A
história do dia em que o sol parou, lá no Antigo Testamento, está entre aquelas
mais lembradas das narrativas bíblicas. Mas para entender melhor o
episódio deixe-me inicialmente colocá-la num contexto. A conquista dos
filhos de Israel da terra prometida no século XV a.C. aconteceu em meio a
batalhas sangrentas. Josué liderou o povo como um militar e sempre os
animou a tomar a iniciativa e enfrentar seus inimigos dispostos à vitória.
O que
ocorreu e foi narrado no capítulo 10 do livro de Josué não segue a mesma linha
de acontecimentos: liderados por Adoni-Zedeque, rei de Jerusalém, uma coligação
se levantou e desafiou os gibeonitas. Para defender seus aliados, Josué
juntou seus melhores homens e partiu para a guerra.
E antes
de chegar no inusitado da história – o evento do sol parado – já podemos
aprender algo.
A
primeira lição é de solidariedade. Os reis se juntaram para atacar
Gibeon. E para defender seu aliado, Israel se lançou à batalha.
Tudo começa quando o povo de Deus é capaz de sentir a dor e o problema do outro
e se envolver procurando se somar na resolução dos mesmos.
Textos
não faltam neste sentido: no AT o Sl 133 fala em vivermos em união e no NT
Jesus declara que nossa identidade só aparecerá quando amarmos uns aos outros
(está em Jo 13:35). Tudo indica que Josué e seus homens realmente
anteciparam a instrução paulina de compartilhar o choro e a alegria do outro
(como é dito em Rm 12:15).
A segunda
lição vem da atitude de Josué em reunir seus melhores homens (veja Js
10:7). Para enfrentar as batalhas que sobrevêm contra nós –
principalmente as batalhas espirituais – temos de colocar o que temos de melhor
a disposição do nosso General.
Aqui
lembro ainda das palavras de Jesus que fala em Mt 6:33 em dar o primeiro lugar
ao Reino de Deus. Também não posso me esquecer da advertência de Jeremias
quanto ao fazer a obra de Senhor de modo negligente (leia em Jr 48:10).
É nesse
momento que o surpreendente acontece. Quando o povo de Deus se coloca com
amor e disposição, o próprio Senhor faz aquilo que não nos é possível (lembre
de Mt 19:26). Duas expressões do verso 14 nos dão o tom da ação divina.
Em
primeiro lugar é dito que o Senhor atendeu a um homem. O que está claro
aqui é que quando um servo fiel entra em oração, Deus atende. Tiago ainda
observa o mesmo sobre o profeta Elias que, mesmo sendo humano como nós, Deus o
atendeu segurando a chuva.
A outra
expressão é que o Senhor lutava por Israel. O nosso Deus vai a nossa
frente e luta por nós. É o caso da confiança de Neemias ao incentivar o
povo na reconstrução do muro (confira Ne 4:20).
É isso
que acontece: Deus manipula as leis naturais para agir poderosamente em favor
dos seus filhos quando estes se unem com dedicação, amor e zelo, e quando
entram na batalha em oração e confiança (compare Gn 8:22 com Js 10:13 e veja do
que Deus é capaz!).
Com
ousadia, nos entreguemos à batalha espiritual, certos de que o Senhor vai fazer
o sol parar, até que nossos inimigos se ponham em fuga e a vitória esteja
conquistada para o seu louvor.
(De ibsolnascente.blogspot.com
em 23 de outubro de 2009)
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