Com certeza você já deve visto em shoppings ou pontos turísticos e de grande movimentação placas indicativas de localização com a indicação: você está aqui (vale uma seta).
O objetivo é simples: mostrar aos transeuntes e desavisados onde estão. Ou seja, você não precisa estar perdido, basta se localizar a partir desse ponto. E o mapa está aqui para lhe dizer isso.
Estive olhando para uma dessas sinalizações enquanto esperava um contato e aproveitei para deixar as ideias vagarem (acho que deveria colocar aqui reticências... elas sempre combinam com ideias que vagueiam) ...
E ideias passaram pela cabeça ... (lá vão as reticências novamente – agora vou acrescentar uma exclamação!)
Eu estou aqui e não lá, nem ali, nem acolá. Aqui (ponto). Mas não é tão simples assim. Aqui dá uma noção geográfica ou topográfica. Eu ocupo um lugar físico no planeta, no universo. Eu estou aqui.
E como dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar, então esse meu lugar é único. Só eu ocupo esse lugar. Aqui só há eu. Eu sou e estou onde só posso ser e estar (acho que o Google vai ter trabalho com essa frase!)
É assim chego à percepção da exclusividade de minha existência.
Receio que esteja me tornando muito filosófico. É o risco de deixar a mente vagueando (esse parágrafo mereceria uns parênteses).
Mas vamos esticar os conceitos: você está aqui, agora. Não antes, nem depois. Nesse exato momento. Mesmo que instantes atrás não estivesse, nem venha a estar depois. Agora você está aqui (outra exclamação!).
Também entre parênteses. Lembro que Agostinho de Hipona tem um texto interessantíssimo sobre esse tema.
Assim o tempo continua fluindo – de antes para depois – como um rio que nunca para e nunca volta. Às vezes calmo, às vezes agitado. Caudaloso ou estreito. Porém sempre seguindo – prosseguindo.
E por mais que queira não me é possível nem apressar nem retardar esse ponto da história onde estou postado no tempo e no espaço. Eu e você estamos aqui. Simplesmente aqui (e agora, qual pontuação?)
Então me lembro das palavras do Mestre dos mestres que fala para eu não me aperrear com o aqui nem com o agora pois eu apenas estou aqui – não sou o aqui. E minha agonia não vai nem antecipar nem subverter tempo nem espaço. Basta a cada aqui o seu lugar e o seu momento (antes do ponto, vai a referência – Mt 6:34).
Sim. Você está aqui. E que esse ponto exato onde a seta aponta para você lhe faça pleno de vida e existência.
(E o ponto nunca é final, pois sempre haverá outros tempos e espaços de gratidão ao que tudo faz no seu instante – Soli Deo Gloria).
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