Eu não era nascido ainda quando Jânio Quadro usou a vassoura como marketing de sua campanha política na década de 1960. Cheguei a conversar com meu avô sobre aqueles anos, li um pouco também e continuo achando impressionante como uma coisa tão simples pode carregar um simbolismo tão grande a ponto de colocar alguém na cadeira de Presidente da República.
A vassoura de Jânio prometia varrer a bandalheira
da política brasileira, contudo não chegou nem a concluir seu projeto – Jânio
foi eleito em 1960, tomou posse em janeiro de 1961 e renunciou em agosto, antes
de completar um ano de governo.
Mas vamos rebuscar a vassoura como parábola de uma
coisa que pode indicar a necessidade de vez-em-quando varrer a sujeira que
entulhamos em nossa vida. Assim como
numa casa, minha vida com frequência acumula poeira e lixo e precisa de uma
faxina.
Mas de vassoura na mão posso limpar a casa a fundo
ou de maneira superficial. Posso dar uma
passada displicente pelo meio da sala ou remexer nos móveis, dar atenção aos
cantos onde se acumulam teias de aranha e, claro, evitar a mal-fadada sujeira
embaixo do tapete.
Com a minha vida eu faço a mesma comparação. Junto entulho na alma, no coração, na mente. Isto enlameia o espírito, embaça os sonhos e
enferruja as ideias. Então é preciso
varrer minha vida.
Também com a minha vida, às vezes dou apenas uma
limpezinha disfarçada que não resolve nada.
Mas outras vou mais a fundo e me disponho a varrer e limpar cada canto
obscuro de minha vida, tirando dela todo resquício de imundície. Então me sinto novamente arejado, limpo e
santo.
E para terminar, a melhor maneira é citando o
Mestre Jesus Cristo, criticando a hipocrisia dos fariseus: "porque vocês
limpam o prato e o copo mas por dentro estão cheios de sujeira ... limpe
primeiro o interior" (tradução livre de Mt 23:25-26).
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