificadas” pois falavam “contra Jesus Cristo e contra tudo quanto há de bom.”
> Primeira Edição Brasileira do NT de Almeida – publicada em 1879 pela Sociedade de Literatura Religiosa e Moral do Rio de Janeiro, esta edição foi revista por José Manoel Garcia, pelo pastor M.P.B. de Carvalhosa e pelo pastor Alexandre Blackford. 
> Harpa de Israel – tradução do Livro dos Salmos feito por F.R. dos Santos Saraiva em 1898.
> Evangelho de Mateus – traduzida do grego em 1909 pelo padre Santana. 
> Livro de Jó – publicado em 1912 por Basílio Teles. 
> NT – traduzido da Vulgata Latina por J.L. Assunção, em 1917. 
> Livro de Amós – traduzido em 1917 a partir do etíope por Esteves Pereira. 
> O NT e os Salmos – tradução baseada na Vulgata por J. Basílio Pereira feita em 1923.
> Lei de Moisés (O Pentateuco) – sem indicação de data. Obra preparada em hebraico e português, pelo rabino Meir Masiah Melamed.
> Tradução do Padre Humberto Rodhen – foi o primeiro católico a fazer uma tradução diretamente do grego.  Publicou em 1930. 
 
Traduções completas
> Tradução Brasileira – boa tradução iniciada em 1902 e concluída em 1917, sob a direção do Dr.  H.C. Tucker. 
> Tradução do Padre Matos Soares – baseada na Vulgata, foi publicada originalmente em 1930, e em 1932 recebeu apoio papal.
> Revisão da tradução de Almeida (Edição Revista e Atualizada) – com base em manuscritos gregos dos melhores, a revisão foi feita pela Sociedade Bíblica do Brasil a partir de 1945.
> Tradução dos monges Meredsous – tradução feita em 1959 na Bélgica a partir do hebraico e grego para o francês e em seguida para o português por uma equipe do Centro Bíblico de São Paulo sob a supervisão do Frei João José Pedreira de Castro.
> Revisão da tradução de Almeida – publicada em 1967.  Bem acolhida pelos estudiosos da Bíblia, segue os melhores manuscritos.  Conhecida como versão da Imprensa Bíblica Brasileira.
> Bíblia de Jerusalém – editada no Brasil em 1981 por Edições Paulinas – traduzida pelos padres dominicanos da Escola Bíblica de Jerusalém, incluindo alguns exegetas protestantes.   
> Bíblia na Linguagem de Hoje – o NT surgiu em 1973 e o AT em 1987 a partir dos trabalhos da United Bible Societies.
> Nova Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH) – lançada em 1988, seria inicialmente uma revisão da Bíblia na Linguagem de Hoje, porém, ela recebeu uma revisão tão profunda que a própria Sociedade Bíblica do Brasil a considerou como uma nova tradução das Escrituras Sagradas.
> Nova Versão Internacional (NVI) –  tradução de linha protestante feita tendo como base a NIV inglesa.  Em português a tradução foi feita por uma equipe liderada pelo Dr. Luiz Sayão.  O NT foi publicado em 1991 e a versão completa em 2000.

Com o mercado editorial moderno sempre crescente, diversas outras versões – inclusive comentadas – têm aparecido.  Já não é possível acompanhar as publicações.  Sobre isso eu já escrevi: reveja aqui.