quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

PEDRO E JOÃO NA PORTA DO TEMPLO


Frequentando o Templo de Jerusalém, como judeus que eram, mas tendo a convicção de que Jesus era o Messias que a nação deveria esperar e diante do qual se curvar, Pedro e João encontraram um mendigo na porta que lhes pediu esmola.
Este era um quadro bastante comum naquele local sagrado e que deveria merecer um posicionamento da igreja: o que fazer com os pobres em nossas portas? (é bom lembrar que próprio Jesus já previu que sempre teremos a presença deles entre nós – veja Mt 26:11).
No século primeiro da era cristã a situação socioeconômica na região da Judeia chegou a condições críticas.  A distinção entre pobres e ricos era acentuada e não podia ser desconsiderada.  Enquanto uma pequena elite social, e até religiosa, em Jerusalém vivia em opulência, uma grande maioria não dispunha dos meios necessários para uma sobrevivência digna.  E entre estes últimos havia aqueles em absoluto estado de pobreza e miséria.
Embora nas leis do AT houvesse uma série de códigos e prescrições sociais que protegiam os menos favorecidos, tais leis há muito já não eram praticadas entre os filhos de Israel.  
O texto de Levítico diz de maneira direta: Se alguém do seu povo empobrecer e não puder sustentar-se, ajudem-no como se faz ao estrangeiro e ao residente temporário, para que possa continuar a viver entre vocês (Lv 25:35 – mas veja também outros textos como Êx 22:22-27 e Dt 15:1-4).
 Longe deste padrão legal bíblico, a cidade de Jerusalém, e em especial os arredores do Templo, estava repleta de pessoas que não tinham a mínima condição de autossustento e viviam da esmola e caridade dos mais abastados.
Alguns fatores levaram ao longo dos anos esta grande quantidade de homens e mulheres à pobreza e à mendicância nas ruas de Jerusalém: os altos impostos para custear a monarquia e a dominação romana; a presença de mão-de-obra barata (como escravos), que tirava de muitos a oportunidade de trabalhar; a incidência de deficiência física (como a cegueira e a paralisia) impedia as pessoas de ganhar seu próprio sustento; a morte de um pai deixava sempre esposa e filhos pequenos sem sustento; e a inescrupulosa ação dos agiotas cobrando altos juros de alguém que precisou de um empréstimo.
Este era o ambiente que a igreja primitiva encontrou nas ruas da cidade santa quando iniciou seu ministério.  Os apóstolos que foram ao Templo para orar – como faria todo judeu devoto – tiveram que cruzar em seu caminho com vários destes excluídos da vida social e religiosa do Templo em Jerusalém.  Porém ao contrário da elite sacerdotal judaica, a igreja se posicionou logo de início de maneira diferente.

Leia mais uma reflexão sobre este encontro em “NÃO TENHO PRATA NEM OURO” (link aqui)

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