Priscila é uma daquelas mulheres que aparecem nas narrativas bíblicas como personagens secundárias. Mas garanto que vale a pena conhecê-la melhor.
E como o texto não oferece muitos detalhes, então quero me transportar para aquele primeiro século, e nessa aventura de ir lá, a partir das pistas encontradas no texto, tentar prestar atenção àquela mulher.
Venha comigo.
Assim eu começo a me ver na cidade de Corinto diante de honrosos cabelos brancos. Aquela senhorinha que chegou recentemente, vinda de Roma, depois que o Imperador Cláudio expulsou os judeus da capital, demonstra a sabedoria própria de quem acumulou experiência e respeito com os anos e a vida.
Ela está ali sentada, parece apenas dispersa, mas com certeza nenhum detalhe está lhe escapando.
Por toda uma vida ela trabalhou tecendo e costurando tecidos grossos de couro e peles para fazer tendas. Esse ofício era passado entre as gerações e ainda criança se aprendia. Então aquela senhorinha deveria realmente estar acostumada a teares, agulhas, linhas e trabalho pesado.
Fazia tempo que suas mãos já tinham perdido a delicadeza da juventude e os muitos calos testemunhavam os anos de ofício. Também seus olhos demonstravam um cansaço próprio de quem sempre esteve ali ocupada com os detalhes de sua arte.
Sim, aquela senhorinha tinha sido uma artista por toda a sua vida. E chamá-la apenas de artesã das tendas apenas destila uma pitada de preconceito de alguém que repetiu sua habilidade incontáveis vezes para produzir um trabalho esmerado.
E foi por causa do ofício em comum dessa arte que ela tem o privilégio de receber em sua casa o apóstolo Paulo. Aqui na casa dela em Corinto ele tem estado por um ano e meio. E em seu lar agora se reúne uma comunidade cristã.
Um detalhe que me chama a atenção é que o apóstolo se refere a ela antes da citação de Aquila, seu marido. Isso por aqui é bastante estranho! Mas estou inclinado a perceber que seja pelo prestígio que essa anciã galgou (aqui a chamam de presbítera).
Sua personalidade e firmeza na fé logo se destacam no meio da comunidade. E seu lar acolhedor parece um daqueles lugares onde todo mundo quer estar.
Até o jovem Apolo, eloquente e instruído nas antigas Escrituras, foi recebido e discipulado por Priscila em sua casa.
Paulo agora está planejando seguir sua viagem missionária, Priscila deve seguir com ele – deve se fixar em Éfeso onde será um suporte confiável para a igreja que está surgindo ali.
Então eu posso voltar para o meu tempo e minha própria história, tendo sido enriquecido em ter conhecido essa artífice, que usou de seu labor e vivência para servir a igreja.
Que eu possa também aprender com ela.
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