sexta-feira, 8 de junho de 2018

EU JÁ FIZ MINHA ESCOLHA – conclusão


Ultimamente tenho visto campanhas falando em educação escolar, formação de cidadania, consciência social ou moralidade pública (e o pior é que às vezes até nossas igrejas colocam tais proposições como prioridade em suas agendas!). A verdade é que nada disso transfigurará o Brasil, a menos que comecemos em nossas casas um verdadeiro compromisso e disposição de servir ao Senhor.
E sabe mais? Sem aquilo que nos acostumamos chamar de educação cristã de berço, todo o nosso projeto eclesiástico de educação religiosa está fadado ao fracasso. Somente quando incutirmos em nossas casas, começando pelo compromisso dos líderes, verdadeiros valores espirituais e morais como: amor a Deus e ao próximo, serviço cristão, submissão humilde entre outros é que poderemos almejar por impregnar marcas relevantes em nossa sociedade (já experimentou aplicar instruções como Lc 10:27; Ef 5:21 e Fl 2:3 em sua casa?).
Para o último destaque da fala de Josué, quero mais uma vez me fazer valer da palavra em língua hebraica. O termo ali é servir cuja tradução e implicação mais usual é exatamente descrevendo um ato de render culto (como em Êx 12:25).
Mas penso que não seria de todo uma aberração ao sentido semítico da expressão se a atrelássemos à conotação em língua portuguesa: servir como trabalhar para, ou estar à disposição de. Mediante esta sugestão, então Josué estaria se colocando, junto a sua casa, para trabalhar e se empenhar em favor do Senhor como um servo prestativo e obediente. Ou seja, uma família pronta para o serviço, para entregar seu suor e vontade à inteira vontade de Deus.
Creio que posso entender as palavras do apóstolo Paulo na sua despedida dos líderes de Éfeso na mesma linha (também aqui numa tradução livre): Em minha vida, nada mais importa que me gastar no serviço do Senhor Jesus (leia o discurso em At 20, e o verso em destaque é o 24).
Contudo, quero insistir na compreensão de serviço como culto, celebração e adoração (se não me engano, a língua inglesa costuma empregar o termo assim!). Sendo assim, a escolha feita por Josué diante do povo, naquele dia em Siquém, seria que, começando por ele e abarcando toda a sua casa, ele preferia cultuar ao Senhor.
E aqui entendo esta como uma boa definição de culto em família. Entendendo o culto como um estar na presença do sagrado e dele desfrutar sua companhia, então é correto afirmar que Josué escolheu permanecer na presença do Senhor, tendo-o em sua companhia, como havia sido sua experiência toda a vida. E isso ele queria também para sua família. Era seu compromisso.
Diante de variedade de deuses, entidades e forças cósmicas, Josué decidiu que ele e sua família só se submeteriam em adoração ao Senhor Deus com o qual já tinha experiência. A companhia divina tinha sido certa, constante e soberana ao longo da caminhada.
Josué nascera ainda no Egito, ainda em tempos de escravidão, presenciou o mar aberto para que a libertação acontecesse, peregrinou pelo deserto, espiou a terra e a conquistou, sucedendo a Moisés. Ele sabia que isso era resultado da ação direta do Senhor. Sim, valia continuar servindo em adoração este Deus que nunca faltou em uma só de suas promessas (note a sua convicção em Js 23:14-15).
Foi assim que o grande líder israelita se comprometeu em estabelecer o culto ao Senhor como o único aceitável em sua casa. Nada além disso. Nada aquém disso.
Em conclusão, não posso deixar de considerar que nossas famílias hoje, de modo igual, continuam expostas a uma multiplicidade de deuses antigos e da modernidade, formatos religiosos e de culto, objetos de veneração e preocupação última. Todos eles querendo a primazia de nossa alma. A necessidade de escolha continua então imperiosa a cada um de nós: A quem vocês vão servir? A quem invocarão em adoração? Quem será sua companhia e preocupação última?
Que o próprio Senhor da Igreja nos dê líderes, servos e servas que digam: Eu já fiz a minha escolha. Eu e os da minha casa nos comprometemos em servir ao Senhor.
(Da revista "EDUCADOR" – ano XXII – nº 85 – 2T14)

Nenhum comentário:

Postar um comentário