sexta-feira, 31 de agosto de 2018

COMO TRATAR O PECADO?


No último domingo, celebramos em nossa Congregação a Ceia do Senhor. E como costumo dizer, dia de celebração de Ceia é dia de dizer as mesmas coisas… de novo… e de novo… Assim tem de ser, pois Ceia é memorial. Então, para lembrar, repete-se as mesmas histórias, as mesmas afirmações, as mesmas crenças. E toda a celebração se enche de significado e vida.
Mas, onde entra o pecado nessa conversa? – até para justificar o título lá em cima!
Eu até confesso que pecado não é meu assunto preferido para falar. Mas, fazer o quê!? Está na Bíblia, e não tenho como fugir dessa realidade.
Paulo, escrevendo aos cristãos da Igreja de Roma, afirmou que todos pecaram e por isso estão destituídos da graça de Deus (confira Rm 3:23).
Permita-me logo duas observações sobre os verbos encontrados na língua original do texto apostólico. 1. O primeiro verbo ali usado deve ser traduzido mesmo como pecar, mirar num alvo errado – o mesmo verbo que Lucas usa para se referir a atitude do filho pródigo em Lc 15:18; e 2. O outro permite conceitos mais amplos, porém todos implicando em falta, carência e exclusão – na mesma parábola contada no Evangelho, é o que o garoto começou a sentir depois de ter desperdiçado a herança, em Lc 15:14.
Nessa perspectiva, é certo dizer que pecado, não somente é uma infeliz realidade espiritual, como também que provoca carências na alma que por si mesmas são incuráveis.
E foi e com essa certeza que celebramos a Ceia do Senhor. Se o pecado é real e um mal incurável por esforços humanos (a carência e vazio são gigantescos!), como remediá-lo sob a ótica da cruz que rememoramos na Ceia cristã? Como tratar o pecado? Que fazer com ele?
Então fomos buscar na Bíblia exemplos e lições que nos guiassem. E pelo menos três atitudes se mostraram possíveis – duas trágicas e uma recomendável. Vamos a elas:
A primeira atitude em relação ao pecado foi a de Judas Iscariotes. Tomado de profundo remorso e tristeza, ele tentou por si só desfazer a besteira que tinha feito, devolvendo o dinheiro da traição. Como não foi possível – nunca é! – ele acabou se enforcando (leia em Mt 27:5). Uma tragédia.
Outra atitude também de fim trágico foi a dos filhos do sacerdote Eli. O texto bíblico os descreve como não se importando com as coisas do Senhor (vá a 1Sm 2:12-17). E essa postura de desleixo, desprezo e descuido com o sagrado, como se o pecado realmente não provocasse nenhuma consequência, deu lugar à sentença divina.
Mas há a atitude do rei Davi. Essa sim deve servir de modelo e parâmetro para nossa ação em relação ao pecado. Depois de ser confrontado pelo profeta Natã em relação ao seu pecado de adultério e assassinato, Davi escreveu o Salmo 51. E é esse padrão de conduta ditado por disposição interior que deve orientar nossa postura quando celebramos a Ceia diante da cruz:
Tem misericórdia de mim, ó Deus,
por teu amor;
por tua grande compaixão
apaga as minhas transgressões.
Cria em mim um coração puro, ó Deus,
e renova dentro em mim um
espírito estável.
Não me expulses da tua presença,
nem tires de mim o teu Santo Espírito.
Arrependimento verdadeiro – não remorso emocional. Confissão sincera – não descaso arrogante. E da cruz nos vem a graça e perdão imerecidos que recebemos com piedade e adoração. É assim de se deve tratar o pecado. É assim que celebramos a Ceia do Senhor.

2 comentários:

  1. pelo que eu entendi , estamos longe de arrependimentos verdadeiro, e cheio de remoço e arrogância , o fato é que pecamos toda hora, entendo que arrependimento significa não querer mais.

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    1. Querido.
      Também entendo que arrependimento significa não querer mais repetir as mesmas práticas e intenções que me distanciam de Deus.
      Mas me vejo forçado a assumir as palavras do apóstolo Paulo: "porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço" (Rm 7:19).
      Arrependimento verdadeiro é isso. É assumir que de mim mesmo eu nada posso fazer e que careço infinitamente da graça. Arrependimento não apenas se achar a pior das criaturas, pé se saber filho e alvo da eterna graça divina em Cristo Jesus.
      A minha oração é que ele nos faça assim.

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