Uma das lembranças musicais que
tenho de minha infância é ouvir uma velha gravação na voz de Feliciano Amaral. Ele cantava Ao Meu Redor – lembro até o chiado do vinil. Se tem algumas memórias que são preciosas,
esta sem dúvida alguma é uma delas. Não
sei até que ponto a lembrança é fidedigna à realidade dos fatos, pois ela está
naquele grupo de memórias que valem mais pelo que simbolizam do que pelo que
apontam. Então vai merecer sempre o
registro.
Eu resolvi trabalhá-la em nosso
coral aqui em Aracaju. Então me pus a
procurar um arranjo na internet (ou pelo menos uma partitura original que me
ajudasse). Assim ocupei algumas horas
(sim, horas!) com esta música. Valeu a
pena com certeza.
A gravação de Feliciano Amaral é
de 1961 na obra A Sombra da Cruz – e eu achei o áudio na internet. Ouvi-la novamente só reascendeu as boas
lembranças.
Já sabia que ela tinha sido
regravada por Luiz de Carvalho (se não me engano em 1963), mas descobri que o
grupo Vencedores por Cristo, ainda sob a batuta de Jaime Kemp, também a gravou
em 1968 e, depois disso, outras gravações se sucederam: de Carlinhos Felix a Shirley
Carvalhaes. É um verdadeiro clássico.
Mas todas elas são versões. Se minhas pesquisas estiverem certas, a
canção original intitulada My God is Real é do americano Kenneth
Morris. Eu a achei gravada na voz de Mahalia
Jackson. Não sei se é a primeira
gravação, e o que posso dizer é que, embora as lembranças de Feliciano Amaral
me sejam muito caras, mas a interpretação daquela negra americana é sublime e
incomparável. Merece ser ouvida
repetidas vezes.
Assim diz o refrão original:
Yes, God is real
Oh, He's real in my soul
Yes, God is real
For He has washed
And made me whole
Yes, God is real
For He has washed
And made me whole
Sei que a versão em língua
portuguesa não foi absolutamente literal e tem o seu valor, mas ouvir aquela
mulher cantado que o seu Deus é real em sua alma pois ele a lavou e a fez
inteira atrai-nos para mais perto deste Deus.
Note que entender a língua inglesa até ajuda mais não é
indispensável. Ela canta com a alma e de
lá faz ecoar sua música até a nossa alma (os negros norte-americanos apropriadamente
chamam isso de soul).
Bem, agora me sinto a alma mais
enriquecida com as duas versões, cada uma com seu lugar em meu baú de tesouros
musicais: Ao Meu Redor com Feliciano
Amaral e My God is Real com Mahalia
Jackson.
Só mais duas coisas antes de
terminar. Reconheço cada dia mais a rica
herança dos negros americanos para nossa fé e tradição cristão-evangélica –
depois quero escrever mais sobre eles. E
quanto à partitura, ainda não a achei.
Nenhum comentário:
Postar um comentário