ALGUMAS
CITAÇÕES SOBRE AS QUESTÕES DA DOUTRINA DO ESPÍRITO SANTO NA
DÉCADA DE 1960 NO BRASIL
O
Movimento de Renovação
Espiritual
ocorreu no Brasil na década de 1960 entre as Igrejas Evangélicas.
Na época, várias obras foram escritas, principalmente por aqueles
que estavam diretamente interessados em um ou outro lado da questão.
Vejamos o que disseram:
Em
um texto de 1993, o Pastor Enéas Tognini, tendo antes observado as
causas remotas da Renovação de 1960, informa que
"Renovação
Espiritual nasceu no coração de D. Rosalee [Mills
Appleby], do
Pastor
[José] Rego
Nascimento e no meu. Depois, o FOGO, na misericórdia de Deus, se
alastrou para outras vidas, para outras igrejas e para outras
denominações".
O
Pastor Rego do Nascimento assim definiu o movimento de Renovação
Espiritual: "Renovação
Espiritual é uma mensagem bíblica no poder do Espírito Santo para
sacudir as igrejas que existem, mas que dormem embaladas pelo
comodismo e pela inatividade".
Afinal, "um
avivamento genuinamente do Espírito era a aspiração de
denominações, de igrejas e de crentes em geral. Os jornais das
diversas denominações evangélicas expressaram esse desejo sincero
do coração, por meio de artigos, assinados por pastores e líderes
evangélicos do Brasil"
(citado por E. Tognini no mesmo livro).
Quanto
aos pontos teológicos expostos convém frisar de início que, até a
década em questão, estes temas são considerados periféricos pelos
autores evangélicos; sendo inclusive completamente omissos tanto
Confissão de Fé Batista de 1689 quanto no Pacto das Igrejas
Batistas. Contudo assim deu parecer a Comissão dos Treze:
"(...)
II)
Verificamos que a expressão "batismo no Espírito Santo"
nunca foi definida em declarações de fé publicadas pelos batistas
através dos séculos e sobre seu significado as opiniões de
teólogos e pensadores batistas são divergentes; mas, também,
reconhecemos:
1.
Que a crença no batismo no Espírito Santo como uma "segunda
bênção" ou seja como segunda etapa na vida cristã ou seja
ainda como uma nova experiência posterior à conversão não tem
sido crença que caracterize os batistas brasileiros.
2.
Que a prática do que ainda hoje chamam de "dom de língua"
e "dom de curas milagrosas" é igualmente estranha às
crenças e práticas características dos batistas brasileiros.
3.
Que o consenso geral dos batistas sobre a atuação do Espírito
Santo na vida do crente é que ela se faz como um processo em toda a
sua vida, processo esse que chamamos de "santificação
progressiva", a qual depende da cooperação do próprio crente.
4.
Que qualquer experiência emotiva ou sensível de cunho pessoal que
algum crente ou grupo de crentes tenha tido e que atribuem ao
Espírito Santo, por mais genuína que seja para o indivíduo ou para
o grupo, de modo nenhum pode constituir um exemplo ou um padrão a
ser imitado por outros crentes, nem tampouco pode constituir base
para doutrinamento dos outros ou para campanhas de avivamento".
E
mais. A mesma Comissão dos Treze em seu relatório apresentado na
45ª Assembleia da Convenção Batista Brasileira (Vitória/ES –
janeiro de 1963) assim declarou: "Apraz-nos
assinalar não haver divergência entre os batistas da Convenção
Batista Brasileira nos pontos fundamentais da doutrina do Espírito
Santo e que são os que constam da Declaração de Fé das Igrejas
Batista do Brasil".
E mais adiante: "Que
os crentes e igrejas se abstenham de atitudes precipitadas e hostis
mesmo quando estejam separados uns dos outros por divergências
doutrinárias no tocante à obra do Espírito Santo".
Observando
outras possíveis pontos de divergências, vemos que questões
litúrgicas influenciaram grandemente no desenrolar dos
acontecimentos, já que a Comissão dos Treze observou que nas
reuniões promovidas pela Renovação Espiritual "se
notam os mesmos erros próprios de reuniões pentecostais, isto é, a
confusão no ambiente, a gritaria, os descontroles físicos, e falar
línguas e outros excessos de emocionalismo";
embora fosse a opinião dos líderes da Renovação Espiritual que se
evitassem "barulho
demasiado e inútil"
nos trabalhos segundo informa E. Tognini.
Sob
o ponto de visto sociológico, embora Tognini afirme que "Renovação
Espiritual não é o refúgio para os descontentes, aqueles que por
questões políticas em sua igreja, dela se afastaram ou foram
afastando-se vêm então se apoiar em Renovação";
o mesmo não tem como negar que houve um "desejo
incontido de mandar, de liderar, de fechar nas mãos todo o controle
da obra".
Por
fim, sob o mesmo ponto de vista, observe-se também que Rubem Alves,
comentando sobre a igreja evangélica no final da década de 1950,
sublinhou dois pontos: "1)
Uma radical rachadura teológica que separou a juventude das
lideranças pastorais clássicas. 2) A formação de uma liderança
leiga, livre dos controles paroquiais a que se achavam submetidos os
pastores. Cada jovem tinha muito pouco a perder, pois não vivia da
Igreja e, por isto mesmo, gozava de imensa liberdade".
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