sexta-feira, 23 de setembro de 2011

COMEÇOU A PRIMAVERA


Dizem os poetas que a primavera é a estação das cores, dos amores e das paixões, é a estação em que os pássaros retomam seu canto e que a vida volta a florescer.  Há sempre esperanças no ar, pois o frio inverso já se foi e a roda da existência continua a girar.
Mas eu sou nascido no Nordeste brasileiro, e continuo vivendo por aqui.  Por estas terras a descrição do parágrafo anterior mais parece definição teórica de livros.  É apenas uma descrição de um quadro idílico e abstrato.  Nesta terra a coisa é diferente. 
Neste pedaço do Brasil, e principalmente no sertão, conhecemos a estação das chuvas e a da falta delas; do verde e do seco; do sol inclemente e das noites amenas; do vento quente e da brisa suave.  Mesmo morando numa capital litorânea e tendo meu trabalho pessoal e urbano desvinculado do ciclo das chuvas, ainda assim, as estações do ano são muito mais uma referência no calendário que mudanças climáticas.
Sei que estas verdades circunstanciais são para mim muito caras, pois moldam minha própria existência.  Contudo, sei que a vida é mais que isso.
Por outro lado, tenho consciência que a ciência moderna colocou a primavera – junto com o arco-íris – no laboratório, dissecando-a de toda a sua poesia e apresentando-a como processo objetivo e previsível.  E nestes tempos de climagate, estudos técnico-científicos não faltam sobre as mais variadas óticas.
Também sei que estudos sérios de cunho científicos muito nos enriquecem intelectual e culturalmente ajudando a trazer uma vida melhor.  E reconheço que inclusive com o texto bíblico há ganhos em tratá-lo com o melhor do instrumental científico disponível.  Mas repito: a vida é mais que isso.
Ora, a Bíblia nem é nordestina nem é produção acadêmica.  É a Palavra de Deus viva e eficaz que sempre me fala, quer sob o sol do sertão, quer sob o microscópio do laboratório.  Assim é que a leio deixando-a falar por si só.
O livro do Gênesis me diz que, ao fim do dilúvio, o Senhor procurou Noé e declarou que enquanto durar a terra as estações do ano se sucederão (leia em Gn 8:22).  E diante de tais palavras eu creio que mais que um registro histórico-científico (com certeza ele não tinha isto em mente), o autor sagrado estava tratando de edificar minha fé ao me apresentar a promessa da certa chegada da primavera de Deus depois do caos do dilúvio.
Então, com rápidas palavras deixe-me apontar o que este verso me diz.  Em primeiro lugar fala da estabilidade divina que ele imprime em sua criação (considere Ml 3:6).  Também me fala da garantia que o próprio Deus dá para suas ações e em nada depende de ações e intenções humanas (reconheça com Jó 42:2).  E ainda que a própria criação demonstra com suas cores e tons a infinita compaixão de Deus por mim, sua criatura (compare o Sl 19:1-4 com Jo 13:1).
Por obra da graça e misericórdia divina, a primavera de Deus vai chegar a minha vida e a minha gente, mesmo que por hora nem estamos percebendo.  Que eu possa glorificá-lo por tal aliança, comprometendo-me com ela.

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