Estava ouvindo o radio enquanto dirigia aqui em Aracaju numa estação dita evangélica(!). Gosto de fazer isso – é interessante, mesmo que sempre me sinta na necessidade de colocar uma exclamação ou algo parecido no adjetivo usado. Um dia vou falar mais sobre o tema.
Mas, voltando ao que comecei a dizer, estava
ouvindo o rádio do carro quando o locutor-apresentador-bispo (sei lá o que ele
é) insistiu em repetir que, por estarmos vivendo dias proféticos, o carnê da campanha deveria se quitado.
Duas questões me ocorreram então. Em primeiro lugar, já em casa enquanto
almoçava, conversei sobre qual a relação entre os tais dias proféticos e o
carnê quitado da campanha. Depois de
algumas hipóteses, cada uma mais esdrúxula que outra, chegamos à conclusão que
só nos restava a ignorância. Mesmo com
todo o tempo de igreja, algumas leituras completas da Bíblia, a ajuda
inestimável de mulher e filho na reflexão em casa e a formação acadêmica em
Teologia devo confessar que ainda não consigo fazer a ponte entre estes dias, o
carnê e a Bíblia. Então resolvi deixar
para lá...
Mas ainda tem a outra questão: o que são dias
proféticos? Seriam os dias em que as profecias se cumprem? Ou quando elas são
proferidas? E quais profecias? Elas são gerais para a igreja? Ou específicas
para alguns cristãos em particular?
Como no caso citado também não tenho respostas, resolvi
fazer um inventário de expressões que têm se tornado moda em nosso universo
evangélico brasileiro – termos que andei recolhendo na internet, no rádio e
principalmente em vários púlpitos por aí.
É comum ouvir falar de: atos proféticos, louvor profético, adoração profética, ritual profético,
unção profética, visão profética, palavra profética, intercessão profética, olhar
profético, coração profético, choro profético, bênção profética, dança
profética, avivamento profético e por aí vai. Alguns eu até posso desconfiar do que se
trata, embora, na sua absoluta maioria, não os veja citados na Bíblia – o que
para mim é o mais importante.
Virou padrão acrescentar adjetivos assim às
expressões, mesmo que vazios de significados, pois o importante parece ser o
efeito de marketing que produz. E as nossas igrejas vão se contaminando com
esse tipo de penduricalhos, mas carentes de vida cristã e compromissos espirituais
autênticos, ressequidas sem a água que só pode ser bebida na Palavra. E acabam comendo areia como se fosse bife.
Repito o que já disse várias vezes e em vários contextos
diferentes. Não tenho nem o direito e
nem a propriedade para julgar ninguém; muito menos quem se diz falar em nome do
Senhor (afinal isso é profecia), mas não sei se estou ficando ranzinza ou démodé ou se há algo realmente muito
errado com isso tudo!
O que posso afirmar com convicção é que profecia
mesmo é ter coragem de transformar nosso tempo em dias proféticos clamando que o machado já está posto à raiz das árvores,
e toda árvore que não der bom fruto será cortada e lançada no fogo
(palavras de João Batista em Lc 3:9). Nem
que isso nos custe o pescoço.
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Boa palavra. Deus o abençoe.
ResponderExcluirAmém, querido.
ExcluirToda a glória seja ao Senhor da profecia.
Abs
Bom blog - muito abençoado!
ResponderExcluirObrigado, querido,
ExcluirA glória seja ao Cristo.