Antes de chegar à forma canônica
que conhecemos hoje, o texto bíblico passou por um processo de formação e
fixação. Veja uma relação destas
principais versões. Nem todas foram
conservadas por inteiro até os dias atuais.
ANTIGO TESTAMENTO –
Massoreta
– Contendo os 24 livros que conhecemos, escrito em hebraico antigo, com letra
quadrada, os massoretas levantaram a pronúncia tradicional do texto de consoantes
(o hebraico não tinha vogais), graças a um sistema de pontuação inventado para
atender a acentuação vocálica. Obra do século
IV da nossa era.
Septuaginta
(LXX) – Esta é uma tradução do
original hebraico do Antigo Testamento para o grego. Foi feita em Alexandria/Egito, entre os séculos III
e I a.C., por diversos tradutores.
Latim
Antigo – Usamos esta denominação para distinguir dos manuscritos
posteriores, como os da Vulgata. Estes
manuscritos já existiam ao final do II século d.C. Suas traduções são da LXX e chegaram até nós
muito fragmentadas.
Vulgata Latina – Feita ao final do século IV d.C., por Jerônimo. Ele fez três traduções do livro de Salmos,
sendo que a segunda é que foi adotada.
Sua tradução do Antigo Testamento, a princípio, deixou de lado os livros
apócrifos, por não desejar que os mesmos fossem incluídos em sua versão, embora
já houvesse traduzido os livros de Judite e Tobias. Ao final, estes livros foram adicionados,
fazendo parte da Vulgata. Esta foi a
Bíblia oficial durante toda a Idade Média, na Europa ocidental. Existem cerca de oito mil manuscritos da
Vulgata
Siríaco Peshitta – Foi traduzida do hebraico, no II século d.C. e era o texto padrão
dos cristãos sírios. Posteriormente
houve uma revisão, pela LXX.
Hexapla Siríaca – Foi traduzida com base na LXX de Orígines, pelo bispo de Tela, em
617 d.C. Este manuscrito foi bastante
estudado no exame da LXX, em virtude de ter preservado as notas críticas do
original grego de Orígines.
Copta
(egípcio) – São quatro as versões do Antigo Testamento nesta língua. A versão conhecida como saídica ou tebaica
foi preparada no século II d.C., no sul do Egito, com base na LXX. No século IV d.C., no norte do Egito, foi
preparada a versão boárica ou menfítica.
Com poucos fragmentos, conhece-se também as versões fayúmica e akhmímica.
Versões Menores – Foram traduzidas para o gótico, etíope e o armênio, no século IV
d.C.
NOVO TESTAMENTO –
Latim Antigo
– Foi produzida no fim do século II d.C., provavelmente na África. Existe a forma africana e européia. A européia, ou itálica, serviu como uma das
bases da Vulgata de Jerônimo, quanto ao Novo Testamento. A africana foi usada por Cipriano. A versão em Latim Antigo é um importante
testemunho do tipo de texto anterior ao Textus Receptus.
Diatessaron
– Preparada em grego cerca de 160 d.C. e traduzida para o siríaco. Tratava-se basicamente de uma harmonia dos
evangelhos de autoria de Taciano.
Siríaco Antigo – Traz este nome para não ser confundida com a versão Peshitta
posterior, que era a versão popular em siríaco.
Essa versão existe nos manuscritos sinaítico e curetoniano.
Peshitta
– É uma tradução para o siríaco, do fim do século IV d.C. Seu cânon é composto por apenas 22 livros,
não trazendo os textos de 2Pe, 3Jo, Jd e Ap.
Copta –
São conhecidas cinco versões do Novo Testamento em copta ou egípcio. A versão saídica é a mais antiga e apareceu
no sul do Egito no século II d.C. Do
norte do Egito veio a versão boárica e tornou-se a versão dominante, pois é
representada por um número maior de manuscritos. As outras versões são a fayúmica, a akhmímica
e a do Egito Médio.
Armênia
– É do final do século V d.C. e tem sua base numa fonte cujo texto tinha
similaridade com os manuscritos gregos Q, 565 e 700. Afasta-se muito dos melhores manuscritos
gregos, aproximando-se do Textus Receptus.
Há 1.244 cópias dessa versão.
Geórgia
– Seu manuscrito mais antigo é o Adysh, de 897 d.C. É possível que essa tradução tenha sua origem
do texto armênio. Era a Bíblia da
Geórgia.
Vulgata Latina – Preparada por Jerônimo, ao final do século V, é uma revisão dos
manuscritos mais antigos. Tornou-se o
texto latino do Novo Testamento. A
partir do Concílio de Trento, 1546, é considerado o texto oficial da Igreja
Católica Romana. Cerca de oito mil
manuscritos da Vulgata apresentam uma mistura de tipos textuais, visto suas
adições, exclusões e contaminações, feitas por muitos escribas através dos
séculos.
Versões Secundárias – Destacamos a gótica, etíope, eslavônica, árabe e
persa.
Outras Versões – Mesmo antes da Reforma Protestante houve muitas traduções da Bíblia
para as diversas línguas faladas. Em
1382, com John Wycliff, teve início a Bíblia inglesa, com base na Vulgata
Latina; por isso inclui também os livros apócrifos. Em 1280 e 1400 surgiram porções da Bíblia em
português (veja artigo sobre a Bíblia em Português). Mas somente com a Reforma Protestante é que a
Bíblia começou a ser traduzida para o inglês, alemão, francês, italiano,
espanhol, português e outras línguas européias.
Para obter-se uma obra, para que não fosse volumosa, então mais cara, os
tradutores procuravam produzir o texto com economia de palavras, perdendo em
muito o significado das línguas originais.
Isso foi corrigido em tempo e começaram a surgir traduções mais fieis ao
texto original, sem preocupação com economia de palavras. Destas novas traduções
destacamos a Amplified New Testament, da Zondervan Publishing House; The New
Testament de Charles B. Williams e The New Testament, an Expanded Translation,
de Kenneth S. Wuest. Outras traduções tornaram-se
importantes: A Bíblia de Tyndale, traduzida em 1525 diretamente do hebraico e
grego. A Versão do Rei Tiago (King
James), baseada na Bíblia de Tyndale, sob a encomenda do Rei Tiago, surgiu em
1611 e popularizou-se entre os países de língua inglesa. The American Standard Revised Bible, lançada
por ingleses e americanos em 1901, sendo uma espécie de revisão da versão do
Rei Tiago. A partir de 1804, com a
British and Foreign Bible Society surgiram as modernas Sociedades Bíblicas que
muito vêm contribuindo para a divulgação da Bíblia.
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