No
último domingo, celebramos em nossa Congregação a Ceia do Senhor.
E como costumo dizer, dia de celebração de Ceia é dia de dizer as
mesmas coisas… de novo… e de novo… Assim tem de ser, pois Ceia
é memorial. Então, para lembrar, repete-se as mesmas histórias,
as mesmas afirmações, as mesmas crenças. E toda a celebração se
enche de significado e vida.
Mas,
onde entra o pecado nessa conversa? – até para justificar o título
lá em cima!
Eu
até confesso que pecado
não é meu assunto preferido para falar. Mas, fazer o quê!? Está
na Bíblia, e não tenho como fugir dessa realidade.
Paulo,
escrevendo aos cristãos da Igreja de Roma, afirmou que todos pecaram
e por isso estão destituídos da graça de Deus (confira Rm 3:23).
Permita-me
logo duas observações sobre os verbos encontrados na língua
original do texto apostólico. 1. O primeiro verbo ali usado deve ser
traduzido mesmo como pecar, mirar num alvo errado – o mesmo verbo
que Lucas usa para se referir a atitude do filho pródigo em Lc
15:18; e 2. O outro permite conceitos mais amplos, porém todos
implicando em falta, carência e exclusão – na mesma parábola
contada no Evangelho, é o que o garoto começou a sentir depois de
ter desperdiçado a herança, em Lc 15:14.
Nessa
perspectiva, é certo dizer que pecado, não somente é uma infeliz
realidade espiritual, como também que provoca carências na alma que
por si mesmas são incuráveis.
E
foi e com essa certeza que celebramos a Ceia do Senhor. Se o pecado
é real e um mal incurável por esforços humanos (a carência e
vazio são gigantescos!), como remediá-lo sob a ótica da cruz que
rememoramos na Ceia cristã? Como tratar o pecado? Que fazer com
ele?
Então
fomos buscar na Bíblia exemplos e lições que nos guiassem. E pelo
menos três atitudes se mostraram possíveis – duas trágicas e uma
recomendável. Vamos a elas:
A
primeira atitude em relação ao pecado foi a de Judas Iscariotes.
Tomado de profundo remorso e tristeza, ele tentou por si só desfazer
a besteira que tinha feito, devolvendo o dinheiro da traição. Como
não foi possível – nunca é! – ele acabou se enforcando (leia
em Mt 27:5). Uma tragédia.
Outra
atitude também de fim trágico foi a dos filhos do sacerdote Eli. O
texto bíblico os descreve como não se importando com as coisas do
Senhor (vá a 1Sm 2:12-17). E essa postura de desleixo, desprezo e
descuido com o sagrado, como se o pecado realmente não provocasse
nenhuma consequência, deu lugar à sentença divina.
Mas
há a atitude do rei Davi. Essa sim deve servir de modelo e
parâmetro para nossa ação em relação ao pecado. Depois de ser
confrontado pelo profeta Natã em relação ao seu pecado de
adultério e assassinato, Davi escreveu o Salmo 51. E é esse padrão
de conduta ditado por disposição interior que deve orientar nossa
postura quando celebramos a Ceia diante da cruz:
Tem
misericórdia de mim, ó Deus,
por teu amor;
por teu amor;
por
tua grande compaixão
apaga as minhas transgressões.
apaga as minhas transgressões.
Cria
em mim um coração puro, ó Deus,
e
renova dentro em mim um
espírito estável.
espírito estável.
Não
me expulses da tua presença,
nem
tires de mim o teu Santo Espírito.
Arrependimento
verdadeiro – não remorso emocional. Confissão sincera – não
descaso arrogante. E da cruz nos vem a graça e perdão imerecidos
que recebemos com piedade e adoração. É assim de se deve tratar o
pecado. É assim que celebramos a Ceia do Senhor.
pelo que eu entendi , estamos longe de arrependimentos verdadeiro, e cheio de remoço e arrogância , o fato é que pecamos toda hora, entendo que arrependimento significa não querer mais.
ResponderExcluirQuerido.
ExcluirTambém entendo que arrependimento significa não querer mais repetir as mesmas práticas e intenções que me distanciam de Deus.
Mas me vejo forçado a assumir as palavras do apóstolo Paulo: "porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço" (Rm 7:19).
Arrependimento verdadeiro é isso. É assumir que de mim mesmo eu nada posso fazer e que careço infinitamente da graça. Arrependimento não apenas se achar a pior das criaturas, pé se saber filho e alvo da eterna graça divina em Cristo Jesus.
A minha oração é que ele nos faça assim.