Eu nasci lá pelos idos do final da
década de '60 do século passado.  O
Brasil estava vivendo o endurecimento do regime de exceção com a aprovação de
uma nova constituição militar.  Nos anos
da infância vivi o boom do milagre
brasileiro e do "ame-o ou deixe-o", e só mais tarde me falaram das
guerrilhas e resistências.  Depois, já
saindo da adolescência, testemunhei a redemocratização e a nova república.  Vieram os cara-pintadas e o país seguiu em
frente...
Sobre o Brasil, por muito tempo de
me repetiram a ladainha que é o país do futuro, que somos de terceiro mundo, e
que corrupção e burocracia imperam nestas plagas.  Sempre disseram que o povo é bom, mas as
elites...  E, vai ver, eles até estavam
certos.
Mas, olhando bem, meu Brasil
brasileiro é a terra dos negros gaúchos e dos loiros da Bahia.  Do povo trabalhador do planalto central, da
indústria amazonense e da mata carioca. 
Do relógio de pulso de Santos Dumont e da fronteira agrícola do mundo.  Dos aviões de última geração e do
feijão-com-arroz do bolsa-família.  De
Villa-Lobos nas favelas do Recife e de Ary Barroso no Municipal de São
Paulo.  Tudo isso é Brasil.  E como é ser daqui!
Neste caldeirão então meu conceito
de brasilidade foi forjado.  Não foi um
processo de todo natural, teve suas idas e vindas.  Contudo, nem em momentos sombrios, me ocorreu
escolher sonhar com outro povo, outra terra, outra nação.  Sou brasileiro!
Assim, aprendi não somente a amar
este chão, compreendi também que ser brasileiro é construir com discurso e ação
a nação que meu filho vai herdar.  Ser brasileiro
é principalmente sempre levantar clamores aos céus por esta terra amada.  E tenho certeza que minhas preces não foram
as únicas neste Brasil cristão.  Por isso,
acredite pela fé: Deus tem ouvido e respondido as orações do seu povo.  
Mas cuidado: não vou trilhar pela
doutrina do destino manifesto.  Este
conceito de que Deus nos escolheu para ser cabeça do mundo é excludente,
preconceituoso, e o pior, empobrece o amor universal divino.  Mas é verdade que enquanto reconstruímos essa
pátria com nossas preces, lutas e esforços, o Senhor Jesus vai nos concedendo
ver uma nova nação sendo estabelecida.
Então, para concluir vou reafirmar:
tenho sim orgulho do meu Brasil brasileiro, esta terra de biodiversidade
singular e de gente fenomenal; país onde está plantada minha estimada Aracaju e
onde as mazelas vão sendo consertadas. 
Tenho orgulho porque nós brasileiros aprendemos a incrível arte de nos
reinventar, e prosseguir, apesar do que um dia já fomos, ou nos impuseram, pois
fé e determinação nunca nos faltaram.  
Por isso continuo orando e trabalhando
pelo Brasil.  E lhe convido: estenda a
sua mão, sua vontade e sua prece junto comigo.

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