Ultimamente
tenho visto campanhas falando em educação escolar, formação de
cidadania, consciência social ou moralidade pública (e o pior é
que às vezes até nossas igrejas colocam tais proposições como
prioridade em suas agendas!). A verdade é que nada disso
transfigurará o Brasil, a menos que comecemos em nossas casas um
verdadeiro compromisso e disposição de servir ao Senhor.
E
sabe mais? Sem aquilo que nos acostumamos chamar de educação
cristã de berço, todo o nosso projeto eclesiástico de educação
religiosa está fadado ao fracasso. Somente quando incutirmos em
nossas casas, começando pelo compromisso dos líderes, verdadeiros
valores espirituais e morais como: amor a Deus e ao próximo, serviço
cristão, submissão humilde entre outros é que poderemos almejar
por impregnar marcas relevantes em nossa sociedade (já experimentou
aplicar instruções como Lc 10:27; Ef 5:21 e Fl 2:3 em sua casa?).
Para
o último destaque da fala de Josué, quero mais uma vez me fazer
valer da palavra em língua hebraica. O termo ali é servir cuja
tradução e implicação mais usual é exatamente descrevendo um ato
de render culto (como em Êx 12:25).
Mas
penso que não seria de todo uma aberração ao sentido semítico da
expressão se a atrelássemos à conotação em língua portuguesa:
servir como trabalhar para, ou estar à disposição de. Mediante
esta sugestão, então Josué estaria se colocando, junto a sua casa,
para trabalhar e se empenhar em favor do Senhor como um servo
prestativo e obediente. Ou seja, uma família pronta para o serviço,
para entregar seu suor e vontade à inteira vontade de Deus.
Creio
que posso entender as palavras do apóstolo Paulo na sua despedida
dos líderes de Éfeso na mesma linha (também aqui numa tradução
livre): Em minha vida, nada mais importa que me gastar no serviço do
Senhor Jesus (leia o discurso em At 20, e o verso em destaque é o
24).
Contudo,
quero insistir na compreensão de serviço como culto, celebração e
adoração (se não me engano, a língua inglesa costuma empregar o
termo assim!). Sendo assim, a escolha feita por Josué diante do
povo, naquele dia em Siquém, seria que, começando por ele e
abarcando toda a sua casa, ele preferia cultuar ao Senhor.
E
aqui entendo esta como uma boa definição de culto em família.
Entendendo o culto como um estar na presença do sagrado e dele
desfrutar sua companhia, então é correto afirmar que Josué
escolheu permanecer na presença do Senhor, tendo-o em sua companhia,
como havia sido sua experiência toda a vida. E isso ele queria
também para sua família. Era seu compromisso.
Diante
de variedade de deuses, entidades e forças cósmicas, Josué decidiu
que ele e sua família só se submeteriam em adoração ao Senhor
Deus com o qual já tinha experiência. A companhia divina tinha
sido certa, constante e soberana ao longo da caminhada.
Josué
nascera ainda no Egito, ainda em tempos de escravidão, presenciou o
mar aberto para que a libertação acontecesse, peregrinou pelo
deserto, espiou a terra e a conquistou, sucedendo a Moisés. Ele
sabia que isso era resultado da ação direta do Senhor. Sim, valia
continuar servindo em adoração este Deus que nunca faltou em uma só
de suas promessas (note a sua convicção em Js 23:14-15).
Foi
assim que o grande líder israelita se comprometeu em estabelecer o
culto ao Senhor como o único aceitável em sua casa. Nada além
disso. Nada aquém disso.
Em
conclusão, não posso deixar de considerar que nossas famílias
hoje, de modo igual, continuam expostas a uma multiplicidade de
deuses antigos e da modernidade, formatos religiosos e de culto,
objetos de veneração e preocupação última. Todos eles querendo a
primazia de nossa alma. A necessidade de escolha continua então
imperiosa a cada um de nós: A
quem vocês vão servir? A quem invocarão em adoração? Quem será
sua companhia e preocupação última?
Que
o próprio Senhor da Igreja nos dê líderes, servos e servas que
digam: Eu
já fiz a minha escolha. Eu e os da minha casa nos comprometemos em
servir ao Senhor.
(Da revista "EDUCADOR"
– ano XXII – nº 85 – 2T14)
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