Gente como eu teve o privilégio de nascer em uma
cidade de frente para o mar. Mas sei que
muitos nunca sequer colocaram os olhos numa praia – e para não fugir do jargão
comum: não sabem o que estão perdendo! E mais: é preciso ver para crer!
Estou bem ciente que João no final de seu
Apocalipse observa que diante da Jerusalém escatológica o mar já não existe
(confira em Ap 21:1). Mas tal palavreado
técnico se refere a outro assunto. Penso
depois, em outro momento, falar também sobre ele.
Então, voltemos ao mar imenso. E como ele é fascinante!
Estou me lembrando agora de um garoto de nossa
igreja lá em Dracena – interior de São Paulo onde tive a oportunidade de também
pastorear, cidade distante mais de meio dia de viagem do mar. Ele jamais tinha visto uma praia e vivia me
dizendo que se morasse numa cidade como Aracaju ia a praia todo dia. Eu achava interessante sua disposição e
geralmente lhe respondia:
— Isto é
na primeira semana. Depois você se
acostuma e arruma mais o que fazer. E a
vida simplesmente segue...
Eh! Talvez este seja exatamente o problema: nasci
aqui e com certeza já fui a praia incontáveis vezes. Já fui de manhã cedo ver o sol nascer. Já fui com o sol a pino. Já vi o dia se findar olhando o mar. Já fui com calor e frio (e nem sei se isso
acontece mesmo por aqui). Já fui também
em dia com chuva. Já fui apenas tomar
banho, ou conversar. Já fui jogar bola
na areia. E sei lá quantas outras vezes
e sob quais outras circunstâncias. Então,
a gente se acostuma e arruma mais o que fazer. E a vida simplesmente segue...
Então acaba guardando o fascínio pelo mar em alguma
gaveta esquecida da alma. O brilho nos
olhos fica fosco. E o seu som perde eco
e se esvazia.
Mas de vez em quando o mar imenso insiste em se
mostrar. Futuca quem esteve quieto. Quebra suas ondas no espírito adormecido. Acaricia a face com o toque suave de sua
brisa. Traz à tona impressões
longínquas. E insiste misturar tudo num
caldeirão de memórias e ideias. O mar
tem destas coisas!
Então me pego mais uma vez embevecido pelo fascínio
do mar. Ele não é apenas grande. Ele é imenso. É desafiante. Tem contornos de mistério – mas é maravilhoso.
Sim, é claro que alguns argumentarão que o mar pode
causar medo e arrepios. Também impõe
perdas e separações, e por vezes irreparáveis.
Mas nada embaça seu fascínio.
Pois pense bem a partir daqui:
— Você
sabe que na praia de Atalaia, olhando bem de frente, do outro lado está a
África! Mas meus olhos não alcançam.
Pois então, com os olhos dispersos no mar imenso, como
diria o Chico Buarque, meio até remoçando, me pego cantando sem mais nem
porque...
E que mais posso dizer? Se o mar imenso é assim,
imagine quem o criou!
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