Caio
Plínio,
conhecido como Plínio
o jovem,
foi um orador, poeta, jurista e político romano que viveu entre os
séculos I e II da era cristã. Em 111 d.C. ele foi nomeado
governador da Bitínia (atual Turquia). Chegando lá, teve de lidar
com diversas situações relativas à população e a administração,
entre eles estava um grupo até então desconhecido para ele e que
eram conhecidos como cristãos. Foi então que ele resolveu escrever
para o imperador Trajano expondo a situação, indicando as
providências que havia tomado e pedindo apoio do Império.
Na
carta, além reconhecer que
verdadeiros cristãos nunca “veneravam
vossa imagem e as estátuas dos deuses, amaldiçoando a Cristo”,
Plínio assim descreveu as práticas e costumes cristãos, e o seu
culto nos seguintes termos:
(…)
quod
essent soliti stato die ante lucem convenire, carmenque Christo quasi
deo dicere secum invicem seque sacramento non in scelus aliquod
obstringere, sed ne furta ne latrocinia ne adulteria committerent, ne
fidem fallerent, ne depositum appellati abnegarent. Quibus peractis
morem sibi discedendi fuisse rursusque coeundi ad capiendum cibum,
promiscuum tamen et innoxiu.
(…)
em reunir-se regularmente em certo dia antes do nascer do sol, entoar
alternadamente entre os presentes um hino em honra de Cristo, como se
de um deus se tratasse, e comprometer-se mediante juramento a não
perpetuar alguns tipos de crimes, como se comenta, a não cometer
furto nem roubo, nem adultério, a não faltar com a palavra dada e a
não se negar a restituir um depósito quando chamados a pagar.
Também manifestaram que, uma vez cumpridos esses ritos, tinham o
costume de retirar-se e voltar a se reunir mais tarde para celebrar
com comida, composta, ao contrário do que foi dito, de alimentos
normais e inocentes.
Estas
considerações do governador nos dizem basicamente duas coisas sobre
a prática do culto cristão primitivo:
Uma
– que
o culto durante o período da igreja primitiva acontecia
frequentemente nas primeiras horas do dia num
“certo dia” (stato
die),
o que pode nos levar a interpretar como significando o domingo. E
sempre
era conduzido por cânticos de adoração a Cristo, considerando-o
com verdadeiro Deus – sendo isso o que incomodou ao imperador e ao
seu culto.
E
outra
– que as reuniões cristãs no primeiro século consistiam de
celebrações em que se comia uma refeição completa em comum. Hoje
entendemos que se tratava daquilo que denominamos de o partir do pão
ou a Ceia do Senhor onde não apenas reavivam a memória do
sacrifício de Cristo como comprimento da aliança e das profecias
antigas e como a certeza das vindouras.
Observe
que estas duas características do culto primitivo, mesmo
representando ritos diferentes, mas deveriam ser compreendidas como
compondo uma mesma estrutura de culto. Além do mais, os dois ritos
em conjunto, como marcas do culto no período da igreja primitiva,
indicavam que ela – a igreja – procurou destacar em sua
celebração tanto as afirmações e anúncios contidos na Ceia do
Senhor (como destacou Paulo na sua instrução em 1Co 11:26) quanto
sua crença na divindade daquele a quem adoravam (Cl 1:15-20 e Hb
1:6).
Gostei. Cada dia aprendo mais com seus escritos. Me orgulho de ser sua tia. Yc léa
ResponderExcluirObrigado tia.
ExcluirAbr