terça-feira, 2 de março de 2021

VOCÊ ESTÁ AQUI

  


Com certeza você já deve visto em shoppings ou pontos turísticos e de grande movimentação placas indicativas de localização com a indicação: você está aqui (vale uma seta).

O objetivo é simples: mostrar aos transeuntes e desavisados onde estão.  Ou seja, você não precisa estar perdido, basta se localizar a partir desse ponto.  E o mapa está aqui para lhe dizer isso.

Estive olhando para uma dessas sinalizações enquanto esperava um contato e aproveitei para deixar as ideias vagarem (acho que deveria colocar aqui reticências... elas sempre combinam com ideias que vagueiam) ...

E ideias passaram pela cabeça ... (lá vão as reticências novamente – agora vou acrescentar uma exclamação!)

Eu estou aqui e não lá, nem ali, nem acolá.  Aqui (ponto).  Mas não é tão simples assim.  Aqui dá uma noção geográfica ou topográfica.  Eu ocupo um lugar físico no planeta, no universo.  Eu estou aqui.

E como dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar, então esse meu lugar é único.  Só eu ocupo esse lugar.  Aqui só há eu.  Eu sou e estou onde só posso ser e estar (acho que o Google vai ter trabalho com essa frase!)

É assim chego à percepção da exclusividade de minha existência.

Receio que esteja me tornando muito filosófico.  É o risco de deixar a mente vagueando (esse parágrafo mereceria uns parênteses).

Mas vamos esticar os conceitos: você está aqui, agora.  Não antes, nem depois.  Nesse exato momento.  Mesmo que instantes atrás não estivesse, nem venha a estar depois.  Agora você está aqui (outra exclamação!).

Também entre parênteses.  Lembro que Agostinho de Hipona tem um texto interessantíssimo sobre esse tema.

Assim o tempo continua fluindo – de antes para depois – como um rio que nunca para e nunca volta.  Às vezes calmo, às vezes agitado.  Caudaloso ou estreito.  Porém sempre seguindo – prosseguindo.

E por mais que queira não me é possível nem apressar nem retardar esse ponto da história onde estou postado no tempo e no espaço.  Eu e você estamos aqui.  Simplesmente aqui (e agora, qual pontuação?)

Então me lembro das palavras do Mestre dos mestres que fala para eu não me aperrear com o aqui nem com o agora pois eu apenas estou aqui – não sou o aqui.  E minha agonia não vai nem antecipar nem subverter tempo nem espaço.  Basta a cada aqui o seu lugar e o seu momento (antes do ponto, vai a referência – Mt 6:34).

Sim.  Você está aqui.  E que esse ponto exato onde a seta aponta para você lhe faça pleno de vida e existência.

(E o ponto nunca é final, pois sempre haverá outros tempos e espaços de gratidão ao que tudo faz no seu instante – Soli Deo Gloria).

 

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