Algumas
expressões são usadas de maneira tão corriqueira que nem nos damos conta do que
elas realmente significam. Uma delas é "um vaso de alabastro". A referência primeira é em geral aos textos
de Mt 26:7; Mc 14:3 ou Lc 7:37 onde ela aparece no Novo Testamento. E pronto.
O bordão está lançado.
Mas
vamos olhar melhor a expressão. Em
primeiro lugar, para dar uma definição, no estilo dicionário – ou glossário,
teríamos o seguinte:
Alabastro – Transliteração do grego (via latim) ἀλάβαστρος. Originalmente um tipo de cerâmica feita a
partir de dois minerais distintos: gesso (sulfato de cálcio hidratado) e calcite
(um carbonato de cálcio) e usada para armazenar óleo ou perfume. Conhecido desde o século V a.C., nos tempos
do NT o termo era usado para designar qualquer vaso para guardar essências,
independente do material de que era feito, e daí, por extensão, a própria
essência ali depositada.
Nesta
mesma linha, o Wikipedia diz:
A primeira menção conhecida a estes
"frascos de essências" vem de Heródoto, na obra Histórias, que cita o
alabastro como um dos presentes enviados por Cambises II ao rei da Etiópia.
Passada a sua época, a palavra ocorria tanto entre os escritores gregos quanto
entre romanos.
Também
é interessante fazer uma comparação das três citações (há mais detalhes nos
textos, mas vamos nos ater ao objeto e seu uso):
+
Mateus:
... trazendo um alabastro de perfume (ungüento)
caro e derramou ...
+
Marcos:
... trazendo um alabastro de perfume (ungüento)
de nardo genuíno (não diluído), muito caro, esmagou o alabastro e o derramou
...
+
Lucas:
... trazendo um alabastro de perfume (ungüento)
...
E
quanto ao significado espiritual da passagem?
Este é o que realmente importa. Bem,
aqui podemos ampliar nosso campo de visão, e para isso vou me dar a liberdade
de passar a palavra a Joe Kapolyo, de Zimbábue, que assim comentou a passagem
de Mateus:
Jesus e seus discípulos foram bem recebidos no lar
de um homem chamado Simão, o leproso,
no vilarejo de Betânia. (...)
No meio da refeição, uma mulher entrou e derramou
um precioso bálsamo sobre a cabeça de
Jesus (26:7). A unção é importante
porque a palavra Messias ou Cristo se refere a alguém que foi ungido para a
missão. Jesus considerou a atitude da
mulher uma preparação de certa forma prematura, mas não inconveniente, para seu
sepultamento (26:12).
Mateus pode estar comparando seus discípulos do
sexo masculinos com as contrapartidas femininas. Pedro foi contrário à ideia de que o Filho do
Homem devia morrer (16:22), porém uma mulher entendeu a importância do que
aconteceria com Jesus e tomou a atitude correta ao demonstrar sua devoção. Jesus a elogiou por seu ato (20:10-13). (...)
A mulher é um exemplo de total devoção a
Jesus. Sua história é contada, em sua
honra, sempre que se narra a morte de Jesus (26:13). Esse é um privilégio que a maioria dos discípulos
não possui.
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