O
centro do culto no AT era o sistema de sacrifícios e holocaustos;
através dos seus rituais os seres humanos se tornavam aptos para
comparecerem na assembleia, diante de Deus, tinham seus pecados
perdoados, sua adoração aceita e orações respondidas.
Era
na imolação de animais que o adorador encontrava refúgio no
Senhor, e este se lhe tornava favorável (veja o caso do altar
construído por Davi na eira de Araúna em 2Sm 24:25).
Mas
aquilo que era para ser instrumento tornou-se um fim em si mesmo, e o
rito passou a ocupar – ele mesmo – a finalidade da adoração.
É
neste contexto que Deus veio através do profeta recolocar as coisas
nos seus devidos lugares. Primeiramente Oseias apresentou a proposta
do Senhor: o centro do culto e da adoração não está no ritual ou
na forma em que ele se desenrola e sim na atitude do coração com
que o adorador se achega ao altar (leia Os 6:6. Jesus vai afirmar
que o Reino de Deus deve estar dentro do adorador – Lc 17:21).
No
oráculo profético está a advertência contra aqueles que se
confiavam no fato de os ritos continuarem sendo ministrados, para
poderem viver suas vidas de maneira irresponsável perante a Lei.
Deus
diz através de Oseias que seu desejo é realmente que seus fieis o
conheçam e mantenham um coração misericordioso. Tendo primeiro
estabelecido estes princípios, então os ritos poderiam ser
executados e aceitos perante o Senhor.
Para
entender melhor a extensão desta palavra de Oseias, deixe-me fazer
uma leitura de outro profeta. Amós é mais duro e incisivo em suas
críticas à religiosidade ritual e superficial:
“Eu
odeio e desprezo as suas festas religiosas; não suporto as suas
assembleias solenes. Mesmo que vocês me tragam holocaustos e
ofertas de cereal, isso não me agradará. Mesmo que me tragam as
melhores ofertas de comunhão, não lhes darei a menor atenção.
Afastem de mim o som de suas canções e a música das suas liras.
Em vez disso, corra a retidão como um rio, a justiça como um
ribeiro perene!”
(Am 5:21-24).
(Am 5:21-24).
Neste
texto de Amós, Deus está dizendo que cansou – está farto – das
celebrações, festividades e cultos apresentados pelos filhos de
Israel.
O
culto em si, por melhor que seja e se apresente, não era garantia de
ser aceito pelo Senhor. Pelo contrário, um culto que não
expressasse a vida do adorador diante do altar chegava a irritar a
Deus!
Não
era que o culto estava ritualmente errado, ou a forma e a liturgia do
culto precisasse ser reavaliada, ou melhor trabalhada. Numa
interpretação em linguagem mais livre, é como se Deus dissesse:
– Vocês
entenderam tudo errado!
A
palavra profética ao avaliar o culto israelita não ia em direção
a análise da forma, do estilo, do que poderia ou não ser oferecido
como elemento sacrificado. O profeta trouxe e expôs a necessidade
de haver coerência entre o culto apresentado ao Senhor e a vida de
ética pessoal e responsabilidade social.
O
mesmo Deus que instituiu as leis referentes ao culto e sua forma é
quem exigia amor ao próximo e conduta reta e santa como
prerrogativas do culto.
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