Depois de um discurso duro, que o
evangelho de João apresenta no capítulo seis, muitos dos seguidores do Mestre o
deixaram. Jesus tinha proposto uma
completa encarnação de seu projeto de Reino de Deus a partir da ilustração do
pão. As palavras foram: Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Se alguém comer deste pão viverá para sempre
(toda a argumentação de Jesus como o pão está em Jo 6:25-59 e as palavras
citadas estão no verso 51).
Realmente estas palavras foram
muito duras para os ouvidos do seu público naquele dia – inclusive alguns que
tinham sido alimentados na primeira multiplicação de pães (o milagre está
narrado logo antes em Jo 6:1-14). Infelizmente há alguns assim ainda entre nós: quanto
o tema é milagre, bênção, suprimento, providência e fidelidade divina
prontamente se apresentam como seguidores de Cristo; mas na hora da encarnação,
de comer a carne, do compromisso...
Bem, estes não me interessam por
hora. Vamos observar com mais cuidado aqueles
que não o abandonaram; os que, mesmo diante da dureza das palavras de Cristo, ainda preferiram ficam com ele. E note mais: o que já era duro, piorou.
Diante dos poucos que restavam ali, Jesus adicionou uma inevitável necessidade
de confirmação: Vocês também não querem
ir? (no verso 67). Ao que Pedro
respondeu devolvendo com um questionamento quase retórico: Senhor, para quem iremos? (no verso 68).
Destas palavras de Pedro, aponto pelo menos três convicções apostólicas. Em
primeiro lugar, embora o caminho seguido por Jesus e proposto aos discípulos
seja nitidamente mais estreito e dificultoso, somente ele leva a vida,
somente ele chega a algum lugar.
Certamente ter um fim recompensador faz as agruras da travessia mais
suportáveis! (a relação entre caminho estreito e final feliz foi proposta pelo
próprio Cristo em Mt 7:13-14).
A segunda convicção clara expressa
por Pedro é que a mensagem cristã pode ser dura, mas é a única verdadeira e
coerente, a única que tem conteúdo relevante para a vida. Por mais que aquelas palavras sejam
incômodas, somente por elas a existência faz sentido! (Mateus já havia notado que as multidões
estavam perplexas com o conteúdo significativo de Jesus no final do Sermão do
Monte em Mt 7:28-29).
Uma última certeza que posso citar
na resposta de Pedro é que a companhia de Jesus mostra-se por vezes muito exigente, mas
somente ele é verdadeiramente o divino ao nosso lado, somente ele é Deus
conosco em pessoa. Mesmo pelas pedras do
caminho posso ter absoluta certeza de que nunca estarei sozinho, pois a bendita
companhia está ao meu lado! (lembre-se que nas últimas palavras de Jesus no evangelho
de Mateus são uma promessa assim – Mt 28:20).
Antes de concluir esta reflexão, deixe-me ainda de sugerir que leia as palavras de Jesus em Jo 14:6 e anote um
paralelo bem sugestivo entre os destaques da convicção extraída da resposta de Pedro
e a garantia de que Cristo é certamente para nós caminho, verdade e vida.
Assim concluo: diante do imperativo cristão de
verdadeira e exclusiva encarnação do compromisso com Jesus, seu Reino e suas
palavras, para quem iremos? Como
trilharemos com segurança? Como trazer
sentido à vida? Quem irá conosco? Que eu possa responder com a mesma convicção
apostólica.
Dependendo de quem faça essa pergunta, a resposta será fácil de se apresentar.
ResponderExcluirO sinceros que almejamos servir a Deus, não vemos outra possibilidade a não ser seguir a Jesus Cristo.
Os que almejam riquezas e poder seguem qualquer um que lhes ofereça aquilo que anseiam.
Dc.Henri.
Querido Henri,
ResponderExcluirO que Cristo espera de seus discípulos é que almejem segui-lo com sinceridade e não por interesses. A questão que se nos apresenta é exatamente: em qual grupo estamos?
Obrigado pelo comentário e um abraço.