Em toda a Bíblia, o perdão
humano é sempre influenciado pelo perdão divino (acrescente ainda que primeiro ele
nos amou com é dito em 1Jo 4:19). É
considerando assim que procuramos olhar a disciplina do perdão como algo a ser
seriamente encarado, já que tal atitude influencia nossa relação com Deus e com
os demais irmãos.
Quanto a isso, Jesus faz uma
severa advertência, comentando o pedido de perdão da Oração do Pai-Nosso: como
poderemos suplicar pelo perdão divino se não somos capazes de – sob sua
influência – estender o mesmo perdão ao nosso próximo (Mt 6:14-15).
Nesta linha de raciocínio, a
disciplina do perdão tem que ser vivenciada como algo incondicional (argumento
de Rm 5:8). Ora, se somos alvos do amor
sem exigências prévias ou pré-condições de Deus – e o perdão divino é colocado
exatamente nesta medida – então o perdão que devemos oferecer a quem nos fere
ou ofende tem que ser na mesma medida.
Outro ponto importante a se
destacar nesta lição é a extensão – quantidade – de perdão que devo oferecer. No contexto da parábola do servo impiedoso,
Jesus indica que nosso perdão deve se estender por setenta vezes sete; ou seja,
atualizando a linguagem, não pode haver limite para que perdoemos a quem carece
do nosso perdão (Mt 18:22 e Lc 17:4).
E mais. Como disciplina cristã, o perdão exige sempre
dos discípulos de Cristo iniciativa. Jesus
instruiu que se o outro pecar e nos ferir, nós é que devemos ter a atitude e
iniciativa de ir ao seu encontro e propor perdão e reconciliação. No Sermão da Montanha Jesus disse claramente
que para se cumprir a Lei de Deus e agradá-lo em adoração – entregando a oferta
– faz-se necessário entrar em acordo com o irmão. Isto quer dizer que, para Jesus, o perdão é pressuposto
fundamental para a comunhão com Deus (leia em Mt 5:23-26).
Em se tratando de perdão e reconciliação,
uma última observação precisa ser considerada: Paulo aos Romanos (citando Pv
25:21-22) estabelece como prática disciplinar do cristão não somente um perdão
citado ou formalizado, mas uma atitude de restauração e reparação:
"Se teu inimigo tiver fome, dê-lhe
de comer; se tiver sede, dê-lhe de beber.
Fazendo isso, você amontoará brasas vivas sobre a cabeça dele".
(Rm 12:20)
Nenhum comentário:
Postar um comentário