O culto
é uma prática comum ao ser humano. Em
todas as épocas e em todos os lugares é universal o culto prestado por homens e
mulheres aos seus deuses. Todas as
culturas conheceram os seus cultos. Para
nós, cristãos, a prática do culto é tão antiga quanto a revelação de Deus, que
remonta ao contato no Paraíso primordial. No Éden Deus já falava com o homem e este já o
cultuava. Durante o passar dos tempos, a
Revelação de Deus foi progredindo e culto foi se sofisticando. Da Revelação e do culto dos antigos devemos
aprender pois algumas lições.
Em
primeiro lugar o culto exigido por Deus é exclusivo. A ordem bíblica é direta: “porque não adorarás
a nenhum outro deus; pois o Senhor, cujo nome é Zeloso, é Deus zeloso (Êx
34:14). A exclusividade de Deus é
absoluta, ele é zeloso. Deus não divide
sua glória com ninguém. O culto a Deus
não pode ser dividido com reverência a nenhuma outra entidade ou pessoa – por
melhor que esta seja. Nem aqueles que
são enviados pelo próprio Deus merecem o nosso culto. Servos são servos e Deus é Deus, logo: o culto
só a Deus.
Este
zelo de Deus também implica em que somente a sua vontade é o que importa. Se o culto está agradando a minha vontade, ou
a vontade do pastor ou do diácono é secundário: o importante é se está no
agrado de Deus, a quem exclusivamente o culto é prestado. Às vezes nos preocupamos em que o culto seja
do agrado (ou conveniente) para que visitantes gostem dele, ou para que um
grupo de líderes ou jovens se sintam bem no culto; quando a nossa preocupação
primeira deveria ser se está agradando a Deus, se Deus está satisfeito com o
nosso culto.
Um
outro ponto a se considerar é que, para o culto, o fiel não pode se achegar de
qualquer jeito. Mais uma vez a instrução é bíblica: “Quem subirá ao monte do
Senhor, ou quem estará no seu lugar santo? Aquele que é limpo de mãos e puro de
coração; que não entrega a sua alma à vaidade, nem jura enganosamente” (Sl
24:3-4). Aquele que se dirige a Deus
para cultuar deve manter uma atitude de pureza interior e exterior, isto agrada
a Deus. Todo aquele que vem prestar um
culto deve ter consciência de que precisa conservar um caráter digno da
santidade de Deus – impureza, vaidade e engano não são aceitos na presença do
Eterno, logo devem ser confessados e deixados para que o culto possa ser
prestado.
Ainda
nesta linha de raciocínio, convém lembrar que mais importante do que os instrumentos
de culto que usamos são as mãos que se dispõem a cultuar. Um piano, ou um violão (bem como microfones ou
quaisquer outros instrumentos técnicos), podem ser extremamente úteis num
culto, mas não cultuam a Deus, pois somente homens e mulheres de mãos limpas e
coração puro o podem fazer, daí que o uso ou não desde ou daquele instrumento
não comprometem necessariamente um culto, mas sim quem – e como – presta o
culto a Deus.
Convém
lembrar que o culto é a expressão exterior daquilo que o fiel experimenta
internamente. Jesus falando à mulher de
Samaria lembrou-a que “os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e
em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem” (Jo 4:23). O
verdadeiro culto acontece primeiro no interior do crente, para depois se
externalizar na forma de hinos, orações ou qualquer outra forma que seja. Quando o culto exterior vem a acontecer é
porque já deve ter acontecido verdadeiramente no interior.
Lembremos
ainda as palavras de Paulo, que parecem ecoar junto com as do próprio Cristo,
quando nos fala de um culto racional (leia em Rm 12:1), ou seja de um culto que
resulte de um adorador consciente do que está fazendo e não como simples
reflexo de sensações – ou ainda como resultado de comoções coletivas. O culto deve ser o reflexo de uma vida que
sabe das responsabilidades e privilégios de se estar diante da presença augusta
do divino e ainda assim decide buscá-la para adorar.
Importante
ressaltar também que culto não é troca. Assim
como no amor em que “nós amamos, porque ele nos amou primeiro” (1Jo 4:19), não
pode haver um espírito de troca naquele que cultua. Cultuamos porque isto agrada a Deus e a nós
nos compete, e não para deste ato ganharmos qualquer crédito diante de Deus. O culto deve ser espontâneo e voluntário, e
não um comércio com o sagrado!
É claro
que não pretendíamos aqui esgotar o assunto, mas somente chamar a atenção para
alguns – entre outros – pontos que julgamos importantes. Certamente ainda há muito a ser dito e
voltaremos a eles oportunamente.
Para
finalizar convém apenas lembrar que Deus habita no meio dos louvores, o que
implica que através do culto nos introduzimos na habitação divina.
Escrevi este texto inicial já fazem quase 10 anos – quando ainda estava envolvido em minha formação acadêmica. Você pode encontrar um estudo teológico mais completo sobre o Culto Cristo no meu livro:
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