Em qualquer cidade ou povoado sempre haverá uma
feira: um lugar, uma praça, um espaço destinado ao comércio, onde produtos são
expostos e pessoas compram e vendem – ou simplesmente trocam – o que para ali
se leva e traz.
Sei que não foi Deus quem criou a feira. Isso é resultado da construção social humana.
E até por isso é impossível determinar um modelo ou padrão que atenda a todas
as variedades culturais com a qual a feira se travestiu ao longo da história.
Mas feira é feira e mesmo sem muita explicação, as
chamadas feiras-livres que povoam nossas cidades estão aí como parte
significativa de nossa convivência: geralmente na rua, explicitando alguns
traços bem característicos de nossa identidade com uma generosa dose de
improvisos e espontaneidades.
Ir a feira – dizem os habituès – é mais do
que um costume, requer certos maneirismos e muito de intuição e
jogo-de-cintura. O ideal é sair bem
cedo, caminhar, pechinchar, escolher e só trazer o que realmente valha o
carrego.
Por outro lado, gosto de olhar a feira como um
paraíso dos sentidos. É ali, no meio de
toda aquela agitação que me agrada deixar aflorar cada uma das janelas que meu
Criador me presenteou. Desfrute um pouco
comigo.
Comece pela visão.
Uma verdadeira feira-livre, daquelas que se instalam no meio do cinza
das cidades, é um extasiar de cores: tomates vermelhos, alfaces verdes, melões
amarelos, ovos brancos, macaxeiras marrons, além de laranjas, beterrabas,
coentros, mangabas, siriguelas e por aí vai...
Dê atenção a audição. Numa feira, cada bom vendedor canta enquanto
tenta seduzir seu freguês numa mistura de toadas que se sucedem, misturam e
ecoam, fluindo pelos ouvidos.
Ah! E o olfato.
Qualquer feira que se preze tem que deixar acontecer seus aromas. Principalmente quando seus produtos se
destinam ao prato. O peixe fresco tem
seu cheiro próprio. Mas não é só
ele. Cada fruta, verdura, legume ou o
que mais ali esteja tem que me convencer pelo nariz.
Não se esqueça do tato. Cada hortaliça tem sua textura devida, umas naturalmente mais lisas e suaves, outras mais ásperas e enrugadas. O toque tem que passear pelas bancas enquanto
se frequenta uma feira.
E, claro, finalmente o paladar. Não há feira de verdade em que não se fique
de água na boca. O gosto do amendoim
cozido ou do beiju molhado. A fatia de
queijo experimentada e testada. A fruta
discretamente beliscada. A água de coco
enquanto se retoma o fôlego para continuar a caminhada...
Olhando assim: feira é festa dos sentidos. Não sei se você já parou para pensar nisso,
mas para mim a feira é uma oportunidade sempre inusitada de glorificar ao Pai
Celeste por cada um dos sentidos que estão ali exuberantemente estimulados para
me lembrar o quanto Deus é criativo e caprichoso.
E eu continuo a louvá-lo assim!
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ResponderExcluirEm qualquer feira pelos Caminhos, os cheiros me levam prazerosamente as minhas origens.
Querido, é verdade que algumas vezes são os cheiros que nos trazem de volta para casa. E como é bom sentir taç aconchego.
ExcluirObrigado pelo comentário. Um abraço.