Se fôssemos listar os heróis da fé do século XX, como fez o autor aos Hebreus, certamente o nome do alemão Dietrich Bonhoeffer deveria constar ali. Sua contribuição e testemunho para a fé cristã foi inestimável.
Dietrich Bonhoeffer nasceu em 04/02/1906 em Breslau na Alemanha junto com sua irmã gêmea Sabine, oitavo filho de Karl Ludwig, um médico psiquiatra e neurologista de renome e de Paula von Hase, filha de um pastor-capelão do imperador da Prússia.
(Leia um pouco mais sobre a biografia de Bonhoeffer no seguinte link).
Foi, porém, na experiência de Finkenwalde, com o seu Seminário clandestino para formação de pastores da Igreja Confessante Alemã que Bonhoeffer deixou transparecer toda a sua concepção de liturgia engajada na vida comunitária da igreja e da sociedade.
Após a divisão da Igreja Alemã, os líderes da Igreja Confessante – ramo contrário à política nacional-socialista dos cristãos alemãs – sentiram a necessidade de criar um Seminário onde os jovens vocacionados pudessem se preparar para as tarefas pastorais naqueles tempos de incerteza nazista.
O Seminário foi criado em 26 de abril de 1935 ficando sob a responsabilidade de Dietrich Bonhoeffer a sua condução. A primeira observação sobre o seminário foi que ele representou a vitória sobre a tentação da Igreja Alemã de sucumbir às propostas do Reich e do Führer de fazer da Igreja o braço da política alemã.
Discorrendo sobre a tentação em si, é o próprio Bonhoeffer quem observa:
Também nós vamos com ele [Jesus], cada um individualmente e juntos com a Igreja ao pé da Cruz, isto quer dizer, sob o véu. Mas também aqui não podemos fazer outra coisa senão reconhecer que nosso reino não é deste mundo. Amém.
Em outras palavras, o Seminário de Finkenwalde representou a oposição de parte considerável da Igreja na Alemanha “primeiramente a toda falsa segurança e, em seguida, a toda falsa timidez diante da tentação” – nas palavras de Bonhoeffer.
Assim Dietrich Bonhoeffer se envolveu no projeto do Seminário – primeiro considerado apenas como extraoficial e depois realmente como ilegal – por acreditar que nele haveria de se manifestar coerentemente a liturgia da comunhão que havia pregado para os jovens alemães em suas prédicas e aulas.
E desta experiência surgiu em 1939 o que texto que o próprio Bonhoeffer tratou no prefácio como “trabalho em conjunto”: o pequeno livro Vida em Comunhão onde haveria de refletir sobre as experiências nos dias de Finkenwalde, a vida cristã em comum ali vivida e também “oferecer uma ajuda para esclarecer a teoria e de como pô-la em prática”.
Leia uma resenha do livro "Vida em Comunhão" -
A ilegalidade temporal praticada em prol da legalidade eterna do Reino de Deus é exemplo de ética em tempos sombrios. Parabéns pelo texto!
ResponderExcluirSão exemplos como o de Bonhoeffer em fazer com que o "último" sempre seja prioridade sobre o "penúltimo" quando se trata do compromisso cristão que nos fazer saber que estamos no caminho do Reino de Deus.
ExcluirAbr.