Continuemos com a análise. Agora nos detendo mais na expressão de Josué.
Tive o cuidado de observar o texto em hebraico que tenho em mãos e
me chamou a atenção o uso enfático do pronome de primeira pessoa:
EU. Seja qual for o encaminhamento que se dê à sentença, tudo
começa com a determinação do sujeito.
Pois
bem, seguindo na linha de interpretação que temos adotado, Josué
fez uma escolha. Diante das opções que se lhe descortinavam e
baseado nas ações de Deus na história, o líder tomou a
iniciativa, foi em frente e assumiu os encargos da decisão: sou eu,
eu mesmo, e não outro. Isto é autoridade moral.
Somente
quem tem tal autoridade empenhada pelo exemplo e credibilidade
costurada pela caminhada pode se colocar na posição de protagonista
da história familiar e se postar como padrão e modelo (entendo que
as palavras de Paulo em Fl 3:17 podem ser lidas também nesta mesma
linha de raciocínio).
Josué
definiu sua escolha a partir de si mesmo. Isto colocou sobre seus
ombros as responsabilidades da decisão. Como chefe de sua casa, ele
não esperou que ninguém mais a conduzisse no serviço ao Senhor.
Nem ficou apenas esperando que tal bênção lhe fosse atribuída
como por encanto.
A
lição de Josué que a mim fica demonstrada nesta disposição em
primeira pessoa é que, se anseio e tenho o sonho de ver toda a minha
casa rendida aos pés divinos, eu preciso pessoalmente tomar o
encargo de assim conduzi-la. E tem mais. Só posso cobrar dos meus
submissão e serviço ao Senhor se tal atitude já for padrão
incontestável em minha vida.
Penso
que o problema de viver tomando posse de promessas e declarações de
bênção apenas é se eximir da responsabilidade. É mais cômodo
esperar que seja feito que se dispor a fazer! Parece-me que ainda é
indispensável a esta atual geração de líderes e crentes reassumir
pessoalmente o papel de liderança moral diante de nossas famílias
para que elas sejam colocadas no altar.
E
então, o que começou comigo, chega a minha casa. Não deixa de ser
curioso que, naquele momento de encruzilhada na história da nação
de Israel, Josué tenha colocado como alicerce de sua escolha a sua
família, não uma coletividade maior, e nem sequer mesmo a própria
nação.
Fica
difícil determinar se ele fez tal implicação propositadamente ou
não. Mas também não vem ao caso aqui. A lição bíblica é
esta. Ao colocar sua casa como seu foco de escolha ele deixou um
inestimável ensinamento: somente com famílias servindo ao Senhor
teremos um povo encaminhado na trilha correta.
Poderíamos
dizer que Josué citou sua casa porque é sobre quem teria
autoridade. Não me parecer ser o caso. Ele chefiava Israel e
poderia impor o culto ao Senhor e a exclusão dos deuses antigos e
locais. Porém, como já apontamos lá em cima, esta não seria uma
decisão a se impor, mas uma escolha a ser feita consciente e
responsavelmente. E começaria pela própria casa do líder, como
padrão e modelo.
Como
efeito de círculos concêntricos, a escolha que começou com Josué
deveria ser padrão para sua casa para, só então, influenciar a
sociedade e a nação.
Continua...
(Da revista "EDUCADOR"
– ano XXII – nº 85 – 2T14)
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