A adoração e o louvor são dois
elementos inseparáveis na vida cristã.
Louvar significa agradecer e honrar a Deus – glorificá-lo especialmente
com cânticos e danças. Pode ser algo
simples como a saudação diária Bwana
Asifiwe, "Louvado seja o Senhor" , ou elaborado como um festival
de louvor de três horas de duração, reunindo cantores e corais cristãos. Numa igreja africana típica, o culto inclui
expressões de reverência como curvar-se, ajoelhar-se com as mãos erguidas acima
da cabeça ou prostrar-se diante de Deus (Ne 8:5-6; Ap 4:9-10).
Na religião tradicional africana
(RTA), não é costume reunir os adoradores num local fechado como uma igreja ou
mesquita. O culto individual é realizado
em um lugar sagrado ao ar livre, como junto a uma árvore ou riacho. Mas esses lugares não são usados para a
reunião semanal de adoradores. A
congregação só se reúne para festas anuais ou sazonais. Nos lares, o chefe de família realiza rituais
simples de adoração entoando nomes que descrevem o caráter de um deus ou
ancestral e derramando uma libação diária para um ídolo do lar. Quer em suas formas simples quer em suas
formas mais complexas, o culto na RTA só é considerado completo quando inclui
sacrifícios e oferendas.
A RTA também difere do culto
cristão no sentido de que raramente adora o Ser Supremo de forma direta. Antes, os sacrifícios são oferecidos a
divindades e antepassados considerados mediadores entre Deus e as pessoas. Trata-se de um culto utilitário: "Os
africanos não anseiam por Deus em si.
Procuram apenas obter aquilo que ele oferece, bênçãos materiais ou mesmo
espirituais; não parecem buscá-lo com recompensa ou satisfação suprema para a
alma ou o espírito humano" (John Mbiti).
Na RTA, os deuses existem para os
seres humanos, e a adoração tem como principais objetivos restaurar o
equilíbrio entre a humanidade e os seres espirituais, evitar males como
enfermidades, insucessos e esterilidade e aumentar o sucesso.
Muitos desses conceitos
tradicionais foram transportados para o cristianismo, como mostra um programa
de televisão nigeriano no qual um casal consulta um herbolário acerca de uma
soma em dinheiro que alguém lhe deve. O
herbolário dá ao homem uma mistura de ervas e lhe garante que a dívida será
paga em breve. Ao receber o cheque, o
casal dança e canta: "Ele é um Deus que opera maravilhas!" –
exemplificando o caso de muitas pessoas que vivem com um pé no cristianismo e
outro na RTA. Esse tipo de sincretismo é
proibido na Bíblia.
A chave para entender o significado
e propósito da adoração no AT pode ser encontrada em Êxodo 20:1-8. Jesus citou essa passagem quando o diabo o
tentou oferecendo todos os reinos do mundo em troca de sua adoração, ao que
Jesus respondeu: "Retira-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu
Deus, adorarás, e só a ele darás culto" (Mt 4:8-10), deixando claro que o
culto segundo as Escrituras só pode ser prestado a Deus.
O culto bíblico é fundamentado na
redenção, no relacionamento e na representação.
Esses três elementos podem ser vistos na definição de adoração dada por
Cristo: "Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em
espírito e em verdade" (Jo 4:24).
Os adoradores de Deus são remidos pelo sangue do Cordeiro. Relacionam-se com ele de forma dinâmica como
seus filhos e filhas (Jo 1:12) e o representam no mundo como seus embaixadores
(2Co 5:20). A adoração nasce da gratidão
(Ap 5:9-10), proclama a grandeza e a glória de Deus (Sl 19:1) e antevê a volta
de Cristo (1Co 11:26).
Tokunboh Adeyemo – nigeriano
Comentário Bíblico Africano (2006)
Comentário Bíblico Africano (2006)
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