sexta-feira, 16 de setembro de 2011

PARA QUEM IREMOS?


Depois de um discurso duro, que o evangelho de João apresenta no capítulo seis, muitos dos seguidores do Mestre o deixaram.  Jesus tinha proposto uma completa encarnação de seu projeto de Reino de Deus a partir da ilustração do pão.  As palavras foram: Eu sou o pão vivo que desceu do céu.  Se alguém comer deste pão viverá para sempre (toda a argumentação de Jesus como o pão está em Jo 6:25-59 e as palavras citadas estão no verso 51).
Realmente estas palavras foram muito duras para os ouvidos do seu público naquele dia – inclusive alguns que tinham sido alimentados na primeira multiplicação de pães (o milagre está narrado logo antes em Jo 6:1-14).  Infelizmente há alguns assim ainda entre nós: quanto o tema é milagre, bênção, suprimento, providência e fidelidade divina prontamente se apresentam como seguidores de Cristo; mas na hora da encarnação, de comer a carne, do compromisso...
Bem, estes não me interessam por hora.  Vamos observar com mais cuidado aqueles que não o abandonaram; os que, mesmo diante da dureza das palavras de Cristo, ainda preferiram ficam com ele.  E note mais: o que já era duro, piorou.  Diante dos poucos que restavam ali, Jesus adicionou uma inevitável necessidade de confirmação: Vocês também não querem ir? (no verso 67).  Ao que Pedro respondeu devolvendo com um questionamento quase retórico: Senhor, para quem iremos? (no verso 68).
Destas palavras de Pedro, aponto pelo menos três convicções apostólicas.  Em primeiro lugar, embora o caminho seguido por Jesus e proposto aos discípulos seja nitidamente mais estreito e dificultoso, somente ele leva a vida, somente ele chega a algum lugar.  Certamente ter um fim recompensador faz as agruras da travessia mais suportáveis! (a relação entre caminho estreito e final feliz foi proposta pelo próprio Cristo em Mt 7:13-14).
A segunda convicção clara expressa por Pedro é que a mensagem cristã pode ser dura, mas é a única verdadeira e coerente, a única que tem conteúdo relevante para a vida.  Por mais que aquelas palavras sejam incômodas, somente por elas a existência faz sentido!  (Mateus já havia notado que as multidões estavam perplexas com o conteúdo significativo de Jesus no final do Sermão do Monte em Mt 7:28-29).
Uma última certeza que posso citar na resposta de Pedro é que a companhia de Jesus mostra-se por vezes muito exigente, mas somente ele é verdadeiramente o divino ao nosso lado, somente ele é Deus conosco em pessoa.  Mesmo pelas pedras do caminho posso ter absoluta certeza de que nunca estarei sozinho, pois a bendita companhia está ao meu lado! (lembre-se que nas últimas palavras de Jesus no evangelho de Mateus são uma promessa assim – Mt 28:20).
Antes de concluir esta reflexão, deixe-me ainda de sugerir que leia as palavras de Jesus em Jo 14:6 e anote um paralelo bem sugestivo entre os destaques da convicção extraída da resposta de Pedro e a garantia de que Cristo é certamente para nós caminho, verdade e vida.
Assim concluo: diante do imperativo cristão de verdadeira e exclusiva encarnação do compromisso com Jesus, seu Reino e suas palavras, para quem iremos?  Como trilharemos com segurança?  Como trazer sentido à vida?  Quem irá conosco?  Que eu possa responder com a mesma convicção apostólica.

2 comentários:

  1. Dependendo de quem faça essa pergunta, a resposta será fácil de se apresentar.

    O sinceros que almejamos servir a Deus, não vemos outra possibilidade a não ser seguir a Jesus Cristo.

    Os que almejam riquezas e poder seguem qualquer um que lhes ofereça aquilo que anseiam.

    Dc.Henri.

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  2. Querido Henri,
    O que Cristo espera de seus discípulos é que almejem segui-lo com sinceridade e não por interesses. A questão que se nos apresenta é exatamente: em qual grupo estamos?
    Obrigado pelo comentário e um abraço.

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