terça-feira, 6 de setembro de 2016

UM VASO DE ALABASTRO

Algumas expressões são usadas de maneira tão corriqueira que nem nos damos conta do que elas realmente significam.  Uma delas é "um vaso de alabastro".  A referência primeira é em geral aos textos de Mt 26:7; Mc 14:3 ou Lc 7:37 onde ela aparece no Novo Testamento.  E pronto.  O bordão está lançado.
Mas vamos olhar melhor a expressão.  Em primeiro lugar, para dar uma definição, no estilo dicionário – ou glossário, teríamos o seguinte:
Alabastro –  Transliteração do grego (via latim) ἀλάβαστρος.  Originalmente um tipo de cerâmica feita a partir de dois minerais distintos: gesso (sulfato de cálcio hidratado) e calcite (um carbonato de cálcio) e usada para armazenar óleo ou perfume.  Conhecido desde o século V a.C., nos tempos do NT o termo era usado para designar qualquer vaso para guardar essências, independente do material de que era feito, e daí, por extensão, a própria essência ali depositada.
Nesta mesma linha, o Wikipedia diz:
A primeira menção conhecida a estes "frascos de essências" vem de Heródoto, na obra Histórias, que cita o alabastro como um dos presentes enviados por Cambises II ao rei da Etiópia. Passada a sua época, a palavra ocorria tanto entre os escritores gregos quanto entre romanos.

Também é interessante fazer uma comparação das três citações (há mais detalhes nos textos, mas vamos nos ater ao objeto e seu uso):
+ Mateus:
... trazendo um alabastro de perfume (ungüento) caro e derramou ...
+ Marcos:
... trazendo um alabastro de perfume (ungüento) de nardo genuíno (não diluído), muito caro, esmagou o alabastro e o derramou ...
+ Lucas:
... trazendo um alabastro de perfume (ungüento) ...

E quanto ao significado espiritual da passagem?  Este é o que realmente importa.  Bem, aqui podemos ampliar nosso campo de visão, e para isso vou me dar a liberdade de passar a palavra a Joe Kapolyo, de Zimbábue, que assim comentou a passagem de Mateus:
Jesus e seus discípulos foram bem recebidos no lar de um homem chamado Simão, o leproso, no vilarejo de Betânia. (...)
No meio da refeição, uma mulher entrou e derramou um precioso bálsamo sobre a cabeça de Jesus (26:7).  A unção é importante porque a palavra Messias ou Cristo se refere a alguém que foi ungido para a missão.  Jesus considerou a atitude da mulher uma preparação de certa forma prematura, mas não inconveniente, para seu sepultamento (26:12).
Mateus pode estar comparando seus discípulos do sexo masculinos com as contrapartidas femininas.  Pedro foi contrário à ideia de que o Filho do Homem devia morrer (16:22), porém uma mulher entendeu a importância do que aconteceria com Jesus e tomou a atitude correta ao demonstrar sua devoção.  Jesus a elogiou por seu ato (20:10-13). (...)
A mulher é um exemplo de total devoção a Jesus.  Sua história é contada, em sua honra, sempre que se narra a morte de Jesus (26:13).  Esse é um privilégio que a maioria dos discípulos não possui.


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