quarta-feira, 15 de maio de 2019

A PINTURA DE JESUS


Geralmente eu primeiro escrevo os textos, releio o que escrevi para possíveis correções – reconheço que algumas vezes erros me escapam – e, depois, quando chega a hora de publicar aqui no Escrevinhando, é que vou procurar uma imagem que ilustrar um pouco a ideia do que foi escrito – ou simplesmente para não ficar “sem cor” a publicação!
Desta vez resolvi fazer o contrário. E a razão se justifica. Procurando outras coisas na internet, acabei por encontrar esta imagem aí (no sítio supercuriosos.com). Então resolvi partir da imagem para a reflexão.
Reconheço que a internet está bastante recheada de imagens e ilustrações das mais diversas sobre o tema. Depois de cruzar com esta, tirei um tempo e fui catar outras tantas – achei coisas interessantíssimas. Mas como foi ela que primeiro me chamou a atenção, quero tomá-la como ponto de partida aqui.
O artigo na página respectiva é intitulado de: “Essas são 5 das mais antigas pinturas de Jesus Cristo da história” e foi postada em março de 2018 (mas só vi agora). Ali, esta imagem é descrita como O Bom Pastoruma representação pouco habitual de Jesus Cristo, nesta pintura, Cristo aparece com um carneiro nos ombros – um símbolo das almas que ele salvou. Essa imagem foi encontrada nas Catacumbas de Calisto, em Roma, e acredita-se que tenha sido feita em meados do século 3.
Algumas observações a partir da própria descrição da imagem. Realmente, Jesus Cristo é o nosso Bom Pastor. Ele foi e é o centro de nossa fé. Representá-lo em imagens pode até ter um aspecto pedagógico, em especial contextualizando seus traços e ministério, e isso não é ruim. Mas sempre haverá um risco de descambar em idolatria. E mais:

(a) A representação é realmente pouco habitual. As imagens que se popularizaram, principalmente no Ocidente cristão, costumam mostrar um Jesus barbudo, sisudo, másculo, de feições pouco semitas. Aqui Jesus mais parece um garoto romano (também não semita!). De qualquer forma, não se tornou padrão.
(b) Por falar em estilização, no Oriente o que se tornou padrão foram os ícones de Jesus, chamados de Pantocrator – o Onipotente.
(c) Chamou a atenção também a figura do carneiro. Jesus foi apresentado por João Batista como o Cordeiro de Deus (figuração que o Apocalipse vai reaproveitar). Mas aqui ele é quem carrega o cordeiro. Acho que seria uma boa ilustração para Jo 10:11 e os Sl 23:1 e Sl 100:3.
(d) Sobre as almas que ele salvou, é bom notar que o tema da salvação como resultado da ação exclusiva de Cristo em manifestar sua graça já estava presente desde os primórdios da fé cristã.
(e) Embora eu reconheça as situações sociais e embates que levaram os primeiros cristãos a adorarem nas catacumbas, não deixa de ser significativo que foi lá entre os mortos que algumas das marcas mais duradouras da fé daqueles irmãos ficaram gravadas. Somente o verdadeiro cristianismo (está na moda chamar de raiz!) pode levar vida a um lugar onde jaz a morte.

Contudo, para mim, o principal que evoca olhar imagens com o essa é trazer um pouco mais de historicidade à minha fé e riqueza à minha herança cristã e cultural. Que o Bom Pastor nos faça fieis a ele pois sei ele nunca vai deixar que os lobos devorem seus carneiros.
SDG

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