quarta-feira, 16 de maio de 2018

A MISSÃO COMO LIBERTAÇÃO


Sexta parte das considerações sobre o livro Compromiso y Misión de Orlando Costas, publicado em 1979.

Há ainda o aspecto da missão como libertação. Este é o desdobramento que nos conduz a refletir sobre a visibilidade da missão e do compromisso da igreja. Neste ponto os exemplos se mostram mais eficazes na argumentação. De um lado há os que interpretam a missão como libertação apenas espiritual sem entrar a fundo em outras questões sociais, econômicas e políticas – como se comportaram as jovens igrejas fruto das missões protestantes na América Latina. De outro, Costas cita cristãos como Bartolomeu de las Casas no México, G. Carey em Bengala, A. Schweitzer na África, E. Strachan em Costa Rica – e acrescentaríamos D. Bonhoeffer na Alemanha nazista e M. Luther King na América racista – que “qualquer que seja sua teologia, têm participado em esforços para servir a homens e mulheres no nível de suas necessidades sociais” (p. 113). Homens dos quais o mundo não era digno (Hb 11).
A conclusão de Costas é contundente:
Porque a verdadeira prova da missão não é se proclamamos e fazemos discípulos ou se nos comprometemos na libertação social, econômica e política, senão se somos capazes de integrar as três coisas em um testemunho amplo e dinâmico. Daí que necessitamos pedir ao Senhor que nos liberte não somente desta situação inútil, senão que nos liberte para a integralidade na missão (p. 130 – itálicos no original).
Neste ponto Costas interpõe um artigo sobre o evangelho e os pobres que compensa uma transcrição de um bloco inteiro de texto quando ele procura argumentar o papel dos pobres dentro da missão da igreja:
Não sem razão Jesus ligou sua missão com a questão dos pobres, dos cegos, dos cativos e dos oprimidos: eles são a maior evidência da tragédia do pecado! O evangelho é para todo o que se veja quebrantado e maltratado. Para eles prega o Ano do Jubileu, a nova era de Deus, a libertação da história!
Por isso é que os pobres afetam profundamente a identidade da igreja. A igreja é tanto sinal do compromisso de Deus com os desditos quanto primícias da nova criação. Na igreja deve caber todo tipo de ser humano, mas mais que ninguém o pária, o quebrantado e o marginalizado da sociedade, porque a igreja é paradigma da nova humanidade que Deus está formando através da obra salvífica de Cristo, paradigma que se logra e materializa mediante o poder do Espírito Santo no meio da discordância e deformação da sociedade (p. 133-134 – itálico no original).


Continua...

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