Dizem os poetas que a primavera é a estação das cores,
dos amores e das paixões, é a estação em que os pássaros retomam seu canto e
que a vida volta a florescer. Há sempre
esperanças no ar, pois o frio inverso já se foi e a roda da existência continua
a girar.
Mas eu sou nascido no Nordeste
brasileiro, e continuo vivendo por aqui.
Por estas terras a descrição do parágrafo anterior mais parece definição
teórica de livros. É apenas uma
descrição de um quadro idílico e abstrato.
Nesta terra a coisa é diferente.
Neste pedaço do Brasil, e
principalmente no sertão, conhecemos a estação das chuvas e a da falta delas;
do verde e do seco; do sol inclemente e das noites amenas; do vento quente e da
brisa suave. Mesmo morando numa capital
litorânea e tendo meu trabalho pessoal e urbano desvinculado do ciclo das chuvas,
ainda assim, as estações do ano são muito mais uma referência no calendário que
mudanças climáticas.
Sei que estas verdades
circunstanciais são para mim muito caras, pois moldam minha própria
existência. Contudo, sei que a vida é
mais que isso.
Por outro lado, tenho consciência
que a ciência moderna colocou a primavera – junto com o arco-íris – no
laboratório, dissecando-a de toda a sua poesia e apresentando-a como processo
objetivo e previsível. E nestes tempos
de climagate, estudos
técnico-científicos não faltam sobre as mais variadas óticas.
Também sei que estudos sérios de
cunho científicos muito nos enriquecem intelectual e culturalmente ajudando
a trazer uma vida melhor. E reconheço
que inclusive com o texto bíblico há ganhos em tratá-lo com o melhor do
instrumental científico disponível. Mas
repito: a vida é mais que isso.
Ora, a Bíblia nem é nordestina nem
é produção acadêmica. É a Palavra de
Deus viva e eficaz que sempre me fala, quer sob o sol do sertão, quer sob o
microscópio do laboratório. Assim é que
a leio deixando-a falar por si só.
O livro do Gênesis me diz que, ao
fim do dilúvio, o Senhor procurou Noé e declarou que enquanto durar a terra as
estações do ano se sucederão (leia em Gn 8:22).
E diante de tais palavras eu creio que mais que um registro
histórico-científico (com certeza ele não tinha isto em mente), o autor sagrado
estava tratando de edificar minha fé ao me apresentar a promessa da certa
chegada da primavera de Deus depois do caos do dilúvio.
Então, com rápidas palavras deixe-me apontar o que este verso me diz. Em
primeiro lugar fala da estabilidade divina que ele imprime em sua criação (considere
Ml 3:6). Também me fala da garantia que
o próprio Deus dá para suas ações e em nada depende de ações e intenções
humanas (reconheça com Jó 42:2). E ainda
que a própria criação demonstra com suas cores e tons a infinita compaixão de
Deus por mim, sua criatura (compare o Sl 19:1-4 com Jo 13:1).
Por obra da graça e misericórdia
divina, a primavera de Deus vai chegar a minha vida e a minha gente, mesmo que
por hora nem estamos percebendo. Que eu
possa glorificá-lo por tal aliança, comprometendo-me com ela.
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