Frequentando o Templo de Jerusalém, como
judeus que eram, mas tendo a convicção de que Jesus era o Messias que a nação
deveria esperar e diante do qual se curvar, Pedro e João encontraram um mendigo
na porta que lhes pediu esmola.
Este era um quadro bastante comum naquele
local sagrado e que deveria merecer um posicionamento da igreja: o que fazer
com os pobres em nossas portas? (é bom lembrar que próprio Jesus já previu que
sempre teremos a presença deles entre nós – veja Mt 26:11).
No século primeiro da era cristã a
situação socioeconômica na região da Judeia chegou a condições críticas. A distinção entre pobres e ricos era
acentuada e não podia ser desconsiderada.
Enquanto uma pequena elite social, e até religiosa, em Jerusalém vivia
em opulência, uma grande maioria não dispunha dos meios necessários para uma
sobrevivência digna. E entre estes
últimos havia aqueles em absoluto estado de pobreza e miséria.
Embora nas leis do AT houvesse uma série
de códigos e prescrições sociais que protegiam os menos favorecidos, tais leis
há muito já não eram praticadas entre os filhos de Israel.
O texto de Levítico diz de maneira
direta: Se alguém do seu povo empobrecer e não puder sustentar-se, ajudem-no
como se faz ao estrangeiro e ao residente temporário, para que possa continuar
a viver entre vocês (Lv 25:35 – mas veja também outros textos como Êx
22:22-27 e Dt 15:1-4).
Longe
deste padrão legal bíblico, a cidade de Jerusalém, e em especial os arredores
do Templo, estava repleta de pessoas que não tinham a mínima condição de
autossustento e viviam da esmola e caridade dos mais abastados.
Alguns fatores levaram ao longo dos anos
esta grande quantidade de homens e mulheres à pobreza e à mendicância nas ruas
de Jerusalém: os altos impostos para custear a monarquia e a dominação romana;
a presença de mão-de-obra barata (como escravos), que tirava de muitos a
oportunidade de trabalhar; a incidência de deficiência física (como a cegueira
e a paralisia) impedia as pessoas de ganhar seu próprio sustento; a morte de um
pai deixava sempre esposa e filhos pequenos sem sustento; e a inescrupulosa
ação dos agiotas cobrando altos juros de alguém que precisou de um empréstimo.
Este era o ambiente que a igreja
primitiva encontrou nas ruas da cidade santa quando iniciou seu
ministério. Os apóstolos que foram ao
Templo para orar – como faria todo judeu devoto – tiveram que cruzar em seu
caminho com vários destes excluídos da vida social e religiosa do Templo em
Jerusalém. Porém ao contrário da elite
sacerdotal judaica, a igreja se posicionou logo de início de maneira diferente.
Leia
mais uma reflexão sobre este encontro em “NÃO TENHO PRATA NEM OURO” (link aqui)
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