Encontrei no Instagram @hagar_ohorrivel o seguinte diálogo:
— Por que Deus criou a escuridão, papai?
— Não sei... Talvez para podermos ver melhor as estrelas?
Brilhante!
Antes. Deixe-me fazer uma confissão. Aprendi a gostar de quadrinhos ainda bem pequeno lendo Maurício de Souza – brasileiro criador dos planos de Cebolinha e de Chico Bento e sua turma.
Depois vieram outros: o argentino Quino com sua Mafalda, os franceses Uderzo e Goscinny com Asterix e o americano Dik Browne com Hagar, entre outros.
Os gibis são universais e têm o poder de se mostrarem humanos – nos mostrarmos com somos humanos.
Aqui volto a tirinha de Hagar, o horrível.
— Por que Deus criou a escuridão?
Na noite escandinava, surge a pergunta das motivações de Deus em deixar algo escondido, obscuro, disfarçado da penumbra.
E ouço ecoar o texto sagrado cristão.
Eu leio ali que Deus é luz e que nele não há trevas nenhuma, mas também que, para sua criação mortal, tal luz é inacessível (em 1Jo 1:5 e em 1Tm 6:16).
Então, por quê?
A resposta de Hagar conduz a conversa na direção certa. A teologia do guerreiro viking, apesar de ele ser bruto, é sensível o bastante para captar a essência da verdade.
— Para ver as estrelas!
A questão não é o que gera a noite, mas como a graça pode transformar as trevas em anúncio da graça.
A escuridão, as sombras, as trevas não são frutos das divinas mãos criativas. Elas não são, elas faltam. Elas não acontecem, elas carecem.
Mas é em meio à escuridão que posso enxergar melhor os pequenos brilhos das estrelas. Os lampejos de um Deus que graciosamente nos toca são percebidos em meio a ausência.
Deus não criou nem a escuridão, nem o vazio. Mas é exatamente ali que as estrelas podem ser vistas. É de noite que elas nos fascinam.
Entendi, Hagar. Deus está cintilando mesmo em meio à minha noite.
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