quarta-feira, 2 de maio de 2018

A MISSÃO COMO CRESCIMENTO INTEGRAL


Quinta parte das considerações sobre o livro Compromiso y Misióin de Orlando Costas, publicado em 1979.

Mais um aspecto da missão é o crescimento integral. Costas observa: “no Novo Testamento, a ação do Espírito Santo se orienta sempre ao crescimento” (p. 77). Mas crescimento é um conceito multiforme. O crescimento cristão, fruto da missão, é inicialmente em largura: usando a figura da plantação, o ideal do crescimento em largura nos fala de crescimento numérico, e isto quer dizer: semeadura, cultivo, poda para somente depois haver colheita. Costas aqui expõe a idéia de que a missão não está restrita a um método qualquer que seja – como se fosse uma “vaca sagrada” – nem à igreja institucional – “como se o Espírito Santo estivesse sociologicamente atado à igreja e ao que ela poderia lograr” (p. 89).
Outro aspecto do crescimento é em profundidade. E para isto foi que o Senhor da missão dotou a igreja de habilidades especiais (Efésios 4:11-16). Compreendendo-se a idéia de crescimento integral em profundidade como missão da igreja observamos que esta deve ser: Conceitual, experiencial e orgânica. A profundidade conceitual implica “ampliar a própria compreensão da fé e da vida cristã e começar a correlacionar todos esses fatos, históricos e teológicos, acerca da pessoa de Cristo, com nossas respectivas situações vitais” (p. 93). O crescimento experiencial desafia-nos a conhecer a Cristo no serviço voluntário àqueles que estão a precisar – como Jesus que veio para servir e não para ser servido. O terceiro aspecto do crescimento em profundidade é orgânica que no leva ao desafio da koinonia – a comunhão que deve haver na comunidade, no “celebrar, compartilhar e orar em comum” (p.99). Costas insiste que esta “não é uma questão periférica” (p. 100).
Por último o crescimento integral deve ser em altura, o que aponta para o fato que o cristão é um povo para os demais. Costas afirma: “a fé cristã é pessoal; não é uma fé individualista” (p. 103). O crescimento em altura requer que a igreja se saiba como um povo que celebra a Cristo no meio dos povos; e é exatamente para isto que ela está aí, para ser uma comunidade sacramental que enquanto cultua busca produzir nossas realidades históricas no meio onde está inserida. Viver a fé em Cristo é cultuá-lo e isto quer dizer glorificar a Deus que por sua vez implica num testemunho eficaz no meio do povo. A liturgia cristã deve ser gerada num contexto de crescimento integral em altura para todos. Costas observa o exemplo de católicos e ortodoxos que “percebem com razão uma inter-relação muito perto entre culto e testemunho” (p. 110).


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