Realmente o texto citado está
em Mt 3:11 –
“Eu vos batizo com água
para arrependimento. Mas depois de mim vem alguém mais poderoso do
que eu, tanto que não sou digno nem de levar as suas sandálias.
Ele os batizará com o Espírito Santo e com fogo. Ele traz a pá em
sua mão e limpará sua eira, juntando seu trigo no celeiro, mas
queimará a palha com fogo que nunca se apaga.”
(aqui na versão da NVI – os versos 11 e 12 para dar mais sentido à citação).
(aqui na versão da NVI – os versos 11 e 12 para dar mais sentido à citação).
As citações paralelas são:
+ Mc 1:8 – “...batizará
com o Espírito Santo.”
+
Lc 3:16 – “...
batizará com Espírito Santo e com fogo.”
+
Jo 1:33 – “... o
que batiza com o Espírito Santo.”
Esse é um riquíssimo texto
onde João, o Batista apresenta Jesus e compara seu ministério com o
dele, reconhecendo a limitação histórico-temporal e espiritual do
primeiro em relação segundo que estava por se iniciar. Vários
elementos estão presentes nesta declaração e que podem – e devem
– embasar aspectos importantes de nossa doutrina quanto à pessoa
de Cristo, a nossa salvação, vivência espiritual-cristã e
compreensão de igreja.
Mas vamos focar no tema do
fogo – esta é a questão aqui.
Alguns detalhes da citação
em grego para ajudar na compreensão do autor original:
… αὐτὸς
ὑμᾶς
βαπτίσει
ἐν
πνεύματι
ἁγίῳ
καὶ
πυρί·
Vamos lá:
=>
A primeira coisa que me chama a atenção é jogo de preposições: o
batismo de João é com
(ἐν
– em)
água, para
(εἰς
– no começo do versículo)
arrependimento. A água é o instrumento; o arrependimento, o
propósito. A água, a forma exterior; o arrependimento, a
manifestação interior. Aqui a Chave Linguística propõe:
“...tendo
em vista...”.
=>
O batismo de Jesus vai além. Ele é com
(em)
Espírito Santo e fogo: este é o veículo/instrumento da obra que
Jesus faz. O propósito é limpar
completamente a eira
(continuação da frase no verso 12).
Quanto ao fogo em si.
Acompanhe mais um pouco passeando pela Bíblia.
No
AT, a presença do fogo, de maneira recorrente, representa a própria
manifestação divina (veja por exemplo Êx 3:2 ou Nm 9:15). Também
o fogo representa a ação de justiça, purificação e santificação
do próprio Deus (lembre o Sl 21:9 e Êx 24:17; Is 30:27-30 e no NT
Hb 12:29).
Há
ainda a referência a Pentecoste (em At 2:1-4), mas creio que aqui a
referência só seria indireta. Prefiro continuar com a compreensão
da ação de Cristo – e do Espírito Santo – na vida do crente
como presença
purificadora.
É bom acrescentar aqui a
Parábola do Trigo e do Joio em Mt 13:24-30 onde Jesus conclui
destinando o joio imprestável ao fogo.
Outro
texto interessante é a vocação de Isaías (Is 6:1-8). A visão da
presença do Senhor é acompanhada de serafins
(figuras flamejantes) e a casa se enche de fumaça. Contudo isso não
é apenas um espetáculo (ainda que espiritual!). A presença real
(batismo) de Deus exige santificação. No caso do profeta, o
problema foi resolvido com a brasa viva que lhe tocou os lábios.
Ou seja, o fogo é a ação de
Deus em nos limpar, purificar e capacitar para estar em sua presença.
A
ilustração do fogo é ainda abundante na Bíblia: do fogo que
consumiu Sodoma e Gomorra em Gn 19:24-25 ao fogo que destroi o diabo
e seus assecla em Ap 20:9-10.
João entendeu seu batismo em
água como um chamado ao arrependimento – um começo de experiência
espiritual. O arrependimento nos alerta e traz de volta à presença
sagrada. Mas somente Cristo quando opera em nós através do
Espírito Santo pode consumir nosso pecado com seu fogo sagrado.
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