terça-feira, 12 de junho de 2018

A RENOVAÇÃO ESPIRITUAL EM 1960 – algumas citações


ALGUMAS CITAÇÕES SOBRE AS QUESTÕES DA DOUTRINA DO ESPÍRITO SANTO NA DÉCADA DE 1960 NO BRASIL

O Movimento de Renovação Espiritual ocorreu no Brasil na década de 1960 entre as Igrejas Evangélicas. Na época, várias obras foram escritas, principalmente por aqueles que estavam diretamente interessados em um ou outro lado da questão. Vejamos o que disseram:
Em um texto de 1993, o Pastor Enéas Tognini, tendo antes observado as causas remotas da Renovação de 1960, informa que "Renovação Espiritual nasceu no coração de D. Rosalee [Mills Appleby], do Pastor [José] Rego Nascimento e no meu. Depois, o FOGO, na misericórdia de Deus, se alastrou para outras vidas, para outras igrejas e para outras denominações".
O Pastor Rego do Nascimento assim definiu o movimento de Renovação Espiritual: "Renovação Espiritual é uma mensagem bíblica no poder do Espírito Santo para sacudir as igrejas que existem, mas que dormem embaladas pelo comodismo e pela inatividade". Afinal, "um avivamento genuinamente do Espírito era a aspiração de denominações, de igrejas e de crentes em geral. Os jornais das diversas denominações evangélicas expressaram esse desejo sincero do coração, por meio de artigos, assinados por pastores e líderes evangélicos do Brasil" (citado por E. Tognini no mesmo livro).
Quanto aos pontos teológicos expostos convém frisar de início que, até a década em questão, estes temas são considerados periféricos pelos autores evangélicos; sendo inclusive completamente omissos tanto Confissão de Fé Batista de 1689 quanto no Pacto das Igrejas Batistas. Contudo assim deu parecer a Comissão dos Treze:
"(...)
II) Verificamos que a expressão "batismo no Espírito Santo" nunca foi definida em declarações de fé publicadas pelos batistas através dos séculos e sobre seu significado as opiniões de teólogos e pensadores batistas são divergentes; mas, também, reconhecemos:
1. Que a crença no batismo no Espírito Santo como uma "segunda bênção" ou seja como segunda etapa na vida cristã ou seja ainda como uma nova experiência posterior à conversão não tem sido crença que caracterize os batistas brasileiros.
2. Que a prática do que ainda hoje chamam de "dom de língua" e "dom de curas milagrosas" é igualmente estranha às crenças e práticas características dos batistas brasileiros.
3. Que o consenso geral dos batistas sobre a atuação do Espírito Santo na vida do crente é que ela se faz como um processo em toda a sua vida, processo esse que chamamos de "santificação progressiva", a qual depende da cooperação do próprio crente.
4. Que qualquer experiência emotiva ou sensível de cunho pessoal que algum crente ou grupo de crentes tenha tido e que atribuem ao Espírito Santo, por mais genuína que seja para o indivíduo ou para o grupo, de modo nenhum pode constituir um exemplo ou um padrão a ser imitado por outros crentes, nem tampouco pode constituir base para doutrinamento dos outros ou para campanhas de avivamento".
E mais. A mesma Comissão dos Treze em seu relatório apresentado na 45ª Assembleia da Convenção Batista Brasileira (Vitória/ES – janeiro de 1963) assim declarou: "Apraz-nos assinalar não haver divergência entre os batistas da Convenção Batista Brasileira nos pontos fundamentais da doutrina do Espírito Santo e que são os que constam da Declaração de Fé das Igrejas Batista do Brasil". E mais adiante: "Que os crentes e igrejas se abstenham de atitudes precipitadas e hostis mesmo quando estejam separados uns dos outros por divergências doutrinárias no tocante à obra do Espírito Santo".
Observando outras possíveis pontos de divergências, vemos que questões litúrgicas influenciaram grandemente no desenrolar dos acontecimentos, já que a Comissão dos Treze observou que nas reuniões promovidas pela Renovação Espiritual "se notam os mesmos erros próprios de reuniões pentecostais, isto é, a confusão no ambiente, a gritaria, os descontroles físicos, e falar línguas e outros excessos de emocionalismo"; embora fosse a opinião dos líderes da Renovação Espiritual que se evitassem "barulho demasiado e inútil" nos trabalhos segundo informa E. Tognini.
Sob o ponto de visto sociológico, embora Tognini afirme que "Renovação Espiritual não é o refúgio para os descontentes, aqueles que por questões políticas em sua igreja, dela se afastaram ou foram afastando-se vêm então se apoiar em Renovação"; o mesmo não tem como negar que houve um "desejo incontido de mandar, de liderar, de fechar nas mãos todo o controle da obra".
Por fim, sob o mesmo ponto de vista, observe-se também que Rubem Alves, comentando sobre a igreja evangélica no final da década de 1950, sublinhou dois pontos: "1) Uma radical rachadura teológica que separou a juventude das lideranças pastorais clássicas. 2) A formação de uma liderança leiga, livre dos controles paroquiais a que se achavam submetidos os pastores. Cada jovem tinha muito pouco a perder, pois não vivia da Igreja e, por isto mesmo, gozava de imensa liberdade".


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