terça-feira, 11 de maio de 2021

VIDA EM COMUNHÃO – resenha – parte 3

 


Continuando nossa leitura do texto Vida em Comunhão (reveja a parte 1 e a parte 2), o próximo capítulo tratará da solidão diária.  Nesta liturgia comunitária a solitude representa não um momento de negação da fraternidade cristã, ou a busca de mistérios ocultos numa meditação apenas mística.  A solidão, que significa uma meditação solitária e silenciosa “nada mais significa do que estar à espera da Palavra de Deus”. 

E para demonstrar a relação íntima que deve haver entre o estar solitário na presença de Cristo e a vida em comunhão, Bonhoeffer apresenta um jogo de palavras que bem expressam esta relação entre a comunhão e a solidão:

A pessoa que não suporta a solidão deve tomar cuidado com a comunhão.

A pessoa que não se encontra na comunhão, que tome cuidado com a solidão.

Segundo o texto, a solidão diária do cristão deve significar um tempo necessário:

a) para meditar na palavra – consideremos que a Palavra de Cristo que foi pronunciada na liturgia comunitário logo cedo deve ocupar a mente dos cristãos durante toda a sua lide diária. 

b) para a oração – “também não é preciso que nos esforcemos na meditação em pensar e orar com palavras.  Pensar o orar em silêncio, que só brota do ouvir, pode, muitas vezes, ser mais proveitoso”.  Ou seja, uma coisa leva a outra – “a meditação na Palavra conduz à oração”. 

c) para a intercessão – este é o momento em que o cristão se coloca diante de Cristo apresentado os membros de sua comunidade que sofrem e que precisam da intervenção divina.  Nesta parte da solidão diária do cristão está expresso o seu serviço pelo próximo.  “Negar a intercessão ao próximo, é negar-lhe o serviço cristão”.

Mais uma vez Dietrich Bonhoeffer retoma o veio poético para finalizar o tema e o capítulo: “ao findar do dia, quem retorna à comunhão da família cristã traz consigo a bênção da solidão, e ele próprio recebe a bênção da comunhão”.

Chegando ao quarto capítulo, o tema a ser abordado é o serviço, quando a ênfase recairá sobre a mutualidade do serviço cristão.  A figura usada é de uma corrente com seus muitos elos.  A liturgia deve fomentar na comunidade cristã um senso de pertença que faça com que cada membro da comunidade se sinta indispensável ao serviço que a Igreja – como corpo atuante de Cristo no mundo – tem a executar no e para o mundo. 

Bonhoeffer afirma: “na comunidade cristã, tudo depende de que cada pessoa se transforme num elo indispensável de uma corrente (...) Toda comunhão cristã deve saber que não apenas os fracos necessitam dos fortes, mas também os fortes necessitam dos fracos.  A exclusão dos fracos é a morte da comunhão”.

Aqui deve-se entender que não somente “perdoar é um serviço que nos prestamos mutuamente todos os dias”, como também, “onde estes três serviços, ouvir, servir, suportar, são realizados de forma fiel, lá pode acontecer também o serviço mais elevado e sublime: servir com a Palavra de Deus”. 

Então, Bonhoeffer afirma aqui que na comunidade cristã não deve haver superioridade hierárquica que implique em privilégios para alguns e subserviência de outros, pois a “autoridade poimênica só encontrará aquele servo de Jesus que não buscar autoridade própria, mas que, sujeito à autoridade da Palavra, é um irmão entre irmãos”.

 

Leia mais sobre essa resenha:

Parte 1 - link 

Parte 2link 

Conclusãolink

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