sexta-feira, 25 de novembro de 2016

CONHECE-TE A TI MESMO

Ao abordar o tema da Ceia do Senhor, sua doutrina e prática, o apóstolo Paulo incluiu a seguinte instrução: Examine-se cada um a si mesmo (a instrução completa está em 1Co 11:17-34 e especificamente o verso 28).
Ao trazer este tema para o contexto da celebração cristã, Paulo estava dizendo compreender que embora a Ceia seja um momento essencialmente gregário, daí ser comunhão e requerer comunidade, ela, como toda a celebração, adoração e culto público pressupõe que antes deve haver a experiência do quarto fechado (é como se dissesse que o convite do Sl 34:3 só acontecerá depois de cumprido Mt 6:6).  Assim, hoje, quando trago os elementos para a Mesa do Senhor na comunhão da igreja devo primeiramente já ter comungado como Pai que vê em secreto.  E o que isso quer me dizer?
Inicialmente que toda relação com Deus é individualizada em sua origem.  Embora o próprio Jesus tenha pregado às multidões e tenha reunido uma igreja, seu convite ao relacionamento é unitário (nos evangelhos sinóticos temos o desafio da cruz individual – Mt 16:24; Mc 8:34 e Lc 9:23).
Posso acrescentar a ilustração do novo nascimento dita a Nicodemos (em Jo 3:3) como algo extremamente individual; bem como a argumentação profética sobre a responsabilidade pessoal (em Ez 18).
Na Ceia do Senhor sou confrontado individualmente com o crucificado e meu relacionamento com ele é profundamente avaliado.  Como Deus fez com Adão (lembre Gn 3:8-9); minha história, meus compromissos e prioridades, minha fé, tudo o que tenho e sou deve ser pesado diante da cruz para que então, e só então, eu possa comer dignamente da Ceia.
Mas é aqui que detecto o problema: assim como Paulo confessou aos Romanos, embora conheça e deseje fazer o bem, o mal insiste em me rodear (leia Rm 7:18-25).  Na Ceia reconheço-me miserável pecador e por isso mesmo suplicante e carente da graça que vem de Jesus e que me livra do corpo sujeito à morte.
Assim, diante do que percebo após o auto-exame, só me resta uma única alternativa: fazer minha a oração do salmista:
Sonda-me, ó Deus;
e conhece o meu coração;
prova-me, e conhece as minhas inquietações.
Vê se em minha conduta algo te ofende,
e dirige-me pelo caminho eterno.
(Sl 139:23-24)
Comamos e bebamos na Mesa do Senhor com esta oração no coração e uma canção nos lábios, para sua glória.

(Publicado inicialmente em 13 de novembro de 2009 no sítio ibsolnascente.blogspot.com)

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