A
Ceia do Senhor é um momento sublime na vida e na liturgia da igreja.
É quando trazemos à lembrança e fazemos aflorar tudo o que de
mais significativo temos em nossa vivência e em nossa fé. Em
nossos cultos, a Ceia é apresentada na Mesa do Senhor em dois
elementos: o pão que simboliza o corpo de Cristo e o vinho que
aponta ao sangue (veja explicado didaticamente em 1Co 11:23-26).
Assim quis o próprio Cristo.
Quando
o Mestre fez associar na memória dos discípulos o pão com a sua
própria carne e o vinho com seu sangue, mais que uma ligação
aleatória ou simplesmente simbólica, ele evocou lembranças
profundas dos seus.
Creio
que na Ceia deve haver pontos de ressignificação dos elementos
pascoais; porém com certeza o que Jesus trouxe à memória
apostólica naquela celebração foi sua apresentação como o Pão
enviado por Deus para saciar a fome humana (tenha em mente Jo 6:51).
Hoje,
quando celebramos a Ceia do Senhor, Jesus continua se apresentando
como o Pão Vivo que desceu do céu e nos alimenta, sacia, nos torna
plenos e satisfeitos.
Como
pão, ele nos alimenta com sua paz (marque Jo 14:27). Num mundo onde
a paz está na ordem do dia, mas que nunca a encontra por completo,
Jesus nos inunda com a sua paz. Quando comemos deste pão somos
lembrados da verdadeira paz do Senhor que excede todo entendimento
(Paulo usou esta expressão em Fl 4:7).
Comungando
do pão na Ceia, também nos lembramos que fomos repletos do amor
inigualável e consequente (é fundamental Jo 13:1). É claro que
não há amor como este e somos tomados por ele de maneira graciosa.
A memória que é evocada no comer do pão faz-nos repletos deste
amor doado (ainda são de Jesus as palavras de Jo 15:13).
Duas
outras lembranças devem ser destacadas enquanto se come do pão na
mesa do Senhor – talvez elas sejam menos tangíveis e, assim por
isso mesmo mais poéticas e belas. O Pão de Deus nos sacia de vida
(considere Jo 10:28). Não é só vida eterna num sentido temporal –
isto é muito pouco – somos saciados de vida plena, completa.
Quando comemos deste pão devemos nos lembrar que em Cristo nos
tornamos cheios de vida (considere como promessa cumprida e celebrada
no pão o que é dito em Jo 10:10).
O
Pão Vivo que de maneira memorial comemos na Ceia também nos faz
cheios, repletos, saciados da divindade (está claro o que é dito em
Jo 12:45). Toda alma humana precisa do inefável, do algo
mais,
para se saber realizada, satisfeita, plena: Jesus nos deu esta
oportunidade ao apresentar o Pai e outorgar o Espírito (note Jo 14:9
e 20:22). Comendo deste pão minha mente e alma têm que ser levadas
a adorar àquele que se fez carne para que contemplássemos a glória
divina (como é lindo Jo 1:14!).
Hoje,
quando celebramos a Ceia do Senhor e trazemos à memória o Pão da
Vida, principalmente tão próximo da celebração da Páscoa Cristã
(maior evento de nosso calendário), devemos comê-lo como quem
celebra a alma plena e saciada de paz, amor e vida; satisfeitos por
estar na presença do Eterno.
Que
comamos deste pão pascal louvando a Deus por ter nos dado tal
privilégio.
(Publicado
originalmente no sítio ibsolnascente.blogspot.com
em
19
de março de 2010)
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