Sexta
parte das considerações sobre o livro Compromiso y Misión de Orlando Costas, publicado em 1979.
Há
ainda o aspecto da missão como libertação. Este é o
desdobramento que nos conduz a refletir sobre a visibilidade da
missão e do compromisso da igreja. Neste ponto os exemplos se
mostram mais eficazes na argumentação. De um lado há os que
interpretam a missão como libertação apenas espiritual sem entrar
a fundo em outras questões sociais, econômicas e políticas –
como se comportaram as jovens igrejas fruto das missões protestantes
na América Latina. De outro, Costas cita cristãos como Bartolomeu
de las Casas no México, G. Carey em Bengala, A. Schweitzer na
África, E. Strachan em Costa Rica – e acrescentaríamos D.
Bonhoeffer na Alemanha nazista e M. Luther King na América racista –
que “qualquer que seja sua teologia, têm participado em esforços
para servir a homens e mulheres no nível de suas necessidades
sociais” (p. 113). Homens dos quais o mundo não era digno (Hb
11).
A
conclusão de Costas é contundente:
Porque a
verdadeira prova da missão não é se proclamamos e fazemos
discípulos ou se nos comprometemos na libertação social, econômica
e política, senão se somos capazes de integrar as três coisas em
um testemunho amplo e dinâmico. Daí que necessitamos pedir ao
Senhor que nos liberte não somente desta situação inútil, senão
que nos liberte para a integralidade na missão (p. 130 –
itálicos no original).
Neste
ponto Costas interpõe um artigo sobre o evangelho e os pobres que
compensa uma transcrição de um bloco inteiro de texto quando ele
procura argumentar o papel dos pobres dentro da missão da igreja:
Não sem
razão Jesus ligou sua missão com a questão dos pobres, dos cegos,
dos cativos e dos oprimidos: eles são a maior evidência da tragédia
do pecado! O evangelho é para todo o que se veja quebrantado e
maltratado. Para eles prega o Ano do Jubileu, a nova era de Deus, a
libertação da história!
Por isso
é que os pobres afetam profundamente a identidade da igreja. A
igreja é tanto sinal do compromisso de Deus com os desditos quanto
primícias da nova criação. Na igreja deve caber todo tipo de ser
humano, mas mais que ninguém o pária, o quebrantado e o
marginalizado da sociedade, porque a igreja é paradigma da
nova humanidade que Deus está formando através da obra salvífica
de Cristo, paradigma que se logra e materializa mediante o poder do
Espírito Santo no meio da discordância e deformação da sociedade
(p. 133-134 – itálico no original).
Continua...
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