sexta-feira, 7 de novembro de 2014

AO MEU REDOR

Uma das lembranças musicais que tenho de minha infância é ouvir uma velha gravação na voz de Feliciano Amaral.  Ele cantava Ao Meu Redor – lembro até o chiado do vinil.  Se tem algumas memórias que são preciosas, esta sem dúvida alguma é uma delas.  Não sei até que ponto a lembrança é fidedigna à realidade dos fatos, pois ela está naquele grupo de memórias que valem mais pelo que simbolizam do que pelo que apontam.  Então vai merecer sempre o registro.
Eu resolvi trabalhá-la em nosso coral aqui em Aracaju.  Então me pus a procurar um arranjo na internet (ou pelo menos uma partitura original que me ajudasse).  Assim ocupei algumas horas (sim, horas!) com esta música.  Valeu a pena com certeza.
A gravação de Feliciano Amaral é de 1961 na obra A Sombra da Cruz – e eu achei o áudio na internet.  Ouvi-la novamente só reascendeu as boas lembranças.
Já sabia que ela tinha sido regravada por Luiz de Carvalho (se não me engano em 1963), mas descobri que o grupo Vencedores por Cristo, ainda sob a batuta de Jaime Kemp, também a gravou em 1968 e, depois disso, outras gravações se sucederam: de Carlinhos Felix a Shirley Carvalhaes.  É um verdadeiro clássico.
Mas todas elas são versões.  Se minhas pesquisas estiverem certas, a canção original intitulada  My God is Real é do americano Kenneth Morris.  Eu a achei gravada na voz de Mahalia Jackson.  Não sei se é a primeira gravação, e o que posso dizer é que, embora as lembranças de Feliciano Amaral me sejam muito caras, mas a interpretação daquela negra americana é sublime e incomparável.  Merece ser ouvida repetidas vezes.
Assim diz o refrão original:
Yes, God is real
Oh, He's real in my soul
Yes, God is real
For He has washed
And made me whole
Sei que a versão em língua portuguesa não foi absolutamente literal e tem o seu valor, mas ouvir aquela mulher cantado que o seu Deus é real em sua alma pois ele a lavou e a fez inteira atrai-nos para mais perto deste Deus.  Note que entender a língua inglesa até ajuda mais não é indispensável.  Ela canta com a alma e de lá faz ecoar sua música até a nossa alma (os negros norte-americanos apropriadamente chamam isso de soul).
Bem, agora me sinto a alma mais enriquecida com as duas versões, cada uma com seu lugar em meu baú de tesouros musicais: Ao Meu Redor com Feliciano Amaral e My God is Real com Mahalia Jackson.
Só mais duas coisas antes de terminar.  Reconheço cada dia mais a rica herança dos negros americanos para nossa fé e tradição cristão-evangélica – depois quero escrever mais sobre eles.  E quanto à partitura, ainda não a achei.

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