Eu me lembro
de ter ouvido a canção "Não Tenhas Sobre Ti" pela
primeira vez ainda nos meados dos anos 1980 logo depois de ela ter sido
lançada. E nunca mais saiu da minha
memória.
Para citação,
tenho guardadas algumas referências da época – mas hoje é fácil atualizar via
internet. A composição, atribuída a
Jefferson Ferreira e Josué Rodrigues, foi gravada inicialmente no LP MILAD 1 em
1986. Ainda para citação, o grupo goiano
MILAD – Ministério de Louvor e Adoração foi um grupo que se apresentava como fruto
da visão que Deus concedeu para formar um ministério que pudesse agenciar
trabalhos nas áreas das "artes-cristãs". O MILAD se manteve em atividade entre os anos
1984 e 2003 e o Wikipedia se refere a ele como um dos mais notórios e conceituados
da música cristã brasileira nos anos 80.
Depois desse
parágrafo grande de citação, vamos voltar para a canção.
Na época em
que conheci a canção, eu estava aprendendo a tocar os primeiros acordes no
violão – não me tornei um expert nessa arte! – e ser capaz de tocá-la
com as três ou quatro cifras da versão simplificada que me passaram era
realmente o máximo.
Talvez seja
por essa lembrança que a canção não foi mais esquecida.
Pode ser que
sim, mas hoje penso que as razões de ela ter grudado são outras. É certo que as sequências melódicas e
harmônicas são atraentes, mas ninguém guarda memórias, principalmente afetivas,
a partir de dados e referências técnicas.
Depois daquele contato inicial com a canção, ela
voltou a mim em várias outras ocasiões e circunstâncias e sempre indo se
agasalhar no mesmo ponto de minha alma.
Então aqui está o motivo da lembrança persistente e
reforçada: a música, como comunicação de arte que é, tem o poder nos tocar (que
pleonasmo delicioso!).
E se quiser
ler mais sobre o que é arte e a força que ela representa, eu já publiquei três diálogos sobre arte (aqui está o link).
E sendo mais
específico sobre a canção em si, deixe-me compartilhar o que ela diz para mim.
A melodia se
funde perfeitamente com o texto e o conduz a outro nível. Assim, juntas, melodia e letra, soam como se
fossem entoadas como uma canção de ninar na voz suave de uma mãe – ou do Pai
Eterno se preferir – e eu então me sinto nesse colo materno/divino sendo
carinhosamente acalentado.
Se conseguir
manter a canção em sua mente enquanto degusta esta reflexão penso que vai ser
melhor. Canções de ninar têm que vibrar
a partir do interior, da alma, e não dos ouvidos. Se conseguir, bom! De qualquer forma, note as palavras da
canção. Posso citá-las de cor.
Não tenhas sobre ti, um só cuidado qualquer que seja
Pois um, somente um, seria muito para ti.
Pois um, somente um, seria muito para ti.
Mas como!? A
vida está cheia de aperreios, como não se esgarçar nem se estressar nos
cuidados!?
E o refrão
coloca tudo no seu lugar:
É meu, somente meu, todo trabalho
E teu trabalho é descansar em mim.
E teu trabalho é descansar em mim.
Agasalhado no
colo divino eu posso simplesmente descansar e relaxar ao ouvir sua voz
declarando que se ocupa comigo (não preciso me pre-ocupar!). Sim, ela se ocupa com meu cuidado. E isso é suficiente.
Mas a vida
continua...
Então eu chego
à segunda parte da canção:
Não temas quando enfim, tiveres que tomar decisão
Entrega tudo a mim, confia de todo coração.
Entrega tudo a mim, confia de todo coração.
Eu bem que
queria ficar no colo para sempre, mas não dá!
Só que também aqui não há problema, pois posso seguir confiante, tem
quem me dê suporte nas minhas decisões.
E volto ao
refrão já agregando novos significados ao aconchego.
Poderia
terminar por aqui, a canção está completa.
Mas meu senso de Sola Scriptura me exige uma citação, e não vou
me furtar dela:
... lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, por ele tem
cuidado de vós
(1Pe 5:7).